Embora as diretrizes curriculares nacionais para o Ensino Fundamental e Médio não façam referência específica ao lugar da cultura clássica greco-romana na escola, tais documentos sugerem uma abordagem interdisciplinar de conteúdos, que fomente a formação crítica e cidadã dos alunos. Neste artigo, apresentamos algumas propostas de inclusão de temas clássicos no currículo escolar, cujo principal objetivo é oferecer um tratamento crítico, interdisciplinar e diversificado da herança clássica, constituinte da nossa cultura, a qual, paradoxalmente, tem sido muito explorada pela indústria de entretenimento (cinema, jogos, best sellers etc.) e negligenciada em contexto escolar. Para isso, apresentamos o conceito de “clássico”, a partir das reflexões de Calvino (1981 [2011]), Cairus (2011) e Hartog (2011), para, em seguida, nos determos na legislação pertinente ao currículo da Educação Básica (LDB, PCNs, Diretrizes Curriculares), e, finalmente, descrevermos algumas propostas de atividades que envolvam a cultura clássica greco-romana na escola.
<p>Este trabalho tem por objetivo apontar semelhanças entre alguns recursos argumentativos dos juízes do Supremo Tribunal Federal brasileiro e os preceitos de Quintiliano no sexto livro da <em>Institutio oratoria</em> quanto à manipulação das emoções do auditório e ao emprego de excertos literários em discursos forenses. Para tanto, compara-se seis citações diretas da Eneida de Virgílio, usadas pelo antigo rétor para ilustrar algumas estratégias de persuasão bem sucedidas, aos votos de cinco juízes em três <em>hard cases</em> recentes que atraíram muita atenção midiática: a ADI 3510 (lei de biossegurança sobre pesquisa com células-tronco), a ADI 4277 (reconhecimento da união homoafetiva) e a ADPF 54 (descriminalização do aborto em casos de nascituros diagnosticados com anencefalia). A comparação parece oportuna para demonstrar a atualidade e a circulação de um <em>modus operandi</em> retórico já discutido e aceito pelos antigos, mas que, modernamente, engendra certa ameaça ao mito do Direito imparcial e objetivo.</p>
Os estudos paremiológicos voltados para textos da Antiguidade clássica já nos demonstraram como se dava o uso de provérbios e sentenças na poesia épica, na comédia e na tragédia latina (CASAMENTO, 1999; DINTER, 2010, 2014 e 2016; PARÉ-REY, 2012), por exemplo. São escassos, no entanto, os trabalhos que empregam essa vertente de pesquisa nas declamações de Sêneca, Pseudo-Quintiliano e Calpúrnio Flaco. Nosso objetivo no presente artigo é discutir o uso e o efeito de provérbios e sentenças em três declamações (2, 10 e 32) dos Excerpta de Flaco.
O objetivo deste artigo é analisar o contexto de produção das Declamações maiores atribuídas a Quintiliano, escritas entre os séculos I e IV EC. Uma vez que o gênero declamatório surgiu no mundo greco-romano como um exercício escolar, é possível conjugar os preceitos teóricos da educação retórica no Império Romano com a prática das declamações, identificando em que medida os cânones literários recomendados no livro X da Institutio oratoria influenciam na construção das personagens das Declamações maiores 14 e 15, objetos deste estudo. Também se investiga quais sujeitos tinham acesso à educação em Roma, os possíveis praticantes e autores das declamações e como tais textos manifestam, por meio de personagens, diferentes personae e vozes, oriundas de diversas camadas sociais. Este artigo se propõe a demonstrar que a leitura da obra não pode se guiar apenas pela função-autor, distanciando a produção dos sujeitos históricos que supostamente a compuseram. Ao tratar de temas como tensões entre homens ricos e pobres, estupro, abuso de poder e deserdação, o gênero declamatório pode – à primeira vista – ser interpretado como uma ferramenta contundente de discussão social e denúncia. No entanto, considerando o seu contexto de produção e os prováveis declamadores, propõe-se que as declamações ao mesmo tempo contribuem e rompem com as narrativas de poder, traçando algumas possibilidades de negociar identidades e alianças por meio das personagens do cânone estabelecido.
O presente artigo propõe a tradução em português brasileiro da Declamação Maior 18, sobre a acusação de uma mãe ante o silêncio do marido em relação à tortura e assassinato do filho único, suspeito de incesto. É o penúltimo texto do compêndio das Declamações Maiores, atribuídas a Pseudo-Quintiliano, e antecede a defesa do pai, desenvolvida na décima nona, e última, declamação. Além da tradução do texto latino, abordam-se brevemente problemas de autoria e atribuição desse conjunto de textos ao rétor Marco Fábio Quintiliano (c. 30-96 EC), a construção do gênero literário declamatório, suas relações com o universo mitológico romano, sua relevância para a formação retórica dos jovens, além de recursos de estilo mais proeminentes no discurso.
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