A Estratégia Saúde da Família (ESF) figura como um cenário estratégico para trabalhar com pessoas em sofrimento psíquico, dada a proximidade e o vínculo passíveis de serem estabelecidos com famílias e comunidades. Um desafio importante para a saúde mental na ESF relaciona-se com as situações de adoecimento desencadeadas pela miséria e pelas ocorrências de violência enfrentadas no território, que impactam sobremaneira no processo saúde-doença da comunidade, desdobrando-se em dificuldades afetivas, emocionais e relacionais entre os seus membros. Objetivo: relatar a experiência de oficinas educativas sobre a temática “Saúde Mental” com profissionais que atuam na Atenção Primária à Saúde (APS) de Viçosa e região, participantes de um Projeto de Educação Permanente (PEP). Trata-se de um relato de experiência inscrita em um projeto de extensão universitária que se propõe trabalhar com Educação Permanente junto a profissionais da APS de Viçosa e municípios adjacentes. Tal experiência se deu no período de maio a julho de 2016, cuja temática saúde mental foi escolhida pelos participantes do PEP, em virtude dos desafios que vivenciam neste campo de atuação. Optou-se pelas oficinas educativas como estratégia metodológica, sendo realizadas três oficinas sobre o tema, perfazendo uma por mês. Num primeiro momento buscou-se entender quais eram as reais demandas trazidas pelos participantes em relação ao assunto. No segundo encontro, em virtude de um diagnóstico feito no primeiro, foi abordada a saúde mental dos próprios profissionais diante do contexto que atuam. No último encontro a atividade foi baseada em uma casuística envolvendo demandas de saúde mental a serem refletidas e respondidas pelos profissionais. Durante as oficinas evidenciou-se um despertar dos profissionais para a necessidade de reflexão e apropriação do tema e do seu próprio estado de saúde mental, partindo do pressuposto de que para prestar o cuidado há que se estar bem consigo mesmo. Foi unânime no grupo que o contexto em que atuam, perpassado por mazelas sociais e relações interpessoais tensionadas com a equipe fragilizam substancialmente a saúde mental dos trabalhadores da saúde. A discussão da casuística revelou que mesmo em regiões distintas os problemas são semelhantes, propiciando um despertar sobre como conduzir possíveis situações, bem como a identificação de como cada núcleo de saber profissional deve se implicar e enfrentar os desafios da saúde mental na APS. O presente relato reitera a importância da educação permanente em saúde para os profissionais que dela participam. Em virtude de trabalhar questões oriundas dos nós críticos relacionados à temática saúde mental vivenciados na prática profissional, as oficinas possibilitaram aos participantes refletirem criticamente sobre si mesmos, bem como sobre suas ações diante dos dilemas cotidianos relacionados ao tema discutido.
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