Resumo Reconhecendo que as travestis enfrentam discriminação por conta da sua identidade de gênero, gerando com isso processos de adoecimento e sofrimento próprios de estigmas associados, o estudo teve por objetivo analisar e compreender as vivências de travestis acerca da atenção à saúde no SUS em Teresina-PI. Para o desenho metodológico, realizou-se pesquisa qualitativa, em que participaram seis travestis que residem em Teresina, e que de forma direta ou indireta acessam os serviços de saúde. As participantes foram selecionadas pela técnica metodológica Snowball, e a coleta dos dados se deu através de grupo focal. O Método de Interpretação de Sentidos foi utilizado para análise, tratamento e interpretação dos fenômenos sociais. Como resultado e discussão, foram identificadas as categorias: fragilidades no atendimento e especialização do cuidado. O trabalho considerou a necessidade de mais integração entre os diversos segmentos sociais e os serviços de saúde, a qualificação dos profissionais para garantir o acolhimento às travestis e a urgência de se refletir sobre o caráter discriminatório dos serviços especializados implantados pelo SUS, ainda que sejam uma possibilidade de porta de entrada delas ao órgão de saúde.
PALAVRAS-CHAVE-Educação Médica.-Atenção Básica.-Minorias Sexuais. RESUMO Introdução: A populaçãoLGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) está inserida em um contexto peculiar com relação ao grau de vulnerabilidade à saúde, trazendo desafios para a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) enquanto sistema universal, integral e equitativo. Com isso, as práticas médicas para implementação de ações direcionadas ao cuidado LGBT podem contribuir de forma substancial para a melhoria da qualidade do acesso aos serviços básicos de saúde, porém perpassam a formação e o ensino médicos. Objetivo: Analisar a formação médica para assistência à saúde da população LGBT, na perspectiva de médicos que atuam na atenção básica. Métodos: Trata-se de uma pesquisa de caráter exploratório e descritivo, de análise qualitativa, sendo considerados sujeitos-chave 14 médicos que atuam na atenção básica. Para isto, utilizou-se a entrevista semiestruturada para a coleta e o Método de Interpretação dos Sentidos para a produção dos dados. Resultados: Emergiram duas categorias, sendo que a primeira trouxe a importância da construção do saber médico-científico para a saúde LGBT, apontando as deficiências desde a formação curricular do curso de Medicina até as capacitações que deveriam ser ofertadas pelos serviços. Já a segunda categoria mostrou o delineamento das fragilidades no cotidiano do cuidado à saúde LGBT, apontando as realidades na assistência à saúde LGBT nas unidades de saúde. Conclusão: Percebe-se a urgência na divulgação e implementação da Política Nacional de Saúde LGBT como ferramenta efetiva para promover os direitos humanos entre os profissionais médicos desde a graduação até a atuação profissional. REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MÉDICA 43 (1) : 23 -31 ; 2019 24 Flávia Rachel Nogueira de Negreiros et al. http://dx.ABSTRACT Introduction: The LGBT (Lesbian, Gay, Bisexual, Transvestite and Transsexual) population is inserted in a very specific context, in terms of their degree of vulnerability to disease, bringing challenges for the consolidation of the Sistema Único de Saúde (SUS) as a universal, integral and equitable system. Thus, medical practices for the implementation of actions aimed at the care of LGBT can contribute substantially to improving the quality of access to basic health services, but first, health practitioners must undergo medical education and training. Objective: To analyze the medical training for health care of the LGBT population from the perspective of primary care physicians. Methods: This is an exploratory, descriptive study, with qualitative analysis. The key subjects were 14 physicians who work in Primary Care. Semi-structured interviews were used for the data collection, and the Meanings Interpretation Method was used to produce the data. Results: Two categories emerged; the first highlighted the importance of the construction of medical-scientific knowledge for LGBT health, pointing out deficiencies, from the curricular training of the medical course through to the training offere...
