Este trabalho, feito sob a forma de um artigo, deve ser lido com certo tom ensaístico. Objetiva explorar Gilberto Freyre por meio de um conjunto de problematizações e elaborações caracterizadas como uma forma específica de discurso colonial. Observando as inúmeras leituras, releituras, exaltações e acusações realizadas sobre as teorizações e desdobramentos do pensamento de Gilberto Freyre, construimos nosso caminho de interpretação sobre sua obra. Tomando como referências o próprio autor, seus leitores e seus temas, problematizamos, a partir da perspectiva pós-colonial, a forma como Gilberto Freyre equaliza a relação entre raça e cultura em seu trabalho.
RESUMO Raízes, sobrevivências, rotas, crioulização, rizoma e memória coletiva, todos esses motes são também metáforas analíticas historicamente mobilizadas para traduzir a identidade negra na(s) diáspora(s) afro-atlântica(s). Dito isso, o objetivo deste artigo é apresentar como diversas tradições de pensamento e intelectuais antilhanos têm abordado o tropo que delimita os estudos da diáspora africana: a identidade. Concluo o texto com o desenvolvimento de mais uma metáfora possível a fim de refletir sobre a presença africana no Caribe, quiçá no mundo afro-atlântico: o prisma e o caleidoscópio.
RESUMONos últimos vinte anos, observamos transformações substanciais tanto no lugar que é atribuído aos povos, às culturas e tradições de origem africana na formação da sociedade brasileira, quanto na maneira como a identidade nacional é abordada nos debates e discussões que se dedicam à investigação das relações raciais na contemporaneidade. Essas transformações trilham um caminho que reflete um novo olhar sobre a presença desses povos e culturas, muitas vezes, informado e influenciado por um conceito que tem ganhado destaque nas discussões tanto no mundo acadêmico quanto no da militância: a diáspora africana. A noção de diáspora africana representa tanto uma nova categoria analítica, como também a expressão de novas formas de etnicidade negras que têm tensionado pelo seu caráter descentrado, intencionalmente ou não, o modelo de identidade negra pré-requisito de políticas públicas atuais. Nesse sentido, este trabalho tem como objetivo produzir algumas aproximações, ainda iniciais e certamente insatisfatórias, sobre o impacto dos potenciais deslocamentos teóricos, epistemológicos e discursivos que a noção de diáspora africana produz, especificamente, nas discussões acerca da identidade negra no Brasil. Para tanto, elaboramos uma possível genealogia da identidade negra no interior das ciências sociais brasileiras, que, entre outras coisas, nos proporcionou compreender quais as tradições teórico-metodológicas que foram responsáveis pela sua emergência e inscrição. Conclui-se que a noção de diáspora africana, segundo a forma como vem sendo evocada no debate sobre a questão racial no Brasil contemporâneo, desloca o modelo de identidade organizado segundo o sujeito sociológico centrado proeminentemente na sociologia das relações raciais.Palavras-chave: Identidade Negra. Modernidade. Diáspora Africana.
Entre os anos de 2004 a 2015 a cidade de Lins –SP recebeu, proporcionalmente, o maior fluxo de estudantes africanos do interior paulista. Lá residiram e estudaram cerca de 140 estudantes provenientes dos Países de Língua Oficial Portuguesa (Palop): Angola, Cabo Verde, São Tomé & Príncipe, Moçambique e Guine Bissau. No entanto, são preponderantes os jovens provenientes de Angola, cerca de 120, sendo, os únicos que se enunciam enquanto comunidade angolana. Ao enunciar esse discurso, os estudantes angolanos agenciam e negociam um conjunto de representações, afirmam diferenças e promovem processos de identificação. Observa-se, assim, a emergência de um posicionamento de caráter étnico protagonizado pelos estudantes expressão da atribuição adscrita da negrura, histórica e cotidianamente aos povos de origem africana em sua experiência coletiva. Os estudantes em sua experiência coletiva no Brasil passam por um processo de racialização e em reação a essa negação, produzem, por meio de um processo de etnicização, um posicionamento ético e político que, por sua vez, articula de forma interseccionada ambas as clivagens, raça e etnia. Isto é, tão importante quanto à intersecção e articulação de ambas as clivagens é explorar o processo, o “como” os estudantes realizam esse agenciamento e negociação.
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