Resumo A cinematografia contemporânea de Eduardo Coutinho é marcada pela centralidade da entrevista como forma dramática e pelo registro do encontro presente entre o diretor e os sujeitos filmados. “Arte do presente”, na expressão de Consuelo Lins (2002), esse cinema abriga, entretanto, um projeto mais raro, mas muito denso, de escrita da história. Propomos investigá-lo a partir do cotejo entre dois documentários separados por 20 anos – Cabra marcado para morrer (1984) e Peões (2004). Eles nos permitem, em suas semelhanças e diferenças, observar as iluminações recíprocas (entre passado e presente) ensejadas pela diacronia de Coutinho, que em nossa hipótese elabora “o presente como história” (YSHAGPOUR, 2000, p. 110).
ResumoO artigo aborda quatro filmes biográficos brasileiro recentesSantiago (2007), de João Salles, Acácio (2008), de Marília Rocha, Pan-cinema permanente (2008), de Carlos Nader (sobre Waly Salomão) e Vida (2008), de Paula Gaitán (sobre Maria Gladys) -e procura compreender um movimento dialó-gico e reflexivo semelhante que os caracteriza. Analisa-se, sobretudo, a estrutura do diálogo e os modos como as obras se põem a contar a história do personagem retratado, tecendo urdiduras entre memória individual e história pública, entre os arquivos e as imagens tomadas no presente da filmagem.Palavras-chave: Documentário brasileiro; Santiago; Pan-cinema permanente; Acácio; Vida; retrato; diálogo. AbstRActThe article discusses four recent brazilian biographical filmsJoão Salles' Santiago (2007), Marília Rocha' s Acácio, Carlos Nader' s Pan-cinema permanente (2008) and Paula Gaitán' s Vida (2008) -and tries to understand a same dialogical and reflexive stance that characterizes them: the dialogical structure, and the manner by which they treat the depicted character' s life story, by associating personal memory and public history, archive footage and present images.Keywords: Brazilian documentary; Santiago; Pan-cinema permanente; Acácio; Vida; portrait; dialogue. Novos esTUdos 86 ❙❙ MarÇo 2010 105IntRodução É consenso nas interpretações sobre o cinema documental brasileiro recente a presença expressiva de discursos particularizantes 1 . Contrariamente ao que era tendência no documentário moderno (sobretudo aquele dos anos de 1960 e 1970), hoje se nota evidente suspeita em relação a procedimentos totalizantes e interpretativos, às possíveis sinédoques (os personagens tomados como tipos representativos, em relação a um contexto ou situação englobantes), ou ao posicionamento dos sujeitos filmados como informantes (sobre uma temática). Em resumo, evita-se remeter o dado pessoal a um quadro geral; declinam valores tais como representatividade, generalidade, tipificação, diagnóstico crítico, e outros valores assomam.Um deles é justamente a redução do enfoque, a abordagem da experiência e visão de mundo de um único ou de poucos indivíduos. Por vezes, valoriza-se uma perspectiva pessoal e assumidamente parcial pela
This paper talks about the documentary O fim e o princípio [The end and the beginning], by Eduardo Coutinho, filmed in a small rural community in the state of Paraíba. The movie was shot without previous research, and favors meetings with the unknown, having as its focus interviews with elderly people.
Na trilha de Andreas Huyssen (2014), que identifica uma preocupação central com a memória na cultura contemporânea (resposta à confiança decrescente no futuro das sociedades ocidentais), o artigo busca examinar como o cinema brasileiro recente tem elaborado a experiência histórica. Para tanto, realiza um pequeno inventário, testando a reunião dos filmes em séries, de modo a indicar e caracterizar “figuras de elaboração histórica” recorrentes nesta filmografia. Em nosso mapeamento, destaca-se a aposta no “presente como história”: sob a sombra de um “passado que não passa” ou desenhado como “avesso do futuro”, o presente ganha centralidade em filmes que assumem a tarefa da rememoração crítica.
Resumo O artigo investiga o filme A carruagem de ouro (1952), dirigido por Jean Renoir, buscando identificar como as escolhas estilísticas e dramatúrgicas do diretor configuram um artificialismo teatral. A partir da análise da mise-en-scène e da dramaturgia da obra, abordamos como tal artificialismo resulta em uma perspectiva lúdica e incisiva sobre as relações sociais. O aspecto teatral do trabalho é analisado a partir de elementos formais que são mais comuns no teatro (como a frontalidade dos rostos, a desnaturalização e o aprisionamento dos espaços) ou em um cinema considerado “teatral” (como as entradas e saídas laterais), preservados pelo estilo de Renoir.
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