O Programa Nacional de Alimentação Escolar é uma das políticas públicas brasileiras que têm estabelecido estreito diálogo com os princípios da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional e da Agroecologia. Diretrizes de execução, alinhadas com a temática da sustentabilidade, foram estabelecidas pela Lei nº 11.947, promulgada em julho de 2009, que estipula recursos para a compra de alimentos produzidos pela agricultura familiar, preferencialmente orgânicos, revelando preocupações ambientais e sociais, voltadas ao desenvolvimento da economia local. Este artigo objetivou refletir sobre a elaboração do cardápio instituído nas diretrizes de execução do Programa, com ênfase nos elementos que podem indicar a alimentação escolar como promotora de sistemas alimentares ecológicos e de desenvolvimento local sustentável. Ressalta-se que, apesar do avanço das diretrizes, é necessário fortalecer estratégias para resgatar hábitos alimentares e produzir alimentos compatíveis com tais diretrizes, além de planejar cardápios que contemplem a diversidade e sazonalidade de alimentos regionais e o mapeamento de agricultores ecológicos para nortear a demanda e a oferta programadas. A gestão da compra e da logística, assim como o apoio governamental ao Programa e o controle social por parte da comunidade escolar, além da sensibilização e educação continuada de técnicos e profissionais da área de alimentação escolar, são fundamentais para que os cardápios escolares dialoguem com a sustentabilidade.
Este ensaio analisa as Práticas Integrativas e Complementares (PICs) e objetiva mostrar as germinais (e potenciais) experiências de formação de profissionais nessa área com perfil para atuar no Sistema Único de Saúde (SUS). É apresentado um estado da arte de cursos na área das PICs, buscando sua interface com a Saúde Coletiva. Utilizaram-se autores das áreas de PICs e material da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares do Ministério da Saúde. Realizaram-se pesquisa conceitual sobre cursos que oferecem tais práticas e contatos com associações e coordenações de cursos dessas práticas. É possível afirmar-se que as PICs podem ser consideradas como estratégias de revitalização do sistema de saúde e de mudança no padrão biologizante e medicalizante do cuidado e da promoção da saúde. No entanto, evidencia-se o despreparo político e técnico de profissionais da saúde para atuar com PICs no SUS. Assim, julga-se essencial fomentar um processo educativo que forme profissionais das PICs em sintonia com as diretrizes do SUS e com os princípios da Saúde Coletiva.
Esta revisão analisa algumas políticas públicas estabelecidas entre 2006 e 2010 que dialogam com as diretrizes da Promoção da Saúde, de modo a investigar como a intersetorialidade perpassa suas ações. A intersetorialidade tem o potencial de revitalizar tais políticas, estimulando ações promotoras da saúde que contemplem os complexos condicionantes do processo saúde-doença. Entretanto, evidenciam-se alguns problemas para atingir esse desafio. Destacam-se o despreparo político e técnico de gestores e profissionais da saúde para assumir ações intersetoriais e questões de ordem administrativa que dificultam a execução integrada de ações. Tal despreparo leva, entre outros danos, à falta de reconhecimento de alguns dos temas das políticas como questões legítimas de Saúde Coletiva. Além disso, permanecem em muitas das agendas das políticas, decisões centralizadas que impedem a participação da comunidade e o surgimento de problemas ajustados às realidades locais, cujas soluções exigem intervenções intersetoriais e criativas. Assim, torna-se essencial fomentar um efetivo processo educativo interdisciplinar que forme profissionais da saúde com visão intersetorial em sintonia com as diretrizes das políticas públicas de promoção da saúde. Também é importante valorizar a dimensão territorial e as redes sociais, potencializando processos participativos que ampliem a perspectiva intersetorial dessas políticas, bem como estimular a ativação do sujeito nos processos decisórios.
Este ensaio objetiva delinear duas temáticas sociológicas atuais, o risco e a reflexividade, partindo de uma discussão que envolve a ciência e o conceito de alimentação saudável, ressaltando os diferentes aspectos envolvidos na definição deste termo. A partir da mobilização de teóricos das áreas de Nutrição, Sociologia Ambiental e Sociologia do Conhecimento Científico, tal ensaio sinaliza a necessidade de considerar o contexto político da pesquisa em Nutrição e a inserção de diferentes atores, além dos especialistas, de forma a revitalizar o processo de construção dos conceitos de alimentação saudável e riscos alimentares. A B S T R A C T This article aims to delineate two current sociological themes, risk and reflexivity, starting from a discussion that involves science and the concept of healthy eating, pointing out the different aspects involved in the definition of this term. Experts from the areas of Nutrition, Environmental Sociology and Sociology of ScientificKnowledge have collaborated to this essay which points out the need to consider the political context of nutrition research and the participation of different actors, besides specialists, to revitalize the process of building healthy eating and risky eating concepts.
The study of controversies is a methodological tool that generates knowledge about the social and political dimensions of science. This approach can be used to understand and explore the topic of organic foods. The present study aimed to analyze the controversies regarding the status of organic foods. We carried out a review of studies published since 1990 in three websites: International Foundation for Organic Agriculture, Soil Association, and Food and Agriculture Organization. The following controversies were identified: 1) effects on human health of the presence of chemical contaminants in organic foods; 2) the quality of organic foods as compared to conventionally grown foods; and 3) price of organic foods. Based on this review, it is possible to conclude that, even though organic foods stand out for their low toxicity, higher durability, and nutritional content of some items, more comparative studies are required to confirm the nutritional superiority of organic foods and to solve the controversies. The discussion must be contextualized within a broad spectrum of health promotion, in which organic farming appears associated with the support for small farming, biodiversity, and local sustainable development, so as to increase offer and demand for organic products at fair prices for individual and institutional consumers.
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