Como um artefato adentra o conjunto do patrimônio cultural nacional? A resposta a essa questão oferece uma compreensão pragmática das razões pelas quais a expansão dos conjuntos patrimoniais nacionais tem sido tão difundida, geração após geração e especialmente durante a última. Por certo, há também razões “sociais” ou “culturais” mais gerais para tal fenômeno mundial: várias explicações já foram propostas por filósofos, historiadores, sociólogos e antropólogos. No entanto, não se deve subestimar os efeitos das técnicas inventariais e dos métodos de descrição utilizados pelos especialistas do patrimônio, na medida em que tendem a elevar o nível de precisão e de especialização, expandindo os critérios e aumentando o número de artefatos que integram seu conjunto. Um estudo aprofundado desses critérios vigentes, por meio de uma pesquisa realizada de acordo com o que hoje é chamado na França de “sociologia pragmática”, nos permite uma compreensão mais aprofundada daquilo que define o patrimônio cultural e os valores efetivos nos quais ele se baseia: isso é, a axiologia do patrimônio cultural. Mudar do “por que” para o “como” abre, assim, uma visão renovada dos significados do patrimônio cultural. Palavras-chave: Sociologia das Artes; Patrimônio Cultural; Preservação; Valores Culturais; Função Patrimonial.
Este artigo problematiza performances que, ao tensionar reaberturas das interpretações sobre o passado, sobrepuseram novas narrativas às narrativas patrimoniais consolidadas em Joinville. Dois exemplos, a comemoração da presença de negros entre os sepultados no Cemitério do Imigrante e a lavagem ritual do Monumento ao Imigrante, conduzem um debate a respeito dos n ós convocadores de “patrimonialidades”, atos que sugerem outras possibilidades patrimoniais. Tais performances buscaram dar a ver diferenças culturais e reivindicaram políticas de memória que considerem anseios de reparação a grupos sociais historicamente minorizados e invisibilizados.
Resumo:A presente resenha procura não apenas apresentar a obra Antropologia e Performance -Agir, Atuar, Exibir, organizada por Paula Godinho, mas explorar as possibilidades de diálogo entre a história, a antropologia e as demais ciências sociais e humanas. A obra está organizada em três partes que reúnem textos de pesquisadores de diferentes áreas, porém, centrando seus estudos sobre a performance enquanto prática cultural, em diferentes situações, contextos e espaços. Assim, objetiva-se esclarecer o conceito "performance", observando e debatendo algumas das principais referências teóricas utilizadas pelos autores e as possibilidades que se abrem para os historiadores explorarem esse campo de estudos. Palavras-chave: Antropologia. Performance. Ciências Sociais.O livro organizado pela Professora Doutora em Antropologia Paula Godinho, da Universidade Nova de Lisboa/Instituto de História Contemporânea, Antropologia e Performance -Agir, Atuar, e Exibir, publicado pela Editora 100Luz em 2014, permite, além de conhecer pesquisas desenvolvidas e em desenvolvimento nas ciências sociais em Portugal (tendo como tema principal a performance), estabelecer um diálogo profícuo, teórico e prático, com a pesquisa em história. Inicialmente, é importante apresentar * Doutor em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul -PUCRS. Pós-Doutorando na Universidade Federal de Pelotas -UFPel. Momentos que devem ser pensados com um rigor crítico que acabou se esvaindo dos estudos sobre esse tema. Eis uma primeira ponte erguida entre história e antropologia. A autora faz questão de contextualizar historicamente os sujeitos e grupos estudados, pois as práticas em foco ocorrem no presente, que "é histórico, resultado de um processo", ou seja, não é possível estudar a performance, a ação e atuação de indivíduos e/ou grupos sem levar em consideração sua historicidade e como suas práticas vão se (re)significando ao longo do tempo.As performances são encaradas como uma atuação que requer algum tipo de palco e uma audiência, apresentando uma dimensão espetacular, com "[...] atores e espectadores que se interlegitimam, tendendo a constituir uma forma de escrutinar o mundo quotidiano, visto como tragédia, comédia, melodrama, etc." (GODINHO, 2014, p. 14). Essas performances estão presentes nos diferentes grupos sociais, entre "dominantes e dominados". Ao introduzir a noção de "dialética do disfarce e da vigilância", que permeia a relação de forças entre dois grupos, é utilizada a tipologia dos "discursos públicos", que vão ao encontro das visões hegemônicas, que capitulam frente a seus interesses e valores, e a performance exerce papel chave na sua legitimação e dos "discursos escondidos" (SCOTT, 2013) República (1910República ( -1917: historiografia, violência e performance, de Diogo Duarte, que estuda as ações que envolveram a danificação, destruição ou mesmo uso profano de objetos religiosos em um contexto de transformação nas relações entre Estado e Igreja em Portugal. Processo que tem início com o governo do Marquês d...
O artigo problematiza um percurso histórico pontuado por momentos em que a palavra vandalismo serviu para delimitar um mundo que imaginou a si mesmo como civilização. Desenvolve uma genealogia desse conceito, situando conexões entre a invenção do neologismo na França pós-revolucionária, pelo bispo Henri Grégoire, e sua disseminação em manifestos publicados na imprensa periódica ao longo do século XIX e início do XX na França, em Portugal e no Brasil. São discutidos alguns textos do escritor francês Victor Hugo, do historiador português Alexandre Herculano e do crítico literário brasileiro Alceu Amoroso Lima. Tais textos remontam a discussões sobre valores atribuídos ao passado e seus vestígios, concepções de história e memória, ideais de civilização frente à barbárie e caminhos a seguir rumo à consolidação de uma nação.
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