Resumo O artigo aborda a experiência do reassentamento de pessoas removidas de favelas cariocas, a partir das transformações econômicas que impactam suas vidas. O Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) produz novas configurações econômicas, na medida em que formas de trabalho e de gestão do dinheiro da casa são afetadas pelas novas condições de moradia. Interrupção de atividades produtivas praticadas na favela, novas contas e taxas a pagar, somadas a um contexto de crise, desemprego e desassalarização, constituem uma sensação de incerteza, traduzida como “sufocamento”, experienciada pelos sujeitos na vida cotidiana. De um ponto de vista etnográfico, discorro sobre as criativas estratégias desenvolvidas a partir das capacidades imaginativas dos sujeitos no contínuo processo de fazer a vida (“melhorar de vida”, “dar futuro aos filhos”), o que abarca projetar o futuro.
O objetivo deste artigo é analisar uma das tecnologias de governo recorrentemente acionada para gerir a população moradora de favelas no Rio de Janeiro. Consideraremos como o recurso ao discurso técnico nos auxiliará a delinear a constituição de formas de governo destas pessoas no contexto das remoções ocorridas recentemente na cidade. Compreendemos que acompanhar suas formas de agenciamento nos permitirá perspectivar as linhas de força que atravessam e constituem, por um lado, as relações entre aparatos estatais e determinadas populações e, por outro, o próprio traçado urbano que se nos revela ao acompanhar estes agenciamentos. Para levar adiante a empreitada, partiremos da consideração de dois casos: o da Vila União de Curicica e da Indiana.
Este artigo aborda um processo de construção de arenas públicas da luta por moradia no Rio de Janeiro a partir das escalas do sujeito e do coletivo. Analiso os entrelaçamentos de uma trajetória de vida individual, a de Di, moradora de uma favela carioca, com a história de um coletivo de luta pela moradia, o Conselho Popular. Descrevo ocasiões de encontro entre militantes, formas de mobilização como reuniões e atos públicos e documentos – manifestos e atas de reuniões – com o objetivo de debater o processo de dessingularização de problemas locais e da indignação pessoal em direção a causas mais amplas de luta por direitos. Busco chamar atenção para a maneira como os atores sociais em situação de ameaça de remoção acionam competências críticas na formulação da categoria de “injustiça” ao construírem arenas públicas da luta pelo direito à moradia.
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