O pomerano é uma língua minoritária brasileira trazida por imigrantes das terras baixas da região do Mar Báltico há quase 170 anos. A língua é falada em seis estados do Brasil, predominando no Espírito Santo e no Rio Grande do Sul. Motivados pela pesquisa de Tressmann (2006a, 2006b, 2008), os estudos e as iniciativas de manutenção da língua surgiram no estado do ES e têm influenciado também a pesquisa feita em outros estados. O objetivo deste trabalho é verificar o estado da arte da pesquisa linguística que envolve o pomerano do RS. Para tanto, estabeleceu-se como método a revisão da literatura, buscando-se, em bases de dados, artigos científicos completos, dissertações de mestrado e teses de doutorado por meio da palavra-chave “pomerano”, sem estabelecer restrição quanto ao ano de publicação. Foram encontrados 20 estudos que se encaixaram nos critérios da revisão. Os resultados da revisão revelam diferentes possibilidades de investigação sobre uma língua. Por outro lado, apontam lacunas relacionadas principalmente à descrição do pomerano falado no RS, à escrita e às políticas linguísticas. Estudos sobre o pomerano e o bilinguismo/multilinguismo no qual ele está inserido são essenciais para criar estratégias de manutenção da língua, uma preocupação pertinente para manter sua vitalidade.
O presente trabalho se propõe a investigar a influência do pomerano – língua de imigração falada na antiga região europeia da Pomerânia – na produção oral dos segmentos róticos. Para tanto, foram investigadas as produções de 68 sujeitos, estudantes do 2º, 3º, 4º e 6º anos: treze bilíngues de Arroio do Padre – grupo BA –, dezoito monolíngues de Arroio do Padre – grupo MA – e trinta e sete monolíngues de Pelotas – grupo MP, controle. Na coleta de dados de fala, as crianças tiveram de criar uma narrativa, tomando por base o livro não verbal Não me pega! (FOREMAN, 2005). Além disso, produziram itens lexicais que continham os segmentos alvo no interior da frase-veículo Digo____duas vezes. Nesta segunda etapa, as palavras selecionadas foram controladas fonologicamente, distribuindo-se em 21 contextos segmentais, replicando as variáveis utilizadas por Miranda (1996). Os dados de fala foram coletados com um gravador digital modelo Zoom H4N. Todos os dados foram submetidos à análise estatística, por meio do programa SPSS Statistics, versão 17.0. Os resultados verificados, apesar de apresentarem índices menos expressivos do que os apontados por autores como Vandresen (2006), revelaram uma influência do pomerano na produção dos róticos, mais acentuada na fala dos sujeitos bilíngues, embora igualmente relevante na fala dos sujeitos monolíngues de Arroio do Padre. Tal influência explica a produção de tepes e vibrantes, no início de sílaba, em itens lexicais que, no falar de Arroio do Padre, seriam produzidos com a fricativa velar.
Exceto onde especificado diferentemente, a matéria publicada neste periódico é licenciada sob forma de uma licença Creative Commons -Atribuição 4. A concordância é investigada nos artigos de Foeger, Yacovenco e Scherre, de Vieira e Silva e de Christino e Silva. No primeiro, é examinada a interação entre a alternância nós/a gente e a concordância com o sujeito nós em entrevistas de experiência pessoal coletadas na área rural de Santa Leopoldina-ES, com o objetivo de se estabelecer uma comparação com resultados já obtidos na capital Vitória. A presença de uma regra variável de concordância verbal de terceira pessoa do plural na fala de adultos em São Tomé e Príncipe é investigada no segundo artigo, a partir da realidade multilíngue da localidade e do modelo europeu de concordância. No terceiro, a subárea das Línguas em Contato é explorada a partir da descrição da marcação de plural em sintagmas nominais na variedade "étnica" do Português Brasileiro falada na região de fronteira entre Brasil e Peru e em terras indígenas localizadas no Alto Juruá e Purus.Araújo, a partir da observação da variação entre formas do pretérito perfeito em língua espanhola, discute o conceito de variável linguística no âmbito da variação morfossintática a partir do papel das informações contextuais, do valor de cada forma em variação e da informação diatópica.O português falado em Luanda (Angola) é considerado por Araújo e Dantas a partir da análise dos verbos ter e haver em construções existenciais prototípicas. Semelhanças e diferenças com o Português Brasileiro e o Português Europeu são salientadas com relação à variação investigada, assim como também o condicionamento social revelado pelas variáveis idade e escolaridade.
O presente trabalho investiga a influência do pomerano na produção dos segmentos róticos em sequências consonantais [CR] e [RC] no português falado no município de São Lourenço do Sul (RS). Para tanto, são analisadas as produções de dez participantes, cinco delas bilíngues, falantes do português e do pomerano, e cinco monolíngues, falantes do português, constituindo o grupo controle. Foram realizados três experimentos para produção dos dados: descrição de imagens, nomeação de imagens e leitura de palavras. Esses experimentos perpassavam um continuum de estilo, no qual o primeiro emulava um ambiente mais naturalístico, a fim de observar um registro mais natural da fala; o segundo e o terceiro experimentos, por sua vez, apresentavam um controle mais experimental, em que os itens lexicais foram previamente selecionados, distribuídos de acordo com as variáveis posição do rótico, ponto de articulação de C, vozeamento de C, tonicidade e vogal nuclear da sílaba. Assim, obteve-se um número de produções regular entre as participantes, bem como controlou-se a atuação de variáveis linguísticas. Os resultados revelaram emprego quase categórico do tepe na posição pré-vocálica, tanto no grupo bilíngue quanto no monolíngue. Na posição pós-vocálica, por outro lado, verificou-se que, enquanto as monolíngues produziram número elevado de tepes, as bilíngues demonstraram grande variação, produzindo em número considerável de vibrantes múltiplas, aproximantes e fricativas palato-alveolares desvozeadas. O Teste de Qui-Quadrado com resíduos padronizados detectou uma correlação entre o emprego dessas variantes e o grupo bilíngue. Além disso, detectou uma correlação entre o emprego do tepe e o grupo monolíngue. Propôs-se, como conclusão, que o pomerano exerceu influência sobre esses resultados, dado que, na língua de imigração, o tepe não ocupa a posição pós-vocálica, o que pode ter influenciado os falantes a evitar o emprego dessa variante na posição de coda.
O presente trabalho busca investigar a influência do Pomerano, língua de imigração Baixo-Saxã falada no município de Arroio do Padre (RS), na percepção dos segmentos róticos por estudantes bilíngues e monolíngues do segundo, terceiro, quarto e sexto anos de duas escolas públicas. Para tanto, foram formados três grupos de investigação: bilíngues de Arroio do Padre (grupo BA), monolíngues de Arroio do Padre (grupo MA) e monolíngues de Pelotas (grupo MP, controle). Foram realizados dois testes de percepção. No primeiro, de identificação com escolha forçada, os sujeitos ouviam uma palavra e deveriam associá-la a uma de duas imagens mostradas na tela de um laptop. No segundo, de discriminação do tipo ABX, eram ouvidas três palavras, e os participantes deveriam apontar se uma delas era diferente das demais, se todas eram iguais ou se todas eram diferentes. Após os índices de acerto e os tempos de resposta serem contabilizados, os resultados revelaram que, enquanto o grupo MA aumentou o número de acertos ao longo da escolaridade, e o grupo MP diminuiu o tempo de resposta necessário para escolher a alternativa correta, o grupo BA demonstrou um índice de acertos inferior aos demais, sem uma evolução ao longo das séries. This work is licensed under a Creative Commons Attribution 3.0 License.
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