ResumoO objetivo deste trabalho consiste em analisar as feiras coloniais e agroecológicas do município de Chapecó-SC verificando em que medida estas permitem a produção para o autoconsumo das famílias de agricultores e, consequentemente, sua contribuição nos aspectos relacionados à segurança alimentar e nutricional (SAN). O estudo justifica-se pelas contribuições que pode dar às ações e políticas de segurança alimentar e nutricional e de desenvolvimento rural. Trata-se de pesquisa transversal, descritiva, com abordagem qualitativa, valendo-se, ainda, de métodos quantitativos para expressar os resultados. O estudo foi conduzido com sete agricultores que comercializam em três feiras no município de Chapecó-SC. A coleta de dados ocorreu entre dezembro de 2014 e janeiro de 2015, por meio de entrevistas semiestruturadas e análise de dados, com estatística descritiva e análise de conteúdo. Os resultados evidenciam que a prática de autoconsumo é recorrente entre os agricultores feirantes. Assim, conclui-se que as famílias dos agricultores, ao participarem das feiras, constituindo circuitos curtos agroalimentares, estão dentro dos parâmetros da SAN pela prática de autoconsumo, uma vez que têm acesso facilitado a alimentos de qualidade, diversificados e em quantidade suficiente para a família. Ao mesmo tempo, as feiras mostraram-se uma importante estratégia de geração de renda. Palavras-chave:Autoconsumo. Segurança alimentar e nutricional. Cadeias curtas agroalimentares.Feira de produtos coloniais e agroecológicos.
Este artigo apresenta o Índice de Condições de Vida (ICV), uma metodologia que possibilita a representação das mudanças percebidas pelo público-alvo das ações que vêm sendo implementadas nos territórios rurais. O foco deste instrumento está na percepção que osindivíduos têm sobre suas condições de vida. É baseado na Abordagem das Capacitações de Amartya Sen e pretende captar não apenas os meios, mas também os fins do desenvolvimento. O instrumento foi aplicado em 37 territórios rurais do Brasil. Os resultados aqui apresentados se referem ao TerritórioRural Zona Sul do Rio Grande do Sul, no qual foram realizadas entrevistas em 10 setores censitários rurais, de 09 municípios,totalizando280 famíliaspesquisadas entre outubro e dezembro de 2010.O referido território apresenta um ICV de 0,585, correspondente a um nível médio de condições de vida. A percepção dos entrevistados acerca dos efeitos do desenvolvimento são melhores (0,644) em relação às características e aos fatores que o desencadeiam (0,576 e 0,544, respectivamente). Isso indica que, segundo a percepção das famílias,embora os meios não sejam os mais apropriados, estas mobilizam um arcabouço de ações que tornam os fins do desenvolvimento mais próximos do que almejam. Enfim, os resultados da primeira aplicação do instrumento do ICV demonstram que esta metodologia instrumentaliza a Abordagem das Capacitações de Amartya Sen e possibilita captar uma diversidade de percepções em determinado momento, as quais podem ser comparadas com um momento posterior, a partir do qual torna-se possível buscar explicações para a complexidade e diversidade das realidades territoriais.
O processo de modernização da agricultura, sobretudo no Brasil, imprimiu sobre o território, novos usos, e pressionou muitos agricultores familiares a encontrarem novas alternativas de produção e geração de renda. O debate acerca do reconhecimento do papel dos circuitos curtos de comercialização, promovidos por agricultores familiares, sua capacidade de promover novos usos do território, e seus reflexos sobre o desenvolvimento rural, está inserido neste contexto de exclusão e surgem como uma alternativa ao modelo padrão de tecnificação do espaço rural. Assim, serão apresentados a seguir, dois exemplos de circuitos curtos de comercialização existentes em Santa Catarina, indicando como estes circuitos promovem novos usos do território. Os casos referidos dizem respeito aos mercados promovidos pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), bem como às feiras livres de Chapecó. Com tais exemplos, pretendemos chamar atenção para a importância de diferentes formatos de circuitos curtos de comercialização, os quais demonstram inicialmente, estarem promovendo usos agrícolas e não agrícolas no espaço rural, agregando às dinâmicas locais de desenvolvimento, capacidades potencializadoras da base de recursos através da diversificação produtiva e da geração de renda. Isso implica no reconhecimento e fortalecimento de um espaço rural mais diversificado e sustentável econômica, social e ambientalmente.
This article presents a discussion concerning the territorial development thematic related to the question of power and management geographic scales. The concept of local/regional territorial development is employed, in order to point out power and management relations of a territory, in a local/regional scale, as well as its interaction with actors of others scales. Thus, at a first moment, it will be established a discussion about territorial development beyond the contribution of institutional thickness and the collective territorial innovation in these processes. In a second moment, this discussion will be related to the geographical scales thematic, and as this can contribute for the studies referring to the territorial dynamics of the development. At last, it will be presented in a synthetic form, an empirical study to demonstrate as the scales methodology can help to understanding of the territorial dynamics of the development.
Short marketing circuits and territorial rural development policies emphasize the importance of the reconnection between food production and consumption, with repercussions on the food security and sovereignty of local populations. For this, we analyzed official documents of the Program for the Sustainable Development of Rural Territories, the Citizenship Territories Program, the Territorial Development Plans, as well as field research on projects carried out in three rural territories and citizenship in the South of Brazil. From this analysis, it is possible to think of the strengthening of short circuits as the mechanism to promote rural territorial development.
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