A violência psicológica é definida como ação com o intuito de degradar ou controlar ações, crenças, comportamentos, autoestima e decisões de outra pessoa, através de manipulação, intimidação, ameaças de forma indireta ou direta por meio de humilhações, exploração, discriminação, isolamento ou qualquer outra prática que cause prejuízo à saúde psicológica, ao desenvolvimento pessoal e autodeterminação 1 . Essa forma de violência dentre todas as outras, é a mais difícil de ser identificada pois encontra-se em atitudes que aparentemente não são relacionadas com violência, mesmo sendo muito frequente 2 . O presente estudo tem como objetivo analisar os números de casos de violência psicológica em mulheres no estado de Goiás. Trata-se de um estudo ecológico retrospectivo quantitativo, cujos dados foram extraídos do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), por meio do Sistema de Informação de Agravos de Notificação, a partir dos casos confirmados de violência psicológica no período entre 2015 e 2018 no estado de Goiás. As variáveis coletadas foram: número de casos notificados, sexo, faixa etária, violência sexual e estupro. Durante o período analisado foram registrados um total de 4.886 casos de violência psicológica, podendo destacar que houve um predomínio de casos deste tipo de violência no sexo feminino, totalizando 80,55% (n=3.936) dos casos. No ano de 2015, foram registrados os maiores números com 1.045, seguido pelo ano de 2018 com 1.105 casos, em 2017 foram 966 e 820 em 2016. Em relação à faixa etária, o maior número de casos notificados foi entre 20 a 29 anos, totalizando 24,54% (n=966), enquanto o menor número foi em crianças menores de 1 ano, com 1,16% (n=46) dos casos. As mulheres vítimas de violência psicológica que também sofreram violência sexual totalizaram 23,67% (n=932) dos casos notificados, e mulheres que sofreram violência psicológica, sexual e estupro foram 19,53% (n=769) dos casos. Quanto à faixa etária, o menor número de casos ser em crianças <1 ano, justificase devido as condições referente a subnotificação 3 . Em relação aos anos, observou-se que entre os anos 2015 e 2016 houve uma queda nos números de casos notificados, e logo em sequência nos anos de 2017 e 2018 ocorreu um aumento, podendo essa ser devido a estratégias públicas de enfrentamento a violência à mulher durante esse último período 4 . Além disso, foi possível analisar que uma quantidade significativa de casos de violência psicológica também sofreram violência sexual e estupro. Observou-se que no estado de Goiás a violência psicológica no sexo feminino corresponde à maioria dos casos notificados, esse fato pode ser considerado pensando em um reflexo de uma sociedade ainda no modelo machista, que pratica diversas formas de violência contra mulheres 5 . Assim, o presente estudo possibilita alertar quanto à necessidade de ações governamentais e não governamentais que incentivem a denuncia em casos de violência psicológica,