Este texto trata de questões relativas ao trabalho com famílias, em particular, com o jovem na família. Baseia-se em uma concepção de família como uma realidade de ordem simbólica, que se delimita por uma história contada aos indivíduos e por eles reafirmada e ressignificada, nos distintos momentos e lugares da vida familiar, considerando a relação da família com o mundo externo. Diante de referências culturais e sociais diversas, a análise da família exige um esforço de estranhamento, nem sempre fácil, sobretudo, porque tendemos a confundir família com a "nossa" família. Enfatiza-se, assim, a importância de se escutar a história das famílias como um outro ponto de vista, distinto daquele do profissional ou pesquisador, mas fundamental e igualmente legítimo na elaboração das experiências vividas por famílias em alguma situação de vulnerabilidade.Descritores: Família. Cultura. Etnocentrismo. Jovens. Alteridade.
Pensando sobre o sofrimento associado à violência, este texto busca levantar questões sobre a construção social e histórica da vítima e a extensão que essa figura adquire na sociedade contemporânea como legitimação moral de demandas sociais. A construção da vítima é pensada como forma de conferir reconhecimento social ao sofrimento, circunscrevendo-o e dando-lhe inteligibilidade. O campo da saúde mental ocupa um lugar importante nesse processo, através da delimitação, pela Psiquiatria, do Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) como referência para o tratamento de vítimas de violência, constituindo um foco privilegiado para essa reflexão. Trata-se de localizar a figura da vítima na lógica social que a engendra, indagando sobre a gramática dos conflitos que fundamentam sua construção e, assim, problematizar os usos que a noção de vítima enseja para legitimar ações sociais e políticas.
Na dor, manifesta-se claramente a relação entre o indivíduo e a sociedade. As formas de sentir e de expressar a dor são regidas por códigos culturais e a própria dor, como fato humano, constitui-se a partir dos significados conferidos pela coletividade, que sanciona as formas de manifestação dos sentimentos. Embora singular para quem a sente, a dor se insere num universo de referências simbólicas, configurando um fato cultural.
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