Pensar a tradução e o feminismo negro -entrevista com Ochy Curiel 1 Dennys Silva-Reis [DSR]: Tem alguma experiência com a prática de tradução feminista? Ochy Curiel [OC]: Sim. Com Jules Falquet traduzimos as contribuições das feministas materialistas francesas Colette Guillaumin, Paola Tabet e Nicole Claude Mathieu, condensadas no texto El Patriarcado al desnudo, tres feministas materialistas, que saiu publicado no ano 2005 através da editora independente Brecha Lésbica. Posteriormente, o Grupo Latinoamericano de Formación y Acción Feminista (GLEFAS), coletivo de que faço parte, traduziu o texto "La invención de las mujeres. Una perspectiva africana sobre los discursos occidentales del género" da nigeriana Oyèróké Oyewùmí em 2017, através da nossa editora, também independente, en la frontera.
Black Feminist Thought and Translation Studies -interview with Patrícia Hill CollinsPensamento feminista negro e os estudos da Tradução: entrevista com Patrícia Hills Collins Dennys Silva-Reis [D.S-R.]: Yours would be a very important contribution to Translation Studies in Brazil and a stimulus for our work in anti-racism in the academy and in the translation field. I believe that your reflections on these topics would be very fruitful in our debates on them, given that few Black women scholars talk about these subjects.
Resumo: A formação histórica do Brasil muito deveu ao trabalho indispensável dos intérpretes desde o chamado "descobrimento" até bem avançado o século XIX. Neste artigo, destacamos a necessidade de conceder maior visibilidade aos intérpretes e à sua contribuição para a história cultural e linguística do Brasil, de modo que se comece a traçar um retrato mais fidedigno das complexas relações entre línguas, povos e culturas que caracterizaram os quatro primeiros séculos dessa história. Para tanto, destacamos o papel desses agentes culturais para uma reescrita da história da tradução no Brasil. Estes que permanecem marginalizados ou mesmo * Doutorando em Literatura no Programa de Pós-Graduação em Literatura na Universidade de Brasília (POSLIT/UnB), Brasília/DF. Mestre em Estudos da Tradução na mesma universidade pelo Postrad (Pós-Graduação em Estudos da Tradução). Bacharel em Letras-Tradução e Licenciado em Língua e Literatura Francesa. Assina o blog Historiografia da Tradução no Brasil (http://historiogra-
A diversidade linguística das futuras colônias portuguesas na América do Sul era notável. Segundo especialistas, havia mais de 1.200 línguas indígenas presentes no território do que seria o Brasil no momento do desembarque dos portugueses. Dessas, mais de metade (cerca de 700) seriam faladas na Amazônia, línguas pertencentes a diversas famílias linguísticas não aparentadas. A grande quantidade de línguas diferentes constituía um pesado obstáculo para a conversão dos povos nativos e também para a ocupação e colonização concreta do território pela Coroa portuguesa, também interessada na escravização da força de trabalho indígena. O impasse se resolveu com a adoção de uma língua – o tupinambá – falada num trecho da costa do Pará, próximo à foz do rio Amazonas, a qual se tornou o que veio a se designar como língua geral. O mesmo processo ocorreu na parte sul da América portuguesa, onde emergiu outra língua geral. Durante o período colonial, portanto, houve duas línguas gerais: a língua geral amazônica e a língua geral paulista. Antes que essas línguas gerais se estabelecessem, a tradução e a interpretação tiveram um papel crucial na conquista dos amplos territórios, onde a língua portuguesa era usada apenas por uma pequena minoria, essencialmente europeus e seus descendentes, situação que permaneceu até as primeiras décadas do século XIX.
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