Este artigo está publicado em acesso aberto (Open Access) sob a licença Creative Commons, que permite uso, distribuição e reprodução em qualquer meio, sem restrições, desde que o trabalho seja corretamente citado. Internação por hanseníase e suas sequelas: um estudo descritivoHospitalization for Hansen's disease and its sequelae: a descriptive study Hospitalización por lepra y sus secuelas: un estudio descriptivo
A hanseníase é uma doença crônica, infectocontagiosa, de alta infectividade e baixa patogenicidade. Manifesta-se principalmente através de sinais e sintomas dermatoneurológicos, caracterizados por lesões na pele e nos nervos periféricos, podendo ocasionar deformidades físicas. O Brasil ocupa a segunda posição em número de casos novos, sendo que Minas Gerais demanda monitorização, por apresentar municípios com elevada endemicidade. Historicamente no país, o controle da hanseníase esteve atrelado a práticas discriminatórias, com internação compulsória e isolamento dos doentes, as quais foram legalmente abolidas. No presente não existe informação significativa a respeito desse tipo de terapia, sabe-se, porém, que a internação é recomendada somente em situações extremas. O Ministério da Saúde (MS) possui o Sistema de Informação Hospitalar (SIH/SUS) que tem como função registrar todos os procedimentos hospitalares de estabelecimentos conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS). Descrever os casos internados por hanseníase e sequelas de hanseníase, em Minas Gerais, no período de 2008 a 2015, como forma de ampliar o volume de informações sobre o tema e alavancar discussões sobre a importância de medidas efetivas para controle da patologia. Foi realizado estudo descritivo com dados secundários públicos retrospectivos disponibilizados no endereço eletrônico do Departamento de Informática do SUS (Datasus/MS). Foram utilizados casos de internação por hanseníase ou sequela de hanseníase registrados no SIH/SUS. As variáveis analisadas foram: ano da internação, macrorregião de saúde (MRS), caráter de atendimento, valor total das internações, faixa etária e sexo. Foram calculados o coeficiente de internação (CI) (nº de casos/população residente* 100 mil habitantes) e o intervalo de confiança (IC95%). No estado de Minas Gerais foram notificados 2.196 casos de internações no período estudado. O CI médio foi de 1,4 casos internados/100 mil hab. (IC95% 0,9-1,9). A MRS com maior número de internações foi a MRS Leste do Sul com 27% (598). O risco de internação para essa MRS foi 11,0 casos internados/100 mil hab. (IC95% 4,3-17,6). A distribuição, segundo sexo, revela diferença importante entre masculino e feminino, sendo 67% (1.481) e 33% (715), respectivamente. A faixa etária entre 30 e 49 anos foi a mais frequente com 34% (746) das internações. Os menores de 15 anos representam 4% (88) do total de internados. Quanto à cor/raça, observou-se predomínio da cor negra (preta+parda) com 54% (1.193), seguida da branca 25% (544). 19% (426) não tinham informação. Por fim, constatou-se que o caráter de urgência tem maior expressividade, 73% (1.601), e o valor total gasto com as internações foi R$ 1.419.828,48. Apesar da baixa letalidade da doença, o presente estudo confirmou a relevância da ocorrência de internações hospitalares por causas relacionadas à hanseníase, especialmente por complicações decorrentes da doença. É notória a identificação crescente de internações de 2008 a 2015. O sistema de saúde (SUS) e os profissionais inseridos nele devem atuar com o objetivo de minimizar as internações desses pacientes, atuando principalmente na atenção primária. São necessárias ações que sejam voltadas para a adesão desses pacientes ao tratamento efetivo e para o diagnóstico precoce.
No abstract
Atualmente, instituições de ensino superior (IES) têm reposicionado nos currículos disciplinas que apoiem o desenvolvimento de projetos de pesquisa em saúde, abrindo espaço ao método epidemiológico como instrumento importante para pesquisa em saúde pública. Oportuniza-se assim, ao discente de cursos da área da saúde o aprendizado das etapas de elaboração e as estratégias necessárias à pesquisa epidemiológica descritiva e analítica. Tendo como pressuposto que não há ciência sem pesquisa, incentiva-se o discente no pensar científico dos problemas em saúde segundo magnitude, relevância e pertinência regional. Portanto, justifica-se investigar o interesse temático em pesquisa dos estudantes, visto que influenciará diretamente suas práticas profissionais futuras. Objetivo: A disciplina “Epidemiologia” é oferecida aos estudantes de todos os cursos da área da saúde da Universidade Federal de Juiz de Fora, Campus Governador Valadares (UFJF-GV). Objetiva-se discorrer sobre o uso da pesquisa epidemiológica descritiva utilizando dados reais como recurso pedagógico no currículo dos cursos da área da saúde da UFJF-GV possibilitando assim o desenvolvimento do raciocínio crítico epidemiológico do discente. A disciplina tem como método avaliativo a apresentação de um boletim epidemiológico (BE), o qual se desenvolve em duas etapas, ao longo de um semestre letivo: inicia-se pela construção de um projeto de boletim, seguida da elaboração do BE propriamente dito. Para tanto, são escolhidas, livremente pelos alunos, doenças epidemiologicamente relevantes como objeto da pesquisa, dando ênfase às patologias de Minas Gerais registradas nos sistemas de informação do Sistema Único de Saúde (SUS) disponibilizada no sítio eletrônico do Departamento de Informática do SUS do Ministério da Saúde (Datasus/MS). Após coleta de dados sobre, principia-se a estruturação do projeto, o qual apresenta a proposta inicial do BE. O projeto é apresentado e discutido em seminário. Os dados são incrementados e analisados e calculados indicadores de morbimortalidade, a partir dos quais são construídas tabelas e gráficos, conforme atributos da epidemiologia descritiva e revisão de literatura científica. O resultado do estudo é apresentado por meio de trabalho escrito (BE) e seminário aberto. A disciplina possibilita o desenvolvimento do raciocínio crítico epidemiológico através da idealização e execução de projetos de análise de dados reais com temática aberta, fomentando a curiosidade e interesse dos acadêmicos para compreensão dos problemas de saúde local. Incentiva-se debate sobre aspectos relativos à fundamentação teórico-metodológica e técnicas da epidemiologia descritiva. Com o auxílio da pesquisa epidemiológica o discente atua como agente de transformação social, compreendendo o processo saúde-doença e as doenças/agravos relevantes localmente elaborando trabalhos científicos de alta credibilidade e valor acadêmico. A Epidemiologia contribui para a formulação, implementação e avaliação de políticas públicas de saúde. Os dados do Datasus/MS são importantes para a descentralização das ações de saúde, com foco na prevenção, controle e promoção de saúde. Os trabalhos e estudos desenvolvidos na disciplina conduziram os estudantes à leitura científica e ao pensamento epidemiológico baseado em evidência, possibilitando ao discente a viabilização de uma formação coerente com a política de saúde vigente, para uma melhor inserção dos futuros profissionais nos diversos cenários do SUS.
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