Ancorados no modelo de análise sociolinguístico (LABOV, 2008 [1972]), buscamos examinar com este estudo o efeito de variáveis linguísticas e sociais sobre as construções relativas (CRel) no português falado de Seabra, município brasileiro do estado da Bahia. Para tal, codificamos todas as ocorrências de CRel presentes em 12 (doze) entrevistas sociolinguísticas pertencentes ao banco de dados do Projeto Se abra à Chapada: coletando, explorando e mapeando dados sociolinguísticos (CEMEDADOS), em quatro variantes: neutra, resumptiva (estratégias relativas não preposicionadas), pied-piping e cortadora (estratégias relativas preposicionadas). Com o auxílio da linguagem de programação R (R CORE TEAM, 2020), realizamos análises univariadas e multivariadas (regressão logística), testando correlações de natureza linguística e extralinguística. Os resultados apontaram um aumento significativo da variante pied-piping pelos falantes com nível de escolaridade universitária, um desfavorecimento da resumptiva pelas mulheres e um favorecimento dos valores semânticos de lugar e tempo para a cortadora e de lugar para a pied-piping em detrimento da variante neutra. Assim, atendendo ao processo de escolarização, o aumento nos índices da estratégia pied-piping pode ser considerado um indício de mudança da fala vernácula na direção da fala culta.
Neste trabalho apresentamos um estudo toponímico, afim de verificar tendências no processo de nomeação das microrregiões que compõem o território de identidade denominado Chapada Diamantina/BA. Os topônimos foram inventariados a partir de mapas digitalizados, disponibilizados pelo IBGE (2010), e analisados à luz dos pressupostos teórico-metodológicos propostos por DICK (1980, 1990, 1992) para organização das informações acerca desses topônimos, discussão dos aspectos motivacionais, estrutura morfológica e etimologia. Verificamos com a análise que os aspectos motivacionais que se apresentaram de maneira substancial foram os de natureza física, em especial, àqueles correspondentes à flora, fauna e hidrografia e, quanto à forma dos signos toponímicos, foram mais evidentes aqueles de categoria simples e, no que se refere a etimologia, destacaram-se os étimos correspondentes às línguas indígenas. Assim, constatamos que as informações acerca dos topos vão além do léxico e instituem um conjunto de saberes sócio-histórico-culturais sobre o lugar, no estudo em questão, as microrregiões que constituem o território foco desta investigação.
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