O objetivo deste texto é apresentar algumas contribuições de Paulo Freire para a construção de uma educação decolonial, com foco em sua concepção do diálogo como fundacional da prática educativa. Oposta à educação de tipo bancária, a proposta de Freire converge com uma concepção decolonial de conhecimento e de ruptura com as estruturas coloniais e eurocêntricas também presentes na educação. Diante disso, trazemos algumas reflexões sobre o conhecimento moderno-ocidental, eurocêntrico e colonial, assim como as contribuições freireanas centradas no diálogo como forma de construir outros conhecimentos e sociabilidades, inclusive em sala de aula. Assim, uma pedagogia decolonial centra-se em uma educação não bancária, e, portanto, uma educação baseada no diálogo de saberes, de convivências epistemológicas e ontológicas, com um currículo aberto para saberes outros não eurocêntricos, para sujeitos outros.
O Pensamento Decolonial Latino-Americano emerge de um grupo de teóricos e teóricas localizados epistemicamente no sul do mundo, cujas reflexões partem da ferida colonial, daqueles e daquelas que tiveram suas vozes e experiências suprimidas pela colonização e modernização. Diante disso, o objetivo que guia a escrita deste texto é analisar as discussões sobre o currículo e a proposta alternativa de educação encabeçada pelo movimento zapatista via pensamento decolonial, a fim de contribuir para uma construção curricular não eurocêntrica, decolonial e decolonizadora. Para tanto, realizei uma pesquisa teórica buscando elementos no pensamento decolonial, nas teorias críticas e não críticas do currículo, e na proposta alternativa de educação encabeçada pelo zapatismo, a fim de contribuir para a reflexão sobre o eurocentrismo no currículo. A partir dessa análise, percebe-se que o currículo dentro das tendências tradicional, tecnicista e renovada representa vários aspectos da colonialidade do poder, ser e saber, excluindo os conhecimentos e identidades dos povos e grupos sociais subalternizados. E que mesmo quando tendências críticas procuraram repensar o currículo dentro do pensamento ocidental, isso aconteceu dentro das orientações do pensamento eurocêntrico, apesar de constituírem importantes contribuições. No entanto, as alternativas de educação dos movimentos sociais latino-americanos, como o zapatismo, apontam e já constroem uma educação decolonial e não eurocêntrica. Os diferentes tipos de conhecimento são considerados em equidade de diálogo, são resgatados e valorizados. Tal discussão torna-se importante na medida em que uma transformação social só é possível juntamente com uma transformação epistêmica, já que a racionalidade ocidental sustenta e sustenta-se sobre o mundo moderno/colonial.
Com objetivo de propiciar o diálogo teórico e epistemológico sobre a interdisciplinaridade no campo da Ciência da Informação, este trabalho apresenta o relato do Colóquio As Mandalas da Interdisciplinaridade da Ciência da Informação.
<p>O objetivo do artigo é problematizar aspectos relacionados à alimentação infantil das crianças com atenção para as relações estabelecidas. Parte do pressuposto de que a alimentação carrega consigo uma gama de valores culturais, sociais, afetivos e comportamentais construídos historicamente que quando vividos institucionalmente pelas crianças pequenas produzem impactos na constituição de suas subjetividades. Trata-se de pesquisa qualitativa, de cunho exploratório, com coleta de dados em uma instituição pública de Educação Infantil de uma cidade de médio porte da região centro-sul do Paraná, por meio de observações e fotografias. A reflexão, ancorada na perspectiva foucaultiana, nos ajudou a compreender que a alimentação está impregnada pela dinâmica do controle dos corpos infantis por meio de relações de dominação que desconsideram o respeito devido às crianças pequenas.</p>
O objetivo deste estudo é relacionar a formação de professores e a educação das relações étnico-raciais sob uma perspectiva decolonial. Partimos do pressuposto, reforçado também por outros autores, como Coelho e Coelho (2018), Pereira e Pereira (2020), Reis (2018), entre outros, de que a formação de professores é central para a construção de uma educação antirracista. Assim, analisamos algumas pesquisas sobre a inserção da temática da educação das relações étnico-raciais em cursos de formação de professores. Concluímos que esse processo ocorre de forma fragmentada e insuficiente, e que, diante de uma concepção decolonial, a transformação das universidades precisa ocorrer de forma estrutural em sua organização e currículo.
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