Este estudo teve como objetivo investigar a percepção de médicos de Unidades Básicas de Saúde de Teresina, considerada uma das mais homofóbicas capitais brasileiras, sobre o acesso e qualidade da atenção à população LGBT. Trata-se de uma análise qualitativa de discurso sobre entrevistas semiestruturadas com profissionais médicos de sete unidades de saúde selecionadas por sorteio entre as 22 existentes na cidade e fundamentada no método hermenêutico-dialético. Quatro principais categorias analíticas emergiram: 1. Percepção confusa entre universalidade e equidade, 2. Patologização e percepção de anormalidade na condição, 3. Negação de barreira ao acesso e imputabilidade da ausência de procura do serviço aos próprios sujeitos, e 4. Baixa demanda do grupo LGBT ou invisibilidade da condição. Conclui-se que um dos principais desafios à implementação da política nacional de saúde dirigida a esta população continua sendo os estigmas e preconceitos incorporados nas subjetividades dos profissionais, os quais dificultam a compreensão de direitos e as razões da existência de políticas compensatórias.
O objetivo do estudo aqui apresentado foi analisar os sentidos atribuídos por agentes comunitários de saúde acerca do cuidado em saúde para as populações LGBT. O método baseia-se numa abordagem de pesquisa qualitativa, por meio de entrevistas semiestruturadas com quinze agentes comunitários de saúde da Estratégia Saúde da Família de uma capital no Nordeste brasileiro. Os dados foram analisados a partir do método de interpretação de sentidos. Entre os principais resultados, destacaram-se dois grandes blocos: (i) demandas de saúde das populações LGBT; e (ii) atuação profissional junto às populações LGBT. A saúde das populações LGBT, especialmente na atenção básica, é uma complexa questão que não tem recebido a devida atenção por parte da formação, gestão e da atenção em saúde como um todo. Dessa forma, a atuação problematizadora desse trabalho coletou relatos, identificou problemas e questões e, consequentemente, por intermédio das percepções dos agentes comunitários de saúde, identificou as violências,negações e discriminações que vivenciam parcelas das populações LGBT nas unidades de saúde, espaços que deveriam oferecer cuidado equânime e integral.
Este artigo está publicado em acesso aberto (Open Access) sob a licença Creative Commons, que permite uso, distribuição e reprodução em qualquer meio, sem restrições, desde que o trabalho seja corretamente citado. DIVERSIDADE DE GÊNERO E ACESSO AO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDEGender diversity and access to the Unified Health System Diversidad de género y el acceso al Sistema Único de Salud Breno de Oliveira FerreiraUniversidade Estadual do Piauí -UESPI -Teresina (PI) -Brasil José Ivo dos Santos PedrosaUniversidade Federal do Piauí UFPI -Parnaíba (PI) -Brasil Elaine Ferreira do NascimentoFundação Oswaldo Cruz -FIOCRUZ -Parnaíba (PI) -Brasil RESUMO Objetivo: Apreender as dimensões do acesso e da atenção integral na rede do Sistema Único de Saúde (SUS) na perspectiva da diversidade de gênero. Métodos: Pesquisa exploratória, com abordagem qualitativa, realizada em Unidades Básicas de Saúde vinculadas à rede de Atenção Básica, em Teresina, Piauí, Brasil, da qual participaram (n=19) lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT). Os dados foram coletados no ano de 2016, através de quatro grupos focais e por meio da questão norteadora "Como vocês gostariam de ver o acesso, a qualidade e o modo de organização das ações e serviços a serem ofertados para a população LGBT?", e foram analisados por meio da análise de conteúdo. Resultados: Emergiram quatro categorias interpretativas, uma para cada grupo estudado: Atendimento ginecológico às lésbicas; O gay afeminado nos serviços de saúde; Em busca da equidade para as travestis; O nome social para as mulheres transexuais no SUS. As lésbicas informaram que enfrentam barreiras no acesso aos serviços de saúde e no atendimento ginecológico; para os gays, o acesso é fragilizado para aqueles afeminados; já para as travestis, a equidade do cuidado, através de ambulatórios específicos, foi apontada como estratégia importante; e, para as mulheres transexuais, o uso do nome social deveria ser incorporado na rotina dos serviços de saúde. Conclusão: Há uma emergência no acesso às redes de atenção à saúde integral da população LGBT, com o intuito de promover a inclusão em seus diversos equipamentos sociais, promulgar o respeito e facilitar práticas de equidade.Descritores: Minorias Sexuais; Acesso aos Serviços de Saúde; Assistência à Saúde. Teresina, Piauí, Brazil, with (n=19) lesbians, gays, bisexuals, transvestites and transsexuals (LGBT) ABSTRACT Objective: To understand the dimensions of access to and comprehensive care in the Unified Health System (Sistema Único de Saúde -SUS) from the gender diversity perspective. Methods: Qualitative exploratory research carried out in Primary Health Care centers of the Primary Health Care network in
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