Sustentado em pressupostos teóricos psicolinguísticos no tocante ao processamento cognitivo da leitura, inclusive e especialmente por meio dos modelos Bottom-up e Top-down e Dupla Rota e, ainda, em estudos de revisão de literatura que tratam da relação entre fluência e compreensão leitora, este estudo objetiva avaliar a relação entre fluência e compreensão leitora. Avaliou-se a fluência leitora por meio do critério tempo de conversão grafema-fonema e a compreensão leitora por meio de respostas escritas de questões abertas de compreensão. Participaram 27 estudantes do 4º e do 5º ano do Ensino Fundamental, entre 9 e 12 anos, de ambos os sexos, de uma escola pública no interior da Bahia. Observamos uma correlação negativa forte entre as duas variáveis estudadas (r = - 0,70), pois, quanto maior a compreensão leitora, menor foi o tempo levado para a leitura. A velocidade de leitura mostrou-se relevante para a compreensão até a conversão entre 5 e 6 grafemas por segundo. Ao que parece, a falta de reconhecimento automático dos grafemas impõe maior custo de processamento cognitivo, ou seja, o processamento pelas vias fonológica e ascendente parece consumir a gama essencialmente limitada de recursos cognitivos da memória de trabalho. Como consequência, não restam recursos cognitivos para o acesso ao significado. Conjecturamos que a demora de conversão dos grafemas em fonemas, como vimos neste estudo, indício de processamento serial e uso preferencial da rota fonológica e da via ascendente, não colabora para o processamento cognitivo em paralelo e para a leitura compreensiva.
Este estudo teve como objetivo avaliar os preditores linguísticos e cognitivos - consciência fonológica, consciência sintática, atenção seletiva e memória de trabalho - do aprendizado inicial da leitura e da escrita. Esta pesquisa é de abordagem quantitativa e longitudinal. Os participantes foram vinte e duas crianças, de 6-7 anos de idade, as quais foram submetidas à administração de testes neuropsicológicos em dois momentos: no 1º ano de alfabetização (T1) e no 2º ano de alfabetização (T2). Os resultados mostraram: a) a consciência fonológica apresentou-se como a maior preditora dentre todas as variáveis, demonstrando correlação forte e extremamente significativa; b) em relação à consciência sintática, observarmos correlações fracas, mas não significativas; c) sobre a memória de trabalho verificamos correlação significativa e moderada entre a memória de trabalho fonológica e, especialmente, a leitura do PROLEC, em dissonância da memória de trabalho visuoespacial, com nenhuma correlação significativa; d) a variável atenção seletiva apresentou-se correlacionada de forma fraca e significativa com a leitura e escrita do TDE. Dessa forma, consideramos plenamente relevante conhecer as variáveis preditoras da aquisição e aprendizado inicial da leitura e escrita, oportunizando a prevenção, identificação e intervenção, em casos de dificuldades de aprendizado.
Este estudo, enquadrado na área de Aquisição da Linguagem, subárea da Psicolinguística, com interface interna com a sintaxe e externa com a Psicologia Cognitiva objetivou avaliar a variável consciência sintática e suas relações com outras variáveis de natureza linguístico-cognitivas: consciência fonológica, atenção seletiva e memória de trabalho, no âmbito das discussões sobre a predição de aprendizado inicial da leitura e da escrita, ancorado em modelos de processamento da leitura (GOMBERT, 2003; PEREIRA, 2010 SCLIAR-CABRAL, 2008) e de aquisição e aprendizado da leitura e escrita (FERREIRO; TEBEROSKY, 1999; KATO, 1986). A respeito da consciência sintática, os estudos documentados na literatura científica ainda são bastante controversos (REGO, 1995; 1997; BOWEY, 2005). Há vasta literatura que investiga a consciência fonológica e, por outro lado, poucos estudos que avaliam a consciência sintática. Esta pesquisa é um estudo de campo, de abordagem tanto quantitativa quanto qualitativa, do tipo exploratório, descritivo e longitudinal. Os participantes foram vinte e duas (22) crianças, de 6-7 anos de idade, os quais foram submetidos a administração de testes neuropsicológicos em dois momentos: início do 1º ano de alfabetização e início do 2º ano de alfabetização, a fim de analisarmos de forma longitudinal o aprendizado da criança. No primeiro momento, foram avaliadas as seguintes variáveis: consciência sintática; consciência fonológica; leitura; escrita; atenção seletiva; memória de trabalho visuoespacial; e memória de trabalho fonológica. No segundo momento, foram reavaliadas as variáveis com os respectivos instrumentos já citados: leitura, escrita e consciência sintática. Os dados coletados foram tabulados e tratados qualitativa e quantitativamente, por meio da análise descritiva e análise correlacional, mediante o Coeficiente de Correlação de Pearson. Sob a perspectiva transversal e longitudinal dos nossos resultados, tanto da análise quantitativa quanto qualitativa, crianças com níveis mais elevados de consciência sintática, no primeiro momento de aplicação dos testes, apresentam melhor desempenho em aquisição e aprendizagem de leitura e escrita, quando comparados com crianças com baixos escores em consciência sintática. Ademais, considerando os resultados em consciência sintática e leitura e escrita, observamos que os resultados nos testes foram melhores no segundo momento se comparados ao primeiro momento em ambas as variáveis. Nossa hipótese explicativa para esse fenômeno pode estar na relação de reciprocidade entre a consciência sintática e o ensino do sistema de escrita. Ou seja, bons níveis de consciência sintática colaboram para a aquisição e o aprendizado da leitura e da escrita e isso, por sua vez, colabora para o aumento da consciência sintática. Os resultados alcançados demonstram que, embora a consciência fonológica tenha maior potencial preditor, há um conjunto de fatores linguísticos e cognitivos que predizem o desempenho ulterior em leitura e escrita, e revela, ainda, que a consciência sintática, apesar de apresentar correlações fracas, demonstra grande significância e papel importante na predição do aprendizado inicial da leitura e escrita, e não deve ser negligenciada.
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