Interessa-nos nesta resenha de tradução investigar se a tradução de Bartleby, o escrevente 1 , de Herman Melville, que acompanha o ensaio Bartleby, ou da contingência, de Giorgio Agamben, aproxima--se ou afasta-se das partes citadas por Agamben em sua exegese do conto melvilleano. Assim, procuraremos discutir se o leitor estaria diante de um livro composto por dois textos que se comunicam de algum modo, ou então se estaria diante de duas obras distintas, o que nos exigirá outrossim uma análise de paratextos presentes no volume como capa, orelhas, quarta capa, ficha catalográfica etc.De início, na capa (v. anexo) percebemos que há um destaque maior no tamanho das fontes em relação ao nome de Giorgio Agamben e ao de seu ensaio, em detrimento ao de Melville e seu conto. Nesse sentido parece-nos que Bartleby 2 viria apenas como um texto aces-1 Para tornar claras as referências vamos citar autonomamente o ensaio em italiano de Agamben como (AGAMBEN, 1993), sua tradução brasileira como (AGAM-BEN, 2015) e o conto de Melville em tradução como (MELVILLE, 2015) e no original como (MELVILLE, 1856).
Este ensaio visa a analisar o relato (récit) em Maurice Blanchot a partir das duas versões da sua obra Thomas l’obscur – a primeira publicada em 1941 e a segunda, em 1950 –, em se pensando na metamorfose sofrida pelo romance (roman) de 1941, bem como nos elementos comuns às duas versões. É conhecido, sobretudo, recentemente, após a publicação de Maurice Blanchot – Passion Politique (2011), que o jovem Blanchot, na década de 30, exercia a profissão de jornalista, enquanto dedicava suas noites à escritura ‘literária’ – aqui se incluiria a primeira versão de Thomas l’obscur. Não se pode esquecer que há uma discussão nunca interrompida sobre a conversão de Blanchot entre esta década e a posterior, nos anos 40, de certa postura ‘fascista’ a uma postura ‘comunista’ – em se reconhecendo os riscos desta simplificação. A fim de que se possam abordar algumas das passagens que foram ‘recortadas’ do romance de largo fôlego, é preciso falar com Dionys Mascolo em cuja carta, inclusa na publicação que teve lugar em 2011, se lê que se houve conversão de um Blanchot jornalista-escritor a um Blanchot com uma linguagem própria esta foi da escritura ao pensamento. Assim, este texto se concentrará nos traços de um pensamento que, em 1980, com a publicação de L’Écriture du désastre, alcançará uma separação – e uma proximidade – nunca antes testemunhada em relação a suas obras anteriores bem como à aparição de outros (filósofos, homens de letras) em cada um de seus fragmentos.
Por toda a sua obra -seja literária, ensaística, epistolar -o escritor italiano Italo Calvino sempre manteve-se preocupado com as relações entre o Mundo não escrito (ou que comumente se chama de Mundo) e o Mundo escrito (que se manifesta na Literatura), buscando a cada projeto escritural seu dar incisivamente um estilo ao Mundo, bem como se metamorfosear num autor imaginário. Assim, neste artigo investigaremos como a busca por estilos diversos se alia às seis propostas calvinianas para renovar a linguagem escrita contra o que ele chama de "a peste da linguagem".
RESUMO: Neste ensaio, propomos uma análise da relação Literatura-Realidade a partir do conto inédito “Dietro il retrovisore” (Pelo retrovisor), de Italo Calvino. Tal conto relata um passeio de carro do senhor Palomar, personagem que vivencia e reflete sobre fatos cotidianos, e que descobre, ao olhar para trás através dos espelhos retrovisores, o Nada, o Vazio sempre às suas costas. Durante nossa análise, teremos em vista tanto a discussão dos espelhos quanto das viagens e das mitologias em Italo Calvino em relação intrínseca com a percepção da realidade e de novas realidades.
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