Neste artigo apresento um panorama do romance impresso em papel-jornal e vendido no Brasil a baixo preço para consumo em massa por um público idealmente masculino. O panorama tem como fundamento a leitura de 101 romances de diferentes coleções e editoras, de seus paratextos, e de fontes secundárias. Ou seja, é um estudo do “romance de mocinho” contemporâneo, inserido em um processo de publicação globalizante; é também uma reflexão acerca da produção de entretenimento, de um lado e, do outro, dos efeitos que esse entretenimento pode provocar no consumidor. As histórias das coleções de literatura narrativa de massa visam a promover determinados interesses econômicos, sem outras preocupações, e submetem seu leitor a um bombardeio de repetições a tal ponto que acabam por criar a necessidade de consumo. As personagens dessas histórias são elaboradas de forma rígida, não mudam do começo ao fim, apenas reforçam uma identidade inicial confirmada a cada prova que ultrapassam. Após analisar os meios e fins da indústria, os esquemas formais e fabulares dessas narrativas, procurando identificar ainda seu leitor ideal, concluo que na própria fórmula literária que se estabelece nesses romances está inscrito o processo de formação de um leitor-consumidor psicologicamente dependente.
Neste ensaio, analisamos a violência em uma situação específica, a saber, a vivida em um ambiente educacional. Nossa análise perpassa (1) o problema de como a contradição entre educação e reprodução social se objetiva na formalização literária da escola na literatura brasileira e, de outro lado, (2) o problema da relação entre forma estética, técnica literária e formação social no processo histórico. Em Enigmalião, pode-se reconhecer o período histórico conhecido como Ditadura Militar e interpretar o que esse período representa politicamente para a educação. A violência se apresenta de diferentes formas e é muito ampla. De certa maneira, a violência persiste no tempo narrado e possibilita enxergar suas nuanças na escola de hoje. A violência, por ser um fato humano e social, é histórica. E está na escola – autoritarismo, submissão e resistência, conflitos entre educador e educando etc.
O romance Alegres memórias de um cadáver foi escrito e ambientado na Ditadura Militar e nos permite refletir sobre e interpretar o que esse período significou politicamente para a educação. Na obra figura uma universidade privada que prioriza o cálculo econômico (objetivando manter-se no mercado da educação) — ao ponto de os números do balanço anual se converterem em critério “acadêmico” para a manutenção de disciplinas no ou sua eliminação do currículo. A multiplicidade de focos narrativos utilizados por Roberto Gomes estabelece um ponto de vista que transcende qualquer perspectiva individual, de modo a estabelecer a própria universidade como protagonista. Assim, o romance oferece ao leitor o ensejo de transpor a sátira fantasiosa dos espaços acadêmicos para uma crítica muito mais profunda da dinâmica social mais ampla das práticas costumeiras dentro e em torno da universidade. E a volatilidade do mercado que circunscreve as atividades dessa universidade é análoga à volatilidade do bibliotecário cadáver, cujo corpo pervaga como um fantasma os espaços do campus. O autor fragmenta ao máximo a narração, de modo que o leitor possa enfim perceber que ela toda corresponde à própria universidade, ou a seu cadáver, aprendiz de fantasma. No romance, esse fantasma em potencial representa a universidade brasileira, com suas inversões hierárquicas, reformas sempre provisórias e superficiais, avaliações corporativistas e quantificadoras, discursos avançados e práticas regressivas, dilatação da burocracia, ilusões políticas e sua instrumentalização etc.
O objetivo aqui foi cotejar os documentos divulgados pela Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esporte de Goiás que visam apresentar orientações curriculares para o ensino médio com outros documentos relacionados, tais como os PCNs e as OCNs. O resultado desse cotejamento de documentos demonstra a ausência de discussão ou perspectiva para o letramento literário nas orientações estaduais para o ensino médio. Mas, não só: o uso da literatura como pretexto para o ensino de gramática e língua portuguesa é visível nas matrizes de conteúdos.
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