Ainda que seja admitida estreita correlação entre timo e miastenia grave, nem sempre tem sido possível documentar a persistência ou hiperplasia do timo nos pacientes miastênicos. Na grande maioria dos casos que tivemos oportunidade de estudar, as radiografias simples bem como as tomografias do mediastino anterior e superior não permitiram visualizar e nem mesmo suspeitar da existência de timo, persistente ou hipertrófico. Isto nos levou a uma pesquisa semiológica mais acurada mediante o uso do enfisema do mediastino com documentação radiológica (pneumomediastinografia e/ou pneumoplanigrafia).As primeiras tentativas de visualização mais acurada do timo foram feitas à custa de contrastes líquidos radiopacos à base de iôdo, substâncias que, sendo irritantes, provocam reações inflamatórias com fibrose ulterior. Condorelli, citado por Sarteschi e Berttolo 5 , utilizou, em 1936, o contraste gasoso, introduzindo-o ao nível da fúrcula esternal. Desde então êste mé-todo tem sido utilizado por vários autores 2, 3, 4, 5 , mas não tem tido a divulgação que merece, pois ainda continuam a aparecer trabalhos em que este método nem sequer é citado. Em nossa opinião o valor do pneumomediastinograma na miastenia grave é de tal ordem que o método deve entrar na rotina de exames em casos daquela doença.
MATERIAL E MÉTODOSNo material, compreendendo 20 pacientes com idades variáveis entre 6 e 62 anos, todos com miastenia grave, não foram incluídos casos com timoma. Os exames radiológicos simples do tórax, com exposição do mediastino anterior e superior, nas incidências clássicas não mostraram a presença de imagem tímica; apenas em dois casos (casos 12 e 17) foi visto alargamento do mediastino anterior e superior, não permitindo conclusão definitiva. Em alguns dêstes pacientes a planigrafia havia sido também negativa quanto à visualização do timo. Nos casos 3, 4, 5, 6, 7 e 12, além de radiografias simples, foram feitas planigrafias e, depois, radiografias contrastadas.