A degradação ambiental vem afetando os ecossistemas e provocando o desequilíbrio de várias formas de vida que integram a diversidade natural e, consequentemente, produzindo riscos e agravos à saúde coletiva. Diante disso, buscou-se analisar a interdisciplinaridade entre Saúde e Meio Ambiente, na graduação em saúde de instituições públicas de ensino superior frente à aplicação do conceito de território, e pesquisa qualitativa com abordagem descritiva e exploratória. Os dados foram coletados nos programas e ementas de disciplinas de dezessete cursos de graduação na área de Saúde das quatro universidades estaduais da Bahia. Percebeu-se que, apesar das mudanças curriculares pelas quais os cursos de graduação em saúde vêm passando ao longo dos anos, o modelo de formação profissional apresenta foco em técnicas e práticas não preventivas, o que evidencia um distanciamento na relação Saúde/Ambiente e na proteção da vida. Isto faz com que os cursos de graduação em Saúde minimizem associações entre doenças/saúde e questões ambientais, levando-se em conta que tais questões devem ser tratadas como tema transversal na graduação em Saúde, sinalizando claramente a necessidade de mais discussões e melhor incorporação da temática ambiental no campo da saúde.
No presente artigo, discutem-se as concepções de saúde e ambiente de agentes comunitários de saúde (ACSs) atuantes em duas comunidades ribeirinhas do eixo Ilhéus-Itabuna, sul da Bahia, Brasil, e suas atividades de promoção da saúde voltadas para o ambiente. Foram analisadas entrevistas semiestruturadas de 14 ACSs, tratadas com a técnica do discurso do sujeito coletivo proposta por Lefèvre e Lefèvre (2005). Nos discursos, os ACSs revelaram uma concepção ampla de saúde (qualidade de vida e direito) e relacionaram o ambiente ao território, embora o concebam como lugar onde as pessoas vivem. Também fazem relação entre saúde e melhorias no ambiente, e apesar de viverem e trabalharem em um território com problemas ambientais graves, suas atividades voltadas para o ambiente são pontuais e de conduta individual. Nessa perspectiva, reorientando o processo de trabalho, os ACSs indicam a capacidade de criar novas formas de relação entre ambiente e saúde. Potencializar esses atores que vivem na cena da tensão dos vários territórios em que transitam, valorizando seus saberes e sua vivência do(no) ambiente onde moram ou trabalham, pode ser o primeiro passo na direção da mudança, com a reorientação das práticas sanitárias e do modelo assistencial.
Trata-se de um ensaio teórico-reflexivo com objetivo de analisar a produção do cuidado em saúde na Atenção Primária à Saúde na perspectiva teórico-filosófica de Gilles Deleuze, Félix Guattari e Michael Foucault, fruto da necessidade de aprofundamento na temática sobre a perspectiva teórico-filosófica. Partindo da compreensão do cuidado como um ato prescritivo e disciplinar, normatizado pelas profissões, o estudo ressalta a compreensão do cuidado como um encontro intersubjetivo e que gera novas possibilidades no trabalho em saúde, destacando ainda a atenção primária à saúde como palco reconhecido de produção subjetiva do cuidado. Assim, considerando as perspectivas filosóficas do estudo, observou-se que há a concepção de cuidado apenas do ponto de vista técnico, prescritivo e normativo seguindo a lógica do modelo que estamos doutrinados a seguir, fruto de processos não mais adequados de formação e atravessados pelo modelo capitalista que vivenciamos. Busca-se ressignificação das práticas do cuidado em saúde observando seu processo intersubjetivo e potente no que tange à criação de novos mundos, considerando a liberdade das forças que atravessam esse processo de liberdade e da autonomia do sujeito.
Historicamente, a formação dos profissionais de saúde tem privilegiado a construção de conteúdos fragmentados, o determinismo biológico e a doença como objeto de consumo. A adoção de políticas reorientadoras da formação, pelas instituições formadoras, tem estimulado novos modos de ensinar e cuidar. Este trabalho teve como objetivo analisar mecanismos de articulação desenvolvidos entre gestores, tutores, preceptores e bolsistas, caracterizando os dispositivos que contribuíram na reorientação da formação e produção de novos modos de cuidar. Optou-se pela pesquisa avaliativa de abordagem qualitativa. Foram utilizados: grupo focal, observação direta e análise documental, como instrumentos de coleta, e a análise de conteúdo como técnica de análise. Os resultados apontam: aproximações entre serviços/ensino/população, diminuição da fragmentação de conteúdos, fortalecimento da educação permanente em saúde e do trabalho em equipe, mudanças na micropolítica do trabalho, compartilhamento de saberes e práticas, implicação dos sujeitos com seu fazer.
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