A densidade de escavações urbanas realizadas no actual centro histórico de Lisboa têm permitido recuperar um manancial de informação muito significativo sobre a ocupação da Idade do Ferro. Neste trabalho são apresentados os principais resultados destas múltiplas intervenções, procurando analisar a evolução deste núcleo de povoamento ao longo do 1º milénio a.C., focando com particular detalhe as alterações que se verificam no quadro da cultura material.
Palavras chave:Idade do Ferro; Lisboa; cultura material; faseamento cronológico.
AbstractThe high density of urban excavations that took place in Lisbon´s historic center has retrieved a significant amount of data related with its Iron Age occupation. In this paper we present the main results of these multiple interventions, in order to establish and analyze the evolution of this settlement throughout the 1st millennium BC, focusing with particular detail the changes that occur in the framework of the material culture.
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INTRODUÇÃOOs dados actualmente disponíveis para o estudo da ocupação da Idade do Ferro de Lisboa são já abundantes e permitem caracterizar aquele que é, sem dúvida, um dos mais importantes povoados da fachada atlântica ocidental da costa portuguesa ( fig. 1). O registo arqueológico respeitante a esta fase surge, contudo, disperso pelas múltiplas intervenções realizadas sempre no quadro da arqueologia urbana, situação que levanta vários obstáculos no âmbito de leituras mais abrangentes sobre a evolução deste núcleo ao longo do 1º milénio a.C.Neste trabalho pretende-se esboçar uma primeira aproximação a um faseamento cronológico que permita diferenciar horizontes mais específicos desta ocupação, particularmente no quadro da cultura material.A proposta de faseamento que é aqui apresentada não pretende, naturalmente, assumir um carácter definitivo, uma vez que dados futuros poderão proporcionar novos elementos que permitam uma ulte-
Neste trabalho apresentam-se os primeiros contextos bem caracterizados da fase inicial da ocupação da Idade do Ferro na Colina do Castelo de São Jorge, em Lisboa (Portugal). Escavações arqueológicas realizadas nesta área urbana permitiram, pela primeira vez, detectar uma sequência clara da ocupação da fase Orientalizante da cidade, que se inicia durante o século VII e se prolonga até ao século V a.C. Os vestígios estratigráficos, arquitectónicos e o espólio recolhido, que integra sobretudo ânforas, produções cinzentas, de engobe vermelho, vasos de fabrico manual e cerâmica comum e pintada, são analisados com detalhe, revelando o profundo carácter orientalizante das populações que se instalaram, durante a 1ª metade do 1º milénio a.C., na antiga Olisipo.
, localizado na costa ocidental do Algarve (Portugal), foi ocupado entre o último quartel do século IV a.n.e. e o século II. Da sua ocupação pré-romana existem dados sobre a arquitectura e técnicas construtivas, bem como abundantes materiais arqueológicos. Relativamente aos primeiros, destaca-se um urbanismo ortogonal, estruturado em torno de arruamentos e áreas abertas, mas também uma muito particular técnica de construção, consubstanciada no afeiçoamento e corte do substrato rochoso para implantar os alicerces das habitações e obter a base dos pavimentos. O conjunto artefactual cerâmico é composto por ânforas, cerâmica de mesa (grega e de tipo Kuass) e de uso comum, esta última produzida quer a torno quer à mão. Em todos os grupos, à excepção, como é óbvio, da cerâmica grega e da manual, as produções da Andaluzia meridional são maioritárias, o que evidencia uma profunda ligação à área gaditana, situação que tem paralelos em outros sítios do Algarve litoral, e que parece demonstrar a grande vitalidade e preponderância que a antiga colónia fenícia assume nos momentos finais da Idade do Ferro.
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