O psicopatólogo de origem polonesa Eugène Minkowski (1885-1972) escreveu O Tempo vividoem uma época na qual o acelerado processo de industrialização e globalização passava a prejudicar a vivência subjetiva do tempo na vida humana moderna. Em 1933, publicou, em dois livros, este estudo fenomenológico e psicopatológico, sete anos após haver defendido sua tese da perda do contato vital com a realidade como essência da afecção esquizofrênica. Neste artigo, empreendemos um resumo do primeiro livro desta obra, denominadoEnsaio sobre o aspecto temporal da vida, ainda não totalmente traduzido para o português. Utilizamo-nos de diversas citações literais do autor, visando penetrar em sua semântica pessoal e, como ele, valorizando os gestos e linguagem peculiares a cada um de nossos semelhantes na apreciação do viver humano. Capítulo por capítulo, contemplamos as facetas que descreveu sobre o Tempo enquanto fenômeno vital essencial: o devir, os caracteres essenciais do ímpeto pessoal, o contato vital com a realidade, o futuro, a morte e o passado. Tal estudo tem se mostrado útil para a consideração fenomenológica do tempo na prática do Acompanhamento Terapêutico (AT), de forma que expusemos algumas vinhetas e situações clínicas pontuais de experiências próprias vividas neste enquadre, visando ilustrar as ideias de Minkowski e demonstrar sua fecundidade para a clínica e a psicopatologia contemporâneas.
O Depoimento Especial de crianças e adolescentes vítimas de violência sexual vem sendo realizado por psicólogos judiciários. O objetivo deste artigo é discutir um modelo de avaliação psicológica prévia ao depoimento, voltada à ocorrência de danos psíquicos ou revitimização a ele associados. Para tanto, apresenta-se síntese reflexiva da experiência profissional dos autores em processos criminais envolvendo violência contra crianças e adolescentes, debatida à luz da literatura especializada nas áreas da Avaliação Psicológica e Psicologia Forense. Na dimensão intrapsíquica do dano, sugere-se a avaliação de fantasias, ansiedades e mecanismos de defesa da criança associados ao depor. Na dimensão intersubjetiva, aprecia-se seu nível de desenvolvimento cognitivo, raciocínio moral e vinculação ao entrevistador. Observou-se a aplicabilidade das técnicas projetivas temáticas – CAT-A, TAT e Procedimento de Desenhos-Estórias – para avaliar tais constructos, utilizando-se vinhetas clínico-forenses para ilustrar o raciocínio avaliativo. Conclui-se que proteger a criança do processo penal é proteger o próprio processo penal.
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