O artigo apresenta uma investigação sobre uma experiência de inovação de ensino de matemática registrada em um caderno de uma aluna que frequentou o segundo ano do curso primário do Instituto de Educação General Flores da Cunha, na cidade de Porto Alegre, no ano de 1968. Trata-se de uma abordagem da multiplicação inspirada no conceito de produto cartesiano de conjuntos e orientada para o que é denominado, atualmente, pensamento combinatório. A instituição, dedicada à formação de professores primários, ofereceu um Curso de Didática da Matemática Moderna na Escola Primária desde 1966. Por meio do cruzamento de fontes diversas, a pesquisa identifica as conexões entre a experiência registrada no caderno, os estudos promovidos no Curso e as publicações de autores engajados no movimento da Matemática Moderna. Também são tecidas considerações sobre o currículo praticado naquela escola, sobre o poder criativo da cultura escolar e sobre as ressonâncias da Matemática Moderna nas produções correntes sobre o ensino de Matemática para os anos iniciais da escolarização.
O trabalho apresenta representações da educação escolar presentes no romance “Em busca do tempo perdido”, de Marcel Proust, e identifica nelas traços da escolarização do autor. Os excertos que fazem menção à escola ou a saberes matemáticos são extraídos a partir de edição brasileira e de versão francesa da obra, cotejados com documentos escolares, e analisados à luz do conceito de aculturação escolar, tal como é descrito por Chervel. As Álgebras e Geometrias reinventadas pelo narrador do romance são interpretadas como construções literárias através das quais o autor evoca, em um movimento simultâneo de transgressão e de homenagem, a educação matemática escolar de sua juventude.
educacionais? Quais valores ou princípios motivaram o engajamento da SBEM na discussão e implementação das políticas? No primeiro projeto de estatuto da Sociedade, aprovado ao final do I Encontro Nacional de Educação Matemática (ENEM), em fevereiro de 1987, constava o princípio orientador de "promover e defender o direito de todos a uma Educação Matemática libertadora e democrática, acessível a todos" (PEREIRA, 2005, p. 156). No último dia 18 de outubro, entre o primeiro e o segundo turno das últimas eleições presidenciais, a diretoria da SBEM publicou uma nota em que declara o alinhamento da nossa Sociedade "com a opção pela Escola para a reflexão, criatividade, produção de saberes, autonomia e liberdade" (SBEM, 2018). Podemos pensar nesse texto recente como uma atualização daquele, produzido em 1987? 1 Avanços, impasses e tensões na vigência da Constituição Cidadã O aniversário da Sociedade corresponde aos trinta anos de vigência da Constituição de 1988, que tem sido denominada "Constituição Cidadã". Uma Constituição que nunca foi implementada e respeitada na sua plenitude, mas que instituiu avanços hoje ameaçados; dentre eles, o da liberdade de ensinar e aprender e os percentuais mínimos de gastos das receitas de impostos com a educação, por parte da União, dos Estados e municípios 3 (BRASIL, 1988). O cenário em que nos movemos ao longo desses trinta anos, é, portanto, o da configuração e instalação de uma nova institucionalidade. Após a promulgação da Constituição, tivemos oito anos de debate até a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), em 1996, que institui, dentre outras novidades, a figura da Educação Básica, abarcando a Educação Infantil e a progressiva universalização do Ensino Médio gratuito; e o requisito da licenciatura plena como formação mínima para atuação de professores nos anos finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio (BRASIL, 1996). Por sua vez, o primeiro Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado em 2001, foi, na prática, substituído em 2007 pelo Plano de Desenvolvimento de Educação (PDE) (SAVIANI, 2008); e, em 2014, tivemos a aprovação do segundo PNE, que estabelece vinte metas para o decênio (BRASIL, 2014a). Já numa onda regressiva temos, em 2016, a aprovação da Emenda Constitucional nº 95, que suspende a garantia dos percentuais mínimos constitucionais de 3 Inscritos, respectivamente, em seus artigos 206 e 212.
O trabalho tem como foco a experimentação realizada em salas de aula como preparação da reforma do ensino de Matemática para o primeiro ciclo do segundo grau na França, no fim dos anos 1960. A partir da análise de documentação do período e de trabalhos de autores que investigaram aquela reforma, são discutidas as interveniências de diferentes atores e sua participação na configuração do processo de experimentação. Numa perspectiva comparativa, são propostas algumas reflexões sobre experimentações propostas e conduzidas no Brasil no mesmo período. Busca-se contribuir para a discussão dos diferentes lugares que as práticas de sala de aula podem ocupar nos processos de reformas curriculares.
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