A clínica fonoaudiológica tem recebido crescente demanda de atendimento para crianças por volta de 24 meses que ainda não falam. Compreendendo que a não emergência da fala pode estar associada a entraves psíquicos, o uso do instrumento APEGI pelo fonoaudiólogo, quando “algo não vai bem”, pode auxiliá-lo a recolher material clínico que justifique o encaminhamento psicanalítico, que por sua vez potencializa os resultados fonoaudiológicos. Apresentaremos fragmentos de um caso em que a terapia fonoaudiológica avançava com dificuldades, no qual a leitura da criança, a partir dos indicadores de referência oferecidos pelo APEGI, apontaram falhas no eixo presença/reconhecimento do sujeito (fala e posição na linguagem), evidenciando a interface e os mútuos benefícios da práxis que funciona a partir de uma articulação discursiva entre Fonoaudiologia e Psicanálise.
A clínica com crianças convoca continuamente o fonoaudiólogo a rever sua prática quando mediante seu repertório teórico-clínico o tratamento não avança. Nestes momentos, a supervisão possibilita circular sentidos construindo novas articulações, desencadeadas pela escrita e escuta do seu dito. Esse dispositivo favorece olhar criticamente a condução do tratamento, colocando ideias em nova ordem. A desordem foi o mote da supervisão do caso apresentado, no qual as palavras estavam “fora de lugar” e a criança não encontrava interlocutores que apostassem em seu lugar de falante. A supervisão proporcionou novos manejos que pudessem conduzir Daniel a um lugar construtor de narrativas.
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