Neste trabalho, observa-se de que forma a ocorrência de imprecisões fonético/fonológicas pode refletir nas trocas ortográficas relacionadas aos segmentos oclusivos. Para tanto, foram coletados dados de fala e de escrita de onze crianças, com faixa etária entre sete e oito anos, estudantes do segundo ano de uma escola pública, por meio de três etapas metodológicas. A partir do corpus obtido, nota-se maior ocorrência de trocas de oclusivas na relação surda/sonora e em sílabas constituídas por encontros consonantais. A análise de outiva não evidenciou a correspondência dessas trocas na fala, no entanto, análises acústicas revelaram indícios do papel do aprimoramento fonético/fonológico na escrita dos segmentos oclusivos.
Este artigo apresenta uma análise de /l/ do português brasileiro, produzida em uma comunidade influenciada pelo polonês como língua de imigração. O segmento no polonês caracteriza-se como menos velarizado (GUSSMANN, 2007) em início e final de sílaba. Assim, analisou-se se, no português de contato com o polonês, a consoante apresenta as mesmas características, em ambas as posições silábicas. Para a investigação, analisaram-se acusticamente produções de /l/ pré-vocálico de falantes de português e polonês como língua de imigração, habitantes da comunidade investigada. Para a análise, foram medidos os valores de F2, F1 e da sua diferença, para determinar o nível de velarização dos segmentos, seguindo Brod (2014) e Recasens (2004). Para comparação com os dados analisados neste estudo, foram retomadas as produções de /l/ pós-vocálico apresentadas em Rosinski (2019). A análise revelou que, tanto em posição pré-vocálica como pós-vocálica, o segmento caracteriza-se como menos velarizado, ainda que, em início de sílaba, os níveis de velarização tenham sido menores. Tem-se, portanto, uma caracterização específica da produção do segmento para a comunidade de fala investigada, cujas práticas sociais – como orações e cantigas recitadas e conversas informais –, realizadas especialmente em seus núcleos familiares, promovem o contato linguístico e tornam peculiar o português local.
Neste trabalho, são apresentados dados de produção oral, os quais evidenciam de que forma o polonês como língua de imigração manifesta-se no português como língua majoritária. O objeto de análise consiste em produções da lateral /l/ em posição pós-vocálica, realizadas por sujeitos bilíngues que constituem uma comunidade de origem migratória. Pela caracterização do segmento, busca-se evidenciar como a utilização da língua de imigração é capaz de gerar uma constituição linguística única em seus falantes. Para a análise, é realizada uma exploração qualitativa, apoiando-se em critérios de análise acústica de registros orais e de análise articulatória de imagens ultrassonográficas. Os resultados apontam que a consoante de fato assume características bastante distintas das que são observadas nas formas consideradas padrão do português brasileiro. Assim, a constituição linguística diferenciada, refletida neste estudo, nas produções de /l/, sustenta-se pela utilização do polonês como língua de imigração pelos indivíduos da comunidade.
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