O excesso de peso na criança compreende questões complexas, e situá-lo exclusivamente como um problema de saúde dificulta identificar outros aspectos associados, tais como o estado de vulnerabilidade. Este artigo utilizou o método de revisão integrativa adaptada com o objetivo de identificar a vulnerabilidade da criança brasileira frente ao excesso de peso na ótica da bioética. Para a análise das dimensões de vulnerabilidade, utilizou a matriz adaptada por Ayres et al. (2006), que compreende fatores de vulnerabilidade nas dimensões individual, social e programática. Na dimensão individual, foram descritos fatores biológicos, crenças e relações familiares. Na dimensão social, foram descritas relações de gênero e de etnia com acesso a saúde, educação, justiça, lazer e esporte. Na dimensão programática, foram descritas políticas públicas, integralidade e equidade da atenção, proteção e promoção de direitos humanos. Considerar os fatores de vulnerabilidade da criança frente ao excesso de peso coloca em destaque a urgência da implantação de políticas públicas transdisciplinares com vistas a uma proposta ética de atitude, solidariedade, responsabilidade mútua e respeito à dignidade humana.

O excesso de peso na infância potencializa a vulnerabilidade e a fragilidade desta fase do curso da vida. O aumento da prevalência do excesso de peso e de suas complicações na infância pode ser problematizado como impedimento ao alcance do potencial de desenvolvimento humano e do aprofundamento de suas vulnerabilidades frente às condições de saúde. Este trabalho trata de uma revisão crítica. sustentada em pesquisa teórica no campo da bioética e da saúde pública, apresentando as implicações para a infância perante a prevalência de excesso de peso, acerca das temáticas sobre vulnerabilidade, proteção e promoção a saúde. Considerações éticas sobre as condutas de proteção da infância podem auxliar no planejamento de estratégias de apoio à mudança de comportamentos e de manutenção da boa qualidade de vida, levando á formação dos individuos cuidadores de si e da infância, de uma consciência crítica a respeito dos probelmas de saúde e de seus fatores de risco.