O conceito de Eu-pele, a estrutura e funcionamento dos envelopes psíquicos, em particular as funções de manutenção, continente e pára-excitação, serve de base à elaboração de novos procedimentos de interpretação para o Rorschach, subsequentemente aplicados na análise dos protocolos de dois adolescentes toxicodependentes. Os procedimentos propostos, revelaram-se relevantes para a expansão do potencial clínico do Rorschach, como forma de acesso ao funcionamento psíquico, num dado momento da vida de um sujeito. Neste sentido, a articulação entre o Eu-pele e o Rorschach poderá ajudar a clarificar o sentido/função do consumo de substâncias psicoactivas ao longo dos movimentos da adolescência.
INTRODUÇÃOPropomo-nos estudar um conceito não explorado no plano da técnica Rorschach -o espaço mental/potencial -, através de um conjunto de procedimentos, por nós criados, que permitem dotar o instrumento Rorschach de capacidades para aceder a este conceito.
Pretendemos compreender, à luz do método Rorschach, as características dos fenómenos transitivos e do espaço potencial no sujeito borderline. O estudo destes conceitos é desenvolvido tendo por base as teorias de Winnicott e Ogden sobre a psicopatologia dos fenómenos transitivos e do espaço potencial, respectivamente. Para uma melhor compreensão destes conceitos no caso borderline, procuramos articulá-los com os conceitos de função materna e de angústia branca de Green. O método Rorschach é perspectivado na sua dimensão intersubjectiva e dinâmica, em que o apelo a um duplo modo de funcionamento (perceptivo e projectivo) permite uma compreensão mais aprofundada da dinâmica relacional entre interno e o externo, no espaço psíquico do sujeito borderline. É elaborada uma leitura dos conceitos de fenómenos transitivos e de espaço potencial, procurando integrar e articular a revisão de literatura e os elementos Rorschach. Neste contexto é aplicado o Rorschach a um sujeito do sexo feminino com o diagnóstico de perturbação borderline da personalidade. Da análise do protocolo destacamos que, apesar da impossibilidade de estabelecer uma relação intersubjectiva entre o real e o imaginário, o interno e o externo, o sujeito é capaz de mobilizar estratégias arcaicas que lhe permitem um contacto mínimo com o outro. A imagem Rorschach é experimentada como um objecto real, adquirindo a função (suporte) e as qualidades (reconfortantes) de um objecto transitivo. Os movimentos do sujeito dão conta de uma aproximação ao espaço potencial – espaço prépotencial.
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