Resumo Partimos de uma lacuna epistemológica em trabalhos sobre a análise de discurso aplicada à gestão para apresentar possibilidades de incorporação nos estudos organizacionais da análise crítica do discurso (ACD) de Norman Fairclough. A ACD compreende as organizações como formações ideológico-discursivas, trazendo à tona a relação entre ideologia, hegemonia e discurso. Suscitamos, em verdade, uma ponderação sobre o objeto e método de trabalho do pesquisador em administração. A proposta de Fairclough é claramente uma alternativa nessa direção, pois possibilita uma reflexão onto-epistemológica sobre as organizações combinada a um esforço metodológico, que termina por sugerir alternativas de pesquisa sobre a emergência, hegemonia, recontextualização e operacionalização discursiva no cotidiano organizacional. Por fim, acreditamos que a ACD cumpre a função de não separar os discursos de um campo particular que se supõe autônomo - como uma corporação - de seu contexto social, o que possibilita uma interpretação crítica das organizações - descolada dos saberes reificados sobre a gestão - e uma reconexão da administração às problemáticas contemporâneas da sociedade.
Resumo Este artigo, elaborado a partir das contribuições de Robert Cooper, busca pensar uma ontologia organizacional que se distancie das concepções teóricas da administração ligadas à ciência moderna, aproximando-se de uma perspectiva pós-moderna. Após breve contextualização do tema, apresentamos os princípios conceituais que fundamentam o pensamento moderno e suas implicações para a teorização organizacional, bem como suas limitações. Em seguida, descrevemos as bases do ponto de vista pós-moderno e seus desdobramentos. Finalizamos sugerindo que as organizações sejam reconhecidas como acontecimentos inventivos múltiplos, que surpreendem o previsto e acentuam o caráter emergente da realidade social. As ideias de Cooper suscitam uma epistemologia focada na descrição e interpretação da organização como processo, isto é, na captura do presente etnográfico organizacional. As organizações, sendo objetos empíricos, prosseguem vivas, ativas, híbridas, fragmentadas. Como diria Bruno Latour, jamais fomos modernos e nossas organizações também não foram ou não são modernas.
Resumo O objetivo deste ensaio é propor um alinhamento teórico possível entre o aporte dos estudos decoloniais latino-americanos - com ênfase no trabalho de Enrique Dussel - e a abordagem teórico-metodológica da teoria da prática, partindo de um entendimento específico do debate centro/periferia para adentrar a forma de capturar as organizações em sua localidade. O argumento central defendido aqui é que, partindo-se do pressuposto de que as organizações não acompanham modelos genéricos, neutros e supostamente universais, elas podem e devem ser capturadas dentro da localidade em que se realizam. Nesse sentido, propõe-se a abordagem decolonial como aporte teórico para aproximação das organizações em seu contexto e a teoria da prática como forma de conhecê-las em seu movimento cotidiano, habitual, corriqueiro e, por vezes, improvisado.
O objetivo do artigo é estudar a contribuição das alianças para a longevidade das empresas, tendo como objeto um campo quase esquecido pela administração, as organizações circenses. A despeito de sua importância econômica e simbólica, tal setor é pouco estudado sob o ponto de vista de suas práticas gerenciais. Nesse sentido, o problema proposto para exame é identificar em que medida as unidades pesquisadas realizam alianças capazes de gerar benefícios competitivos. O foco de investigação são as parcerias com licenciadas de marcas ícones do entretenimento infantil nacional, como Patati Patatá, Galinha Pintadinha e Turma da Mônica. Como objetivo secundário, pretende-se gerar subsídios para pesquisas futuras acerca do circo, razão pela qual o referencial teórico sobre alianças organizacionais foi elaborado em uma perspectiva ampla, posição coerente com o estágio incipiente da produção científica no segmento. Metodologicamente, adotou-se uma abordagem qualitativa com base em entrevistas em três circos de grande porte, da Região Sudeste. As informações foram trabalhadas por meio da análise do discurso. Os casos estudados apontaram que as alianças são uma fonte de valor por proporcionarem ganhos de performance nas dimensões: econômica (redução de risco, maximização dos ativos e de receita), de diferenciação competitiva (oriunda da partilha de recursos), e de desenvolvimento de capacidade adaptativa, denotada pelo senso de oportunismo decorrente das parcerias. Outro achado relevante diz respeito à presença antiga das alianças no cotidiano dos circos. Também foram apontados caminhos para esforços acadêmicos posteriores sobre: 1. os modos de existência das organizações circenses; 2. a fluidez e extensão dos limites organizacionais; 3. a relação de subordinação e os jogos de poder entre as partes envolvidas, com destaque para o exame da ambivalência gerada pelas alianças, expressa pelo paradoxo da conquista de flexibilidade versus a restrição competitiva; 4. a influência dos laços sociais na escolha e na coordenação das alianças; 5. as relações contratuais na indústria circense; 6. o aprofundamento da identificação dos recursos compartilhados. Por fim, cabe pontuar que as constatações levantadas não podem ser generalizadas, dado o recorte da população investigada.
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