Análise da escritura do escritor marroquino Tahar BenJelloun como um texto dinâmico em constante enunciação.A supremacia do significante. A escritura como risco queexige o abandonar-se aos segredos e aos sentidos imprevisíveis das palavras. O jogo intra/intertextual na estrutura do romance. As mil e uma versões de uma estóriainacabada. Estranha situação! Dir-se-ia que eu figurava no interior de um livro, que eu era um desses personagenspitorescos que surgem no meio de uma narrativa para inquietar o leitor. Talvez fosse um livro entre os milhares apinhados naquela biblioteca onde, em outros tempos, eu vinha trabalhar. E, ao menos, tal como o concebo, um livro é um labirinto deliberadamente construído para confundir os homens, com a intenção de fazer com que se extraviemou regressem às dimensões estreitas de suas ambições.(O menino de areia, p. 173)
INTRODUÇÃOApós a leitura do estudo de Helder Macedo sobre o significado oculto da novela de Bernardini Ribeiro^), a releitura de Menina e moça se rmpõe. Muito se esclarece então, e um novo texto -inesgotável, pois isso é próprio da obra de arte -convida-nos a novas descobertas. Lançamo-nos a ele. Não para possíveis descobertas, mas pera saborear tudo aquilo que antes se desconhecia.A análise de He!der Macedo revela, em toda a obra de Bernardim Ribeiro, a. presença de uma doutrina gnóstica que, para fugir ao fogo da inquisição, acentuou ainda mais seu caráter esotérico. Aponta, com clareza, características fundamentais comuns às religiões gnósti-cas: na poesia, "a radical divisão do eu em duas partes opostas (Entre mim mesmo e mim), a súbita consciência de uma situação existencial negativa só redimível com a morte (Jano e Franco), a revelação da escuridão circundante como o maior bem possível na terra (Ao longo da Ribeira); a dualistica oposição entre a vontade libertadora e a terra aprisionante (Sextina)". E, na Menina e moça, que interessa mais diretamente a este estudo, "além do caráter revelatório e transmundano do amor inspirado por quem 'guarda verdade desconhecida' ", aponta ainda "a insistência na condição de exílio, a definição do bem e do mal como forças opostas numa anormal coexistência, e a caracterização de Deus e da relação que pode unir os homens a Deus em termos de conhecimento, ou gnose"( 2 ).Pareceu-nos interessante, e assim se delineia o propósito desta
Nosso estudo fundamenta-se nos conceitos bakhtineanos sobre a carnavalização.1 Para melhor entender este procedimento literário e como ele se atualiza no conto A Igreja do Diabo, de Machado de Assis, convém partirmos das definições de monologismo, dialogismo e polifonia.O universo de toda criação monológica se carac'eriza por uma unidade de acento ideológico. Neste mundo homofônico, tudo está subordinado à última palavra de seu criador. Uma única consciência organiza e interpreta o mundo criado, um mundo compacto e de significação única, onde os seres são reificados. Por isso, na narrativa clássica, monológica, os personagens são planos, possuem contornos bem definidos e nunca transcendem seus traços típicos. Os diálogos refletem uma luta de vozes aparente, pois é o autor implícito que monopoliza o centro do discurso. A inter-relação de consciências não existe. Tudo se encerra num espaço fechado, subordinado a, um campo de visão único. Kristeva 2 explica o processo monológlco baseando-se na definição saussuriana de paragrama poético. O paragrama poélico de que fala Saussure em Anagrammes se estende de zero a dofs. O zero denota, representa uma espécie de grau zero da escri'ura. O um é o "interdito" lingüístico, psíquico, social, é Deus, o totali'arismo, a hierarquia. Segundo Kristeva, é a lógica de um sis'ema baseado em 0-1 que caracteriza o discurso monológico. O sujeito assume o papel de 1, isto é, de Deus e ignora a palavra do ou'ro. O monologismo é portanto absolutista, teológico, dogmático, causai, científico, linear.
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