No presente trabalho, propomos uma reflexão teórica sobre o ensino de pronúncia de língua estrangeira à luz da Teoria da Complexidade (e.g., BECKNER et al., 2009). Para tanto, analisamos o framework para o ensino comunicativo proposto por Celce-Murcia et al. (1996) e Celce-Murcia et al. (2010), tendo como base os Sistemas Adaptativos Complexos. Nesta análise, fica colocado que o modelo proposto poderia vir a ser capaz de sustentar a metáfora da Complexidade aplicada à linguagem, por contemplar o fato de que múltiplos agentes devem interagir organicamente durante os processos de ensino e aprendizagem, e que o comportamento de um falante é gradualmente construído tendo como base suas experiências anteriores. Todavia, apontamos que apenas seguir os passos propostos pelo framework não garante que a dinamicidade se instaurará no ensino. Destacamos, então, o papel do profissional devidamente qualificado para implementar e orquestrar a Complexidade na sala de aula de língua estrangeira.
*Atrito de língua materna: os efeitos do inglês (L2) nos padrões de VOT do português brasileiro em um ambiente de L1 dominante*Partindo de uma visão de linguagem como um Sistema Adaptativo Complexo (CAS) (BECKNER et al., 2009; DE BOT et al., 2013), este trabalho discute o atrito linguístico. Seguindo esse trabalho, neste estudo, verificamos possíveis efeitos de atrito no português entre aprendizes de inglês residentes no Brasil (contexto de L1 dominante). Analisamos o VOT (Voice Onset Time) de plosivas bilabiais e velares, surdas e sonoras, em posição inicial de palavra do PB. Participaram do estudo 33 sujeitos, residentes em Porto Alegre. Os participantes foram divididos em 3 grupos (11 monolíngues do PB, 11 aprendizes de inglês de nível intermediário e 11 aprendizes avançados). Todos os participantes realizaram, individualmente, um teste de leitura de palavras do PB. Testes ANOVA demonstraram uma diferença significativa entre os grupos nas produções em português referentes à consoante velar surda, sugerindo o atrito nesse segmento. Não foram, entretanto, encontradas diferenças significativas entre aprendizes de nível intermediário e avançado. Os resultados, ainda que sugiram que o atrito seja menos comum em contextos de L1 dominante, não nos permitem descartar a possibilidade de ocorrência de tal fenômeno, provendo evidências de que, em contexto bilíngue, a transferência linguística possa ser bidirecional.
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