O debate sobre mudança estrutural voltou ao ambiente acadêmico estimulado pelas transformações decorrentes da intensa mudança tecnológica nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, as quais vêm afetando as noções prevalecentesDesconcentração Territorial e Reestruturação Regressiva da Indústria no Brasil: padrões e ritmos
Resumo O artigo apresenta uma análise da reestruturação produtiva na indústria e sua expressão territorial entre 1996-2015. Tendo como referência a questão regional brasileira, conclui pela continuidade do movimento de desconcentração das atividades industriais baseando-se em dados demográficos e de produtividade industrial numa perspectiva territorial multiescalar: macrorregiões, estados e microrregiões. Alerta, entretanto, sobre razões para se preocupar: a) a desconcentração ocorre em contexto de redução de relevância da atividade industrial; b) a desconcentração é mais evidente em ramos de atividade pouco intensivos em tecnologia e conhecimento, com baixa produtividade e mais atrelada a setores voltados para o processamento de recursos naturais e intensivos em mão de obra; e c) a atividade industrial ainda se mantém especialmente firme nas chamadas aglomerações industriais relevantes do Sudeste e Sul do país.
Apresenta estudo sobre a dinâmica territorial da indústria, para isso recorre-se à análise da localização da aglomeração industrial, de sua evolução no tempo, de seus tamanhos de população e de emprego. As duas modalidades de aglomerações industriais (doravante denominadas AIRs e AIPs) serão apresentadas e investigadas.
O estudo tem como objetivo estimar montantes de investimento nas microrregiões geográficas das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, escala territorial preferencial da Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR). Para tal, baseia-se, fundamentalmente, em séries de dados de crédito público dos bancos regionais de desenvolvimento – Banco da Amazônia (Basa), Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e Banco do Brasil (BB) para a região Centro-Oeste – e dos desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ao investimento. O período de cobertura de dados é de 2002 a 2019. As estimativas elaboradas permitem identificar e avaliar a direção – no território e ao longo das últimas duas décadas – tomada pelos recursos dos principais bancos públicos de desenvolvimento do país. Desse modo, tornando-se mecanismo de identificação de fluxos de gastos de investimento e de reorientação de trajetórias, bem como de mitigação de efeitos concentradores de empreendimentos estimulados pela política regional.
O artigo analisa a desconcentração da indústria e seus rebatimentos no território nacional entre 1996 e 2015, utiliza um conjunto de indicadores, tais como valor de transformação industrial, produtividade da indústria e índice de Theil de desigualdade para cinco grupos de indústrias, definidos segundo o fator competitivo predominante. Conclui-se pela continuidade do movimento de desconcentração regional de atividades industriais. Contudo, sublinha que há também razões para se preocupar: uma é que a desconcentração ocorre em ambiente de perda de relevância da atividade industrial e outra é que a desconcentração se verifica de modo mais significativo em ramos intensivos em recursos naturais e em trabalho, setores tradicionais com baixa capacidade de produção e difusão de progresso técnico.
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