Resumo A morte é simbólica, histórica e socialmente construída. Mais do que um processo biológico, é uma elaboração cultural, e discuti-la significa, portanto, entender suas representações e práticas. Embora seja atualmente entendida de forma negativa, nem sempre foi tida como tabu. Este artigo busca desvelar de que modo foi estabelecida a oposição entre a vida e a morte em proveito da vida como positividade e as consequências do banimento da ideia de finitude em prol de um mito de imortalidade. A partir de uma revisão da literatura sobre as concepções da morte no Ocidente, especificamente no Brasil, esta discussão propõe repensar a bioética como campo disciplinar que deve abarcar, para além de modelos dogmáticos e autoritários, valores morais plurais. Esta reflexão permite encarar a morte como constituinte da vida e, assim, arrostar a impossibilidade do nada, fim inexorável, como possibilidade infinda, em suas diversas acepções e seus diferentes sentidos.
A saúde brasileira não se diferencia de muitas áreas de interesse público no Brasil, onde a realidade vivenciada pela população está muito distante da ampla cobertura registrada na lei. Este trabalho tem por objetivo avaliar a magnitude das despesas da sociedade brasileira na área da saúde, abrangendo tanto os gastos públicos como os gastos privados das famílias, a partir de uma comparação de dados agregadosde países de renda média da América Latina e dos Brics. Os resultados indicam que os gastos na área da saúde no Brasil estão acima da média da amostra selecionada, com os gastos públicos ocupando uma posição intermediária, compatível com nosso nível de renda. Diante das restrições impostas pela condição econômica, é preciso intensificar o debate voltado à racionalização e priorização desses gastos.
Resumo: O presente trabalho traz uma reflexão sobre o surto causado pelo Zika vírus, que atingiu a população brasileira e acabou gerando consequências não somente físicas como também emocionais para todos os envolvidos. Há um grupo particular que tem de lidar todos os dias com as dificuldades dessa nova realidade imposta: as mulheres. A abordagem desse tema parte do pressuposto da necessidade de conhecer, compreender e apreender essas questões biopsicossociais em sua amplitude e magnitude. Torna-se necessário adentrar um contexto relativamente novo que atingiu principalmente mulheres negras e pardas, pobres e com baixa escolaridade, a fim de traçar melhorias na atenção aos direitos reprodutivos e à saúde mental delas. Assim, a realidade das mulheres que tiveram filhos com diagnóstico de microcefalia em virtude do Zika vírus foi acessada. Para tanto, foi realizado um estudo de abordagem qualitativa, de cunho etnográfico, em uma instituição de referência no atendimento à saúde da mulher e da criança no Estado do Pará. Verificou-se que as mulheres nessa situação não foram ouvidas ou cuidadas, além do atendimento normatizado para um pós-parto. Concluiu-se que, apesar dessa falta, a saúde mental dessas mulheres é afetada desde o início da gravidez. Logo, os contextos familiar e social tornam-se importantes para fomentar discussões sobre as práticas de saúde e as representações que o Zika acarreta para as mulheres que tiveram sua vida alterada pela situação que provocou um grande alarme em toda a sociedade.
O histórico da regulamentação da ética em pesquisa nos Estados Unidos e no Brasil permite refletir sobre as diretrizes internacionais e nacionais e, particularmente, o Sistema CEP/Conep brasileiro. Embora os sistemas de revisão ética vigentes tenham relegado as contribuições das Ciências Humanas e Sociais, esse campo do conhecimento traz uma reflexão pertinente sobre o processo de obtenção do consentimento livre e esclarecido e as expressões da vulnerabilidade de participantes de pesquisas científicas. O exemplo das pessoas com transtornos mentais partícipes de estudos, ao remeter para as relações de poder existentes entre os ditos loucos e normais, bem como entre as pesquisas biomédica e social, possibilita aprofundar as concepções trazidas por regulamentações metadisciplinares e atentar para especificidades sócio-econômico-históricas de pessoas e/ou grupos de pessoas pertencentes a contextos diversos. O desafio está na busca de consensos na arena científica para que, assim, o debate sobre os cuidados éticos na pesquisa possa tropegamente avançar
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