*Atrito de língua materna: os efeitos do inglês (L2) nos padrões de VOT do português brasileiro em um ambiente de L1 dominante*Partindo de uma visão de linguagem como um Sistema Adaptativo Complexo (CAS) (BECKNER et al., 2009; DE BOT et al., 2013), este trabalho discute o atrito linguístico. Seguindo esse trabalho, neste estudo, verificamos possíveis efeitos de atrito no português entre aprendizes de inglês residentes no Brasil (contexto de L1 dominante). Analisamos o VOT (Voice Onset Time) de plosivas bilabiais e velares, surdas e sonoras, em posição inicial de palavra do PB. Participaram do estudo 33 sujeitos, residentes em Porto Alegre. Os participantes foram divididos em 3 grupos (11 monolíngues do PB, 11 aprendizes de inglês de nível intermediário e 11 aprendizes avançados). Todos os participantes realizaram, individualmente, um teste de leitura de palavras do PB. Testes ANOVA demonstraram uma diferença significativa entre os grupos nas produções em português referentes à consoante velar surda, sugerindo o atrito nesse segmento. Não foram, entretanto, encontradas diferenças significativas entre aprendizes de nível intermediário e avançado. Os resultados, ainda que sugiram que o atrito seja menos comum em contextos de L1 dominante, não nos permitem descartar a possibilidade de ocorrência de tal fenômeno, provendo evidências de que, em contexto bilíngue, a transferência linguística possa ser bidirecional.
Este trabalho tem como objetivo discutir evidências de atrito linguístico do português (L1) em falantes bilíngues (português e inglês-L2) e trilíngues (português, inglês-L2 e alemão-L3). Investigamos, neste estudo, os diferentes padrões de produção de Voice Onset Time (VOT) das plosivas surdas (bilabiais, alveolares e velares) em posição inicial de palavra nas línguas referidas. Os resultados encontrados sugerem a ocorrência de atrito linguístico mesmo em um ambiente onde a L2 ou a L3 não é dominante, além de trazerem evidências sobre a multidirecionalidade da transferência linguística e a importância da tipologia no desenvolvimento de línguas adicionais, de modo a ressaltar o seu caráter dinâmico.
Este estudo baseia-se nas premissas da Teoria dos Sistemas Dinâmicos Complexos (TSDC) e apresenta uma análise de processo (LOWIE; VERSPOOR, 2015; 2019) do desenvolvimento do padrão de Voice Onset Time (VOT) positivo do Inglês-L2, considerando-se a trajetória individual de cinco falantes nativos do português brasileiro durante o período de 12 semanas, com coletas semanais. Entre as semanas 4 e 9, uma intervenção pedagógica foi realizada por meio de seis aulas de instrução explícita sobre aspectos fonético-fonológicos da língua inglesa. Análises de change-point (TAYLOR, 2000) indicaram mudanças de fase no desenvolvimento com aumento da duração de VOