Este artigo objetiva apresentar a metodologia dos Círculos Dialógicos Investigativo-formativos, desenvolvida pelo Grupo de Pesquisa Dialogus: Educação, Formação e Humanização com Paulo Freire da Universidade Federal de Santa Maria, RS. A referida metodologia, inspirada nos Círculos de Cultura de Freire, toma como matriz epistemológico-política as obras do autor em diálogo com as de Josso (2004, 2010), pressupondo a realização de estudos de cunho qualitativo do tipo pesquisa-formação, pois os sujeitos participam como coautores e coautoras em todo o processo. A partir de um olhar hermenêutico, buscamos compreender a potencialidade dos Círculos Dialógicos como dispositivos de pesquisa e auto(trans)formação permanente com professores. Compreendemos que a metodologia apresentada contribui significativamente com o aprofundamento epistemológico da temática geradora da pesquisa, permitindo ao pesquisador ou à pesquisadora-líder e aos sujeitos coautores e coautoras a processualidade para a auto(trans)formação permanente, bem como a reflexão sobre a práxis pedagógica.
Ao esboçar algumas palavras para prefaciar esta obra com autorias e saberes genuinamente enraizados nas práxis cotidianas das colegas professoras e dos colegas professores da Educação Básica, nosso sentir-pensar-agir se encontra com muitas genteidades que educam(- -se) com outras genteidades de crianças, adolescentes, jovens e adultos. Faz-nos imergir-emergir em diferentes mundos e contextos, com a presença de muitas gentes, buscando “aprofundar as relações entre o pensar, o escrever e o viver. [...] para uma reflexão sobre as relações entre teorias e práticas, relação que se exprime muitas vezes como uma dificuldade, tanto no sentido de teorizar uma prática como no sentido de esclarecer uma prática por uma abordagem teórica já existente” (JOSSO, 2004. Experiência de Vida e Formação, p. 142).
O presente artigo objetiva socializar as construções realizadas no âmbito da pesquisa, tomando como base os aportes teóricos de Paulo Freire. Inspirados pelos Círculos de Cultura (FREIRE, 2014), (re)criamos os Círculos Dialógicos Investigativo-formativos como uma proposta epistemológico-política de pesquisa, a partir de oito diferentes movimentos que os constituem: a escuta sensível e o olhar/aguçado; a emersão/imersão das/nas temáticas; o distanciamento/desvelamento da realidade; a descoberta do inacabamento; os diálogos problematizadores; o registro re-criativo; a conscientização e a auto(trans)formação, que vai se potencializando e se constituindo em todos os demais movimentos. Durante a realização dos Círculos Dialógicos com os professores esses movimentos vão se tramando dialógica e dialeticamente, visando sempre a auto(trans)formação, tanto do pesquisador líder como dos sujeitos coautores envolvidos na pesquisa.
Este artigo intenta aproximar-se do pensamento deweyano, com base nos pressupostos da teoria lógica apresentada pelo autor, especialmente no que tange à noção de conhecimento enquanto experiência. A pragmática deweyana assume, assim, especial interesse, quando situa as formas de pensar e conhecer como um traço distintivo do homem, em que o conhecimento só pode se tornar significativo quando suscita experiências para o indivíduo. Interessa, ainda, a ideia de movimento como eixo central de um processo formativo de caráter contínuo e inconcluso, capaz de gerar aprendizagens contextualizadas para compor uma escola ativa. Ao oferecer a possibilidade de uma aprendizagem significativa, quer seja para pensar o indivíduo, a sociedade ou a educação, a concepção educacional apresentada propõe a quebra de paradigmas e a transformação da escola e o faz justamente por compreender a educação como componente cultural significativo para a produção de liberdade.
Vivemos tempos de rápidas mudanças, sobretudo decorrentes dos avanços científicos e tecnológicos, que trazem consigo outras caracterizações na sociedade e no cotidiano das pessoas, mudando formas de interagir no e com o mundo. Esses novos tempos trazem, também, novas presenças no atual cenário educacional, bem como nas formas de ser, fazer, conviver, aprender, predominantemente influenciadas pela era tecnológica. Diante dessas inúmeras transformações, a escola ainda enfrenta o velho desafio de reconhecer essas mudanças e suas influências nas relações político-pedagógicas com os estudantes e a sociedade. Contudo, ainda não é esta a escola que temos; e esta realidade desafiadora nos coloca também diante da necessidade de uma maior atenção aos processos de auto(trans)formação com professores, entendendo esses como o primeiro passo na busca de outras formas de sentir/pensar/agir desses profissionais. Assim, as inovações e transformações científico-tecnológicas também passam a ser possíveis aliadas na educação nos/dos novos tempos, com processos de ensino-aprendizagens significativos para crianças, adolescentes, jovens e adultos do século XXI.
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