O artigo se propõe a revisar criticamente a bibliografia dos principais estudos referentes ao complexo âmbito da adaptação, seus intercursos e meandros, a fim de sondar as características e os processos do fazer adaptativo, bem como refletir sobre a espinhosa questão da fidelidade. É possível se pensar o traslado da literatura para a imagem-som não como simples enquadramento/adequação de um código a outro, mas como uma transposição, pensada como arranjos ou adaptações de gêneros, portanto promotora de sentidos.
Este artigo visa analisar a construção de personagens femininas negras nos contos “Aramides Florença” e “Mirtes Aparecida da Luz”, enfatizando a resistência e representatividade da maternidade negra, em “Insubmissas lágrimas de mulheres” (2011), de Conceição Evaristo. Tais mulheres protagonizam histórias de luta pela concretização de condições dignas de vida e de liberdade, ressaltado nas narrativas em abordagens singulares. É latente, nos textos, o ecoar de vozes/vidas/escritas utilizadas como mecanismos de combate contra o racismo e o machismo vigentes na literatura brasileira. Nesse sentido, a literatura de Evaristo se opõe à cunhada nas tradições eurocêntricas e escravocratas ao eleger linhas discursivas diferentes da hegemônica, tendo em vista realçar as diversidades culturais e vivências de promoção e empoderamento negro, além de recriar contextos de enunciação, contrapondo-se ao insistente silenciamento negro, em especial da mulher negra. O aporte teórico utilizado foi o lugar de fala, a voz e a letra da mulher na literatura marginal periférica, na concepção de Dalcastagnè (2012) e Ribeiro (2017), a personagem, no estudo de Brait (2017), dentre outros. Nos textos de Conceição Evaristo, as vidas negras têm importância e são construídas de forma humanizada.
Este estudo desenvolve uma análise de Abril despedaçado (2001), filme dirigido por Walter Salles e baseado no romance albanês homônimo, de Ismail Kadaré (1978), com o fito de perscrutar o processo de transmutação da categoria narrativa tempo no processo de construção cinematográfica. Nesse sentido, o cotejo dialógico empreendido entre literatura e adaptação fílmica é uma dentre as diversas possibilidades de substancializar a experiência do cinema, dilatando os horizontes de interpretação do espectador ao âmbito polissêmico do literário. Além de considerar o complexo universo da adaptação, seus meandros e sinuosidades, a abordagem analítica se pauta em contributos teóricos acerca do tempo no romance e, essencialmente, na crítica cinematográfica, para refletir sobre os entrelaços desse componente narrativo na orquestração da mensagem audiovisual.
A partir do poema “O ovo de galinha”, publicado na obra Serial (1961), propomo-nos, neste artigo, clarificar as estratégias estilísticas na poesia de João Cabral de Melo Neto que possibilitam a percepção do ovo enquanto objeto estético. Dentre outros contributos, apoiamo-nos na concepção de imagem poética de Octavio Paz e nos aportes teóricos de Martin Heidegger acerca de arte e poesia para debruçarmo-nos sobre os aspectos estéticos do poema escolhido. Nesse particular, mediante abordagem analítica, vislumbramos a lida do autor pernambucano com a linguagem, quando arquiteta o processo de composição do texto poético a partir da observação desautomatizada das imagens do real.
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