Resumo: Temos como objetivo, no presente artigo, apontar aspectos epistêmicos presentes na violência obstétrica. Para isso, apresentaremos o conceito de injustiça epistêmica proposto por Miranda Fricker e como tem sido utilizado para reflexões sobre as práticas de saúde na literatura de epistemologia social. Posteriormente, nos deteremos em analisar relatos de casos de violência obstétrica bem como um caso de esterilização forçada, examinando o Relatório Final da CPMI acerca da incidência de esterilização em massa de mulheres no Brasil e artigos científicos que descrevem casos de violência obstétrica. Com isso, buscamos apontar que há um aspecto epistêmico em tais violações e que uma mudança na distribuição de credibilidade pode ser relevante para o enfrentamento à violência obstétrica.
O presente volume é um resultado complementar da IX Conferência de Epistemologia Social, realizada virtualmente ao longo do mês de Novembro de 2021, e visa dar continuidade aos esforços de desenvolvimento e consolidação da área de Epistemologia Social no Brasil. É particularmente importante ampliar e democratizar esse debate, posto que temas centrais da área têm, com frequência, fundamentado debates públicos sobre questões de interesse comum, seja na esfera social ou na esfera política. Temas como fake news, pós-verdade, bolhas epistêmicas, câmaras de eco, lugar de fala, epistemicídio, conversação etc., têm demandado um olhar epistemológico mais dedicado, e a Epistemologia Social possui ferramentas para lidar de modo mais especificamente filosófico com tais questões. Aqui temos um resultado direto desse esforço e traz contribuições de grande importância para a área, com trabalhos de pesquisadores e pesquisadoras que compuseram os painéis da IX CES e também outros trabalhos de pesquisadores e pesquisadoras que despontam no cenário filosófico brasileiro com contribuições relevantes para as tarefas urgentes e necessárias da Epistemologia Social.
In this brief comment, I aim to engage with Sandy Goldberg’s fruitful discussion of the doctrine of epistemic partiality in friendship (EPF), as it appears in his new book Conversational Pressure: Normativity in Speech Exchanges (2020), and to explore a seemly small distinction that I think could complicate things for the way Goldberg sees the pressures that are put on us when we are confronted with speech acts that come from or relate to friends of ours. If my distinction is shown to be successful, I believe it will impact the efficacy of Goldberg’s response to EPF. My main argument focuses on the way Goldberg argues against EPF and the tension it supposedly creates with the demands of epistemic rationality. I believe that Goldberg’s argument fails to capture an important distinction between our epistemic behaviors in the face of a friend’s say-so and our epistemic behaviors when we encounter third-party reports about a friend. I’ll argue that the route from the valuing of friendship to the epistemic reasons in support of differential doxastic outcomes when our friends are involved is not satisfactory, given that it involves what I see to be an unauthorized move from our desire to preserve a friendship to a differential doxastic reaction when someone reports negatively about our friends.
Este trabalho tem como propósito principal discutir duas propostas epistêmicas diferentes, ambas sob o título de confiabilismo. A primeira delas, o confiabilismo simples desenvolvido por Alvin Goldman, tem como objetivo central oferecer uma caracterização adequada do elemento justificacional presente na definição tradicional de conhecimento. A proposta de Goldman tem como desafio inicial responder apropriadamente à demanda gettieriana apresentada alguns anos antes, além de corrigir alguns problemas mais centrais que afetaram sua teoria causal do conhecimento. No entanto, a proposta externalista do confiabilismo simples de Goldman enfrentou alguns ataques sérios à sua noção de justificabilidade. Três desses ataques se tornaram mais célebres na literatura recente: o problema da generalidade, o problema da metaincoerência e o problema do novo gênio maligno. Cada uma a seu modo estabeleceu desafios reais à proposta confiabilista inicial. A segunda teoria confiabilista que iremos discutir consiste em uma reformulação da proposta goldmaniana, na figura do confiabilismo das virtudes – ou perspectivismo das virtudes, desenvolvido e defendido princicpalmente por Ernest Sosa, em uma série de trabalhos bastantes influentes na epistemologia contemporânea. Nestes trabalhos, Sosa foi capaz de inserir a noção de virtudes intelectuais no debate epistemológico recente, trazendo para o centro do debate externalista uma ideia de formação responsável de crenças, ao mesmo tempo em que tentou responder apropriadamente aos desafios mais centrais enfrentados pelo confiabilismo original. Na primeira parte do artigo apresentaremos a primeira dessas teorias para, logo em seguida, na segunda parte, oferecer um tratamento da reformulação sosiana da proposta confiabilista e uma defesa dessa proposta como mais adequada para lidar com algumas das demandas básicas de uma teoria da justificação apropriada.
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