Na primeira metade do século XX, iniciou-se no Brasil um movimento de preceitos higienistas, no qual se combinavam a medicina e a engenharia sanitária. Isso resultou na formulação de uma política pública direcionada ao saneamento do país, iniciada na década de 1930 e implementada, a partir da década de 1940, pelo Departamento Nacional de Obras de Saneamento (DNOS). A Baixada Fluminense foi uma das principais áreas de atuação dessa política que se desdobrou nas ações de dragagens, entulhamento, retificação de rios e córregos, além da abertura sistemática de canais e barras oceânicas, procedimentos esses que provocaram consideráveis impactos nos diversos ecossistemas da região, entre os quais a bacia hidrográfica da Lagoa Feia e o sistema das lagunas de Maricá. O objetivo deste artigo é evidenciar o modo como tais intervenções, no âmbito das políticas públicas do saneamento da baixada litorânea fluminense, feitas pelo DNOS, contribuíram não apenas para afetar profundamente os ecossistemas costeiros, sua gestão e manejo tradicionais, mas, além disso, e sobretudo, para desestabilizar a economia da região, com consequências para as populações dos assentamentos de pescadores, tanto na Lagoa Feia quanto na Lagoa de Maricá.
Atafona é uma praia situada no norte do estado do Rio de Janeiro, Brasil. É ali que deságua o rio Paraíba do Sul, depois de percorrer centenas de quilômetros e cruzar três estados federativos. Ao longo do século XX, Atafona constituiu-se como balneário de uma elite regional, que ali ergueu suas casas de veraneio e viveu o lugar, por mais de quatro gerações, como um ambiente de lazer, encontros, festas e sociabilidades diversas. Na segunda metade do século XX, observou-se o início do avanço das águas do mar em direção à área construída de Atafona. O mar avançou e começou a “engolir” as casas, as ruas e as quadras do local. A paisagem transformou-se paulatinamente em uma exposição de ruínas. Este ensaio apresenta imagens das ruínas de Atafona, captadas em momentos distintos do século XXI, para contar um pouco da história do lugar e das transformações da paisagem.
Quando questionados sobre �o que � a Antropologia?�, seja por ne�fitos na disciplina ou por pessoas formadas em outras �reas de conhecimento, � poss�vel que mesmo antrop�logos experientes, que dominam a hist�ria da Antropologia e conhecem em profundidade os debates por vezes �cidos em torno do conceito de �cultura�, na tentativa de uma resposta clara e sucinta, formulem algo como �� a disciplina que estuda as culturas humanas�. Embora essa seja uma forma econ�mica � para n�o dizer �pobre� � de resumir as coisas, podemos ver, j� por este exemplo, o papel crucial desempenhado pelo conceito de cultura para a Antropologia.
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