Tendo como ponto de partida os hábitos alimentares regionais e os contextos em que tais alimentos são produzidos e consumidos, busca-se neste texto problematizar a abordagem teórica dos sítios simbólicos de pertencimento, ainda de pouca circulação no Brasil. A partir de dados empíricos relacionados aos hábitos alimentares e das festividades organizadas em torno do consumo de alimentos originários do saber-fazer dos agricultores, analisa-se a presença na região oeste de Santa Catarina de dois Sítios Simbólicos de Pertencimento. Um deles formado pelos descendentes de imigrantes europeus (italianos, alemães e poloneses). O outro pelos caboclos, população pré-existente à chegada dos colonos. Os caboclos foram excluídos de suas terras para dar lugar àqueles. Estabelecem-se comparações entre a noção de Sítio com outras noções, em especial com a de habitus de Bourdieu e a de economia substantiva de Karl Polanyi. Dentre as conclusões sublinha-se que a noção de sítios simbólicos de pertencimento oferece recursos ao estudar o homo situs como animal territorial. No caso analisado, tem-se um território partilhado com duas territorialidades, marcadas por processos históricos distintos, a inclusão pela colonização, para um grupo e a exclusão para outro grupo. A escolha do idioma da comida como fio condutor permitiu traçar o homo situs apontando as peculiaridades, a processualidade e os desdobramentos dos entrecruzamentos das histórias.
Este artigo tem por objetivo demonstrar os retrocessos por parte do Governo Federal quanto ao entendimento do conceito de agricultura familiar a partir de meados do ano de 2016. O conceito de agricultura familiar, que parecia cristalizado desde o início da década de 1990, vê-se em torno de um novo entendimento que retrocede à ideia de pequeno produtor, pequena produção, superada há três décadas pela sociedade brasileira. A realização deste estudo apoiou-se na abordagem qualitativa, caracterizando-se como um ensaio teórico. Por meio de uma pesquisa bibliográfica foi analisada a literatura a respeito, bem como as medidas legais e ações políticas do Executivo Federal em relação à agricultura familiar no País. A reestruturação do Governo Federal a partir de maio de 2016 resultou na extinção do MDA. Esta medida, por sí só, representa que a agricultura brasileira a partir de então será tratada da mesma forma pelo Governo Federal, neste caso sob a tutela do MAPA. Outra medida é a criação do termo Unidade Familiar de Produção Agrária (UFPA) por meio do Decreto Presidencial 9.064/2017, que reduz a agricultura familiar somente à ideia de produção agropecuária. Trata-se de uma forma simplista de delinear toda diversidade presente no conceito de agricultura familiar, pois para além de um território produtivo, o rural se coloca como um espaço de vida. É possível concluir, que há uma série de medidas e ações do Governo Federal a partir de maio de 2016 destinadas a um “novo” entendimento do conceito de agricultura familiar. Tal percepção retrocede no tempo e simplifica um conceito complexo e amplo construído há muitas mãos durante décadas. O conceito de agricultura familiar é marcado por continuidades e rupturas, contudo uma ampla movimentação em torno desse debate se faz necessário para garantia, especialmente no que tange a políticas públicas diferenciadas.
Este trabalho objetiva observar a percepção do ambiente por moradores da zona de amortecimento de uma Unidade de Conservação (UC) do Oeste de Santa Catarina, o Parque Estadual das Araucárias, assim como compreender os principais problemas que os afetam, além de destacar a importância da participação desses residentes para a conservação da biodiversidade. Além disso, buscou-se, também, identificar os aspectos positivos e negativos que a Unidade de Conservação representa para essas comunidades, para que, a partir disso, possam ser tomadas ações voltadas à Educação Ambiental e realizados novos programas de conservação ambiental. Foram analisados dados sobre a unidade e o ambiente com a finalidade de proporcionar ferramentas para a conservação e elementos de qualificação de planejamento e gestão. A Unidade de Conservação fica localizada entre os municípios de Galvão e São Domingos, na Bacia Hidrográfica do Rio Chapecó. Ao total foram realizadas 16 entrevistas em seis diferentes comunidades. Dos dados da pesquisa sobre a Unidade de Conservação, seis dos entrevistados já ouviram falar na palavra UC, porém dez desconhecem o termo científico da palavra. Sobre a percepção ambiental, poucos moradores souberam definir o que é ambiente, relacionando-o com a preservação. Os dados da pesquisa representam a delicada situação dessa UC, porém, é preciso compreender como as comunidades locais percebem o ambiente em que estão vivendo e quais são os problemas por eles enfrentados para que, a partir disso, a relação entre os envolvidos seja fortalecida e para que os objetivos da unidade sejam alcançados.
Uma das fronteiras entre os colonizadores e a população local foi a religiosa. O “catolicismo antigo”, o catolicismo popular, não encontrava amparo no catolicismo romanizado. A religião constitui-se em campo com disputas pelas crenças, concepções de vida. Por muitos anos esse “catolicismo antigo” não tinha plena acolhida entre católicos e pentecostais. Nas últimas décadas, fração da igreja católica, através da pastoral cabocla, mostrou-se sensível, incorporando e legitimando as práticas culturais com estatuto de catolicismo popular. Esse movimento, ao contrário daquele do início da colonização, incentivou e organizou festas dos santos cultuados popularmente. Esse movimento espalhou-se a outras comunidades caboclas, inclusive, além do município de Chapecó.
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