Ditadura, anistia e reconciliação Dic ta tor ship, am nesty and rec on cil i a tion Dan iel Aarão ReisCo me ça ria agra de cen do o con vi te da pro fes so ra Ange la Cas tro Go mes, ami ga e co le ga, e do Pro gra ma de Pós-Gra du a ção em His tó ria, Po lí ti ca e Bens Cul tu ra is do CPDOC/FGV.Estar aqui é, para mim, uma hon ra, um pri vi lé gio, um de sa fio. Em re lação às ques tões que pre ten do de sen vol ver nes ta con fe re rên cia -e que tan ta po lê -mi ca já pro vo ca ram e, cer ta men te, ain da pro vo ca rão -si tuo-me em dois pla nos: me mo ri a lis ta e his to ri a dor. Me mo ri a lis ta, por ha ver par ti ci pa do in ten sa e pes soal men te de pro ces sos e epi só di os que se rão ma té ria de nos sa con ver sa. His to ri ador, por que te nho de di ca do par te im por tan te da vida a es tu dá-los e a re fle tir sobre eles sob o pris ma da história.Há, como se sabe, en tre memó ria e his tó ria, en tre la ça men tos e au to nomi as. 171Nota dos editores: O presente artigo foi apresentado como Aula In au gu ral do Programa de Pós-Graduação em História, Política e Bens Culturais do CPDOC/FGV, em 22 de março de 2010, o que explica suas características de tamanho e linguagem. Dan iel Aarão Reis é pro fes sor tit u lar de História Contemporânea da Universidade Fed eral Fluminense Niterói, Brasil (dan iel.aaraoreis@gmail.com). Artigo recebido em 30 de março de 2010 e aprovado para publicação em 8 de abril de 2010.Est. Hist., Rio de Ja ne i ro, vol. 23, nº 45, p. 171-186, ja ne i ro-ju nho de 2010. Qu an to à me mó ria, sa be mos to dos da ne ces si da de de con tex tu a li zá-la, de co te já-la, de cri ti cá-la, por sabê-la ine xo ra vel men te se le ti va e ten den ci al mente uni la te ral. O que im por ta não é pro pri a men te a cor res pon dên cia en tre ela e o pro ces so his tó ri co, mas a ló gi ca e a con sis tên cia in ter na da ver são de cada de poen te. Por fan ta si o so e ilu só rio que seja, e nem sem pre é fá cil dis tin guir a fan ta sia e a ilu são, sem pre guar da um va lor em si mes mo, tor nan do-se um do cu men to.Qu an to à his tó ria, per deu-se há mu i to a am bi ção de ob je ti vi da de em que os an ti gos acre di ta vam. Cada his to ri a dor tem um ân gu lo de aná li se, pres su postos e pre mis sas, abor da gens es pe cí fi cas, ob je ti vos a al can çar, o que me tem levado, cada vez mais, a con ce ber a his tó ria como uma dis ci pli na, uma arte, mais do que pro pri a men te uma ciên cia…uma discussão que nos levaria longe, em outras direções.O que im por ta é su bli nhar que o tra ba lho do his to ri a dor tam bém pre cisa de con tex tu a li za ção, mas tem a obri ga ção de não ser uni la te ral, de evi den ci ar as fon tes com que tra ba lha, com pa rá-las, cri ti cá-las, in clu in do aí o exer cí cio da me mó ria como do cu men to his tó ri co.Para ser fiel à dis ci pli na e à arte que ele geu, ha ve rá o his to ri a dor que se pre o cu par com, e con tro lar, as ten ta ções sub je ti vas, as in cli na ções apri o rís ti cas, e pre o cu par-se, na me di da do po...
O presente artigo tem como objetivo, num primeiro momento, oferecer uma análise do fenômeno do bolsonarismo - conjunto de propostas e valores associados à ascensão política de Jair Bolsonaro ao governo da República. Num segundo momento, haverá uma discussão preliminar sobre o caráter do governo bolsonaro e das alianças que o apoiam e o sustentam.
A Constituição de 1988 no contexto da longa transição da ditadura à democracia. A ditadura e suas tentativas de institucionalização: a Constituição de 1967. As lutas por uma Constituinte soberana. A convocação da Constituinte em 1985: alcance e limites. As eleições de 1986. A trajetória da Constituinte: organização interna, participação dos lobbies e mobilização popular. A Constituição de 1988: inovações democráticas e legados da ditadura. Cidadania social e democrática X centralização do poder e tutela militar. O caráter híbrido da nova Constituição e sua correspondência com o processo de transição “transicional e transacional”. A incidência da cultura política nacional-estatista. O retalhamento da nova Constituição e seu precoce envelhecimento. A atual crise política e a necessidade de uma nova Constituição.
67revolução russa de outubro de 1917 faz cem anos e o centenário tem sido discutido, celebrado ou demonizado, por acadêmicos, políticos e jornalistas.1 De modo geral, privilegiam-se, centenário oblige, os acontecimentos relacionados à insurreição de Outubro, com destaque para a atuação do partido bolchevique, quando não, em especial, para as ideias e propostas de Vladímir Lenin. Trata-se de um equívoco, a rigor, uma reiteração de uma dupla tradição: a da historiografia soviética (Stalin, 1950) e a da historiografia liberal (Pipes, 1995;Schapiro, 1965) 1905A primeira revolução do ciclo ocorreu entre janeiro e dezembro de 1905de (Trotsky, 1975. Algumas de suas principais características reapareceriam em 1917 e por essa razão muitos dos seus participantes a classificaram como "ensaio geral" de uma "peça" que seria encenada em 1917.Três aspectos mais relevantes poderiam ser considerados. Primo, a revolução brotou no contexto de uma guerra, a da Rússia contra o Japão, iniciada em 1904, o que potencializou dramaticamente as tensões e contradições sociais no interior do Império russo.As revoluções russas e a emergência do socialismo autoritário A DANIEL AARÃO REIS
Dictatorship, Amnesty and Reconciliation : dark Years in Brazil The author reported on the memory of the dictatorship. This contribution is a brilliant synthesis of the link between memory and history during the dark years that began in 1964 by a coup generating very little resistance and which nobody thought it would lead the military to remain in power nearly two decades, ushering in a dictatorship in 1968 no longer concealed his name. But, after the democracy’s restauration, unlike Argentina, Brazil did not challenge the 1979’s amnesty and still refuses access to some of the national archives. Despite a really less bloody dictatorship than the one of the south bank of the Rio de la Plata, the path of the memory is perhaps more complex than the way for democracy.
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