Resumo: Este artigo analisa o surgimento de uma nova classe média, como vem sendo proposto pelos economistas brasileiros, à luz da perspectiva sociológica dos Estudos de Classe. Para tanto, recupera o debate da Economia, que se baseia na renda para definir classes, assim como o da Sociologia da Estratificação, de acordo com seus diferentes marcos teóricos. Usando dados das PNADs 2002 e 2009, apresenta o argumento de que as mudanças na estrutura de classes não foram significativas a ponto de apoiar a ideia de uma nova classe, nem houve um crescimento na classe média tradicional. Palavras-chave: Classe Média, Desigualdades, Estratificação, Renda, Consumo. Apresentação N as últimas décadas, não houve momento mais oportuno do que este para falar sobre a classe média no Brasil. Atualmente, o debate em torno desse tema é tão intenso que tem ultrapassado os limites da academia e se espraiado, através do debate público, para os jornais impressos, revistas, televisão, etc. De uma maneira geral, tem sido constantemente defendida a ideia de crescimento da classe média no Brasil ou, até mesmo, de surgimento de uma nova classe média.Não são raras as reportagens a respeito de famílias que, devido a melhorias em sua renda, vêm aumentando o padrão de consumo e conquistando espaço em mercados antes exclusivos a setores mais abastados. Exemplos que têm servido para ilustrar a ideia de que o Brasil teria se tornado um país composto, em sua maioria, por famílias de classe média.Este debate foi, em grande parte, impulsionado por recentes trabalhos de acadêmicos que definem as classes exclusivamente, ou em parte, através da renda ou do acesso ao consumo
Os estudos sobre as desigualdades sociais no Brasil concentram-se, em geral, nas dimensões objetivas do fenômeno, como sexo, cor, renda, ocupação e escolaridade. A amplitude do fosso entre ricos e pobres, graças às pesquisas já realizadas, é razoavelmente conhecida, mas pouco se sabe sobre a maneira como os brasileiros vêem essa disparidade. Em 2000, como parte do International Social Survey Programme tentou-se preencher essa lacuna com um survey aplicado a representantes das elites nacionais, entendendo-se por "elites" indivíduos pertencentes ao grupo dos 10% mais ricos do país. A pesquisa, de abrangência nacional - 2 mil entrevistas em 195 municípios -, buscou revelar diferenças entre as percepções da "elite" e do "povo" acerca da desigualdade. As questões levantadas pelo survey diziam respeito à imagem que os dois grupos têm da sociedade brasileira e da forma como ela está estruturada; as remunerações que seriam adequadas para trabalhadores de diferentes níveis de qualificação; os valores que deveriam prevalecer na distribuição da riqueza do país; os maiores problemas do Brasil; e as estratégias preferenciais de cada grupo para a redução da pobreza, com destaque para o papel do Estado. As respostas revelaram convergências e divergências surpreendentes entre povo e elite. Os dois grupos percebem a extensão das desigualdades sociais no país, mas tendem a defender estratégias distintas para reduzi-las, transferindo a solução das desigualdades ao Estado. Essas aproximações e diferenças de pontos de vista podem oferecer elementos importantes para se compreender os mecanismos de legitimação das desigualdades.
ApresentaçãoEste artigo tem por objetivo apresentar alguns resultados da pesquisa "Gênero, Trabalho e Família no Brasil", baseada num survey realizado no final de 2003, com uma amostra representativa da população brasileira. 1 O survey fez parte de uma pesquisa internacional que o ISSP -International Social Science Program -conduziu com o intuito de identificar as transformações que vêm sendo operadas nas relações de gênero, tendo por base as dinâmicas de conciliação entre a vida familiar e o trabalho pago. A pesquisa procurou investigar as percepções que mulheres e homens têm acerca dessa conciliação e envolveu aspectos relacionados com o exercício da maternidade e da paternidade; a conjugalidade, a divisão do trabalho doméstico e a satisfação com a vida familiar e com o trabalho. Um conjunto de questões dirigidas especificamente aos inquiridos que viviam conjugalmente buscou captar as percepções desses indivíduos sobre a divisão do trabalho doméstico, por meio de perguntas sobre tarefas domésticas e atividades com os filhos.Em trabalhos anteriores (Araújo e Scalon, 2004 e 2005) foram apresentados os resultados mais gerais dessa pesquisa. Neste artigo, selecionamos as questões que consideramos mais diretamente associadas à problemática da conciliação entre família e trabalho pago para tentar responder às seguintes perguntas: A presença das mulheres no mercado de trabalho vem alterando as práticas tradicionais de divisão sexual do trabalho na família, de modo que se possa falar de relações de gênero mais igualitárias no Brasil? Há correspondência entre as percepções e os valores expressos pelos inquiridos, sobre o trabalho das mulheres, atribuições de homens e mulheres na
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