Moçambique é historicamente conhecido por ser um território de escoamento da produção do hinterland da África Austral, principalmente dos seus vizinhos África do Sul, Suazilândia, Zimbabwe e Malawi. Esse longo processo de extraversão teve início no período colonial, quando o governo português negociou com as colônias vizinhas a construção das três redes ferroviárias de Moçambique, e foi diretamente impactado pela geopolítica regional dos anos 1980, caracterizada por um embate entre o socialismo moçambicano e o regime sul-africano do apartheid. Atualmente, com a reabertura econômica pós-guerra, novos (ou não tão novos) parceiros econômicos investem nos sistemas técnicos de transporte de Moçambique, de modo que África do Sul, China e Brasil continuam a reforçar o caráter historicamente extravertido da circulação de mercadorias moçambicana.
Moçambique faz fronteira com 6 países da África Austral: África do Sul, Suazilândia, Zimbabwe, Zâmbia, Malawi e Tanzânia. Ao longo dessa faixa de fronteira, inúmeros distritos (unidade administrativa do território moçambicano) refletem as diferentes dinâmicas existentes entre Moçambique e seus vizinhos: o comércio e a imigração, o isolamento e a integração, os corredores de transporte e as infraestruturas precárias; tudo isso em um ambiente predominantemente rural. As fronteiras moçambicanas seriam, assim, um bom exemplo da unidade e da diversidade dos territórios que a integração da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) supõe.
Pelos cabos submarinos de fibra ótica passa, hoje, a quase totalidade do tráfego de internet em escala mundial. A profusão destes cabos pelos principais oceanos passa também pelo Atlântico Sul, onde atualmente estão instalados, ou em projeto, 4 cabos conectando diretamente o Brasil à África. Uma análise das rotas selecionadas sugere, porém, a continuidade geográfica de um longo processo histórico de integração territorial que se iniciou de maneira violenta com o tráfico de escravos ainda no século XVI. Da mesma maneira, foram sempre alguns poucos agentes privados, apoiados por Estados-nacionais, os principais operadores desta integração, que apesar de inicialmente violenta hoje se insere no assim denominado processo de Cooperação Sul-Sul.Palavras-chave: Cabos submarinos, integração territorial, Brasil-África, Atlântico Sul.
A história da Internet, no Brasil e no mundo, é indissociável da história da comunidade científica. Neste sentido, ao se pensar a integração informacional do território brasileiro com o exterior, é imprescindível ter em mente tanto o papel desempenhado pelas redes acadêmicas, quanto a importância de infraestruturas como cabos (sobretudo submarinos) de fibra ótica neste processo. Assim, o presente trabalho busca compreender a construção da integração informacional das redes acadêmicas brasileiras com as Américas e a África, tendo como base a articulação entre seus aspectos técnicos e políticos.
A circulação interna de mercadorias no território moçambicano: um país sobre rodas ResumoMoçambique é historicamente conhecido por ser um território voltado ao seu exterior, tanto por escoar a produção da hinterland da África Austral (como seus vizinhos África do Sul, Suazilândia, Zimbabwe e Malawi), como pelo antigo direcionamento da economia do país para a exportação da produção interna. Ainda que o atual modelo dos chamados "mega projetos" continue a estimular essa lógica extravertida, desde a independência do país, em 1975, o governo moçambicano vem reunindo esforços na tentativa de integrar seu território e configurar uma economia eminentemente nacional. Tal tarefa cabe, no que tange à circulação de mercadorias, ao modal rodoviário, através de inúmeras rodovias (quase nunca pavimentadas), de instrumentos normativos e instituições regulatórias voltados ao transporte rodoviário de cargas, e de diferentes operadores de transporte (desde empresas até motoristas autônomos e transportadores informais). Assim, com base na proposta de Milton Santos de compreender o espaço geográfico a partir de suas dimensões técnicas e político-normativas, este artigo busca fornecer um quadro atualizado da circulação interna de mercadorias em Moçambique. Palavras-chave:Moçambique, transporte rodoviário, circulação de mercadorias, fluidez territorial. Abstract THE INTERNAL CIRCULATION OF GOODS IN MOZAMBICAN TERRITORY: A COUNTRY ON WHEELSMozambique is historically known for being a territory turned to its exterior, both because it drains the Southern African inner production (especially its neighbors 14. GeoTextos, vol. 13 n. 2, dezembro 2017. A. Jesus Neto. 13-35.South Africa, Swaziland, Zimbabwe and Malawi) and because its economy has long been directed to the exportation of its domestic production. Even though the current "megaprojects" model stills follows this extraverted logic, since the country's independence in 1975 the Mozambican government has been making an effort to integrate the territory and set up a national economy. When it comes to the circulation of goods, this task depends on road transport by means of numerous roads (mostly unpaved), normative instruments, regulatory institutions and various transport operators (such as companies, autonomous drivers and informal carriers). Thus, based on Milton Santos' proposal to understand the geographical space through its technical and political-normative dimensions, this article attempts at providing an updated framework for the inner circulation of goods in Mozambique.
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