Resumo O artigo identifica figuras do cansaço e de seu estágio paroxístico, o esgotamento, em ficções do cinema brasileiro recente dedicadas a trabalhadores precarizados. Defende-se que tais estados corporais, por intermédio da forma fílmica, anunciam sensivelmente os mecanismos de poder infligidos sobre os trabalhadores. A fim de desvelar o nexo entre corpo e experiência social, elabora-se um quadro conceitual introdutório apto a analisar a fadiga como categoria estético-política cujos predicados compreendem um abatimento em curso, durativo, e a resistência corpórea em suportar o que afeta o sujeito. À luz do referencial teórico e da análise de Arábia (Affonso Uchôa e João Dumans, 2017), Breve miragem de sol (Eryk Rocha, 2019) e Mascarados (Marcela e Henrique Borela, 2020), argumenta-se que o cansaço do trabalhador é figurado por meio de práticas de seriação, de dispositivos de compressão espaço-visual e do instante residual da postura.
A proposta deste ensaio é analisar a significação da noite como espaço-tempo social em filmes brasileiros realizados ao final da década de 2010. Para além da expressividade e simbologia negativas da treva, costumeiras na iconografia do cinema, busca-se investigar de que modo a noite articula-se a questões políticas. O enfoque recai sobre a sujeição da experiência social do trabalhador aos períodos diurno e noturno, em Arábia (Affonso Uchôa e João Dumans, 2017), o papel da escuridão num testemunho de violência policial, em Sete anos em maio (Affonso Uchôa, 2019), e o lugar da noite no contexto de militância, em Conte isso àqueles que dizem que fomos derrotados (Pedro Maia de Brito, Cristiano Araújo, Camila Bastos, Aiano Bemfica, 2018). A análise privilegia o entendimento político das obras a partir de suas invenções formais, notadamente na narrativa e na plasticidade da imagem.
Este artigo examina as estratégias formais e políticas de curtas-metragens brasileiros dos anos 2010 implicadas numa apropriação imaginativa do trauma colonial, especificamente da escravidão e das diásporas africanas. A partir da análise de Experimentando o vermelho em dilúvio (2016, de Michelle Mattiuzzi), A morte branca do feiticeiro negro (2020, de Rodrigo Ribeiro) e Novo mundo (2020, Natara Ney e Gilvan Barreto), demonstra-se a proeminência conferida ao corpo como meio de fabulação do passado e de resistência contra as estruturas do potentado colonial. Especial atenção é dedicada ao modo como as obras enfatizam a agência política de sujeitos negros e, igualmente, articulam experiências individuais e coletivas a partir da relação entre imagem, som e palavra.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
customersupport@researchsolutions.com
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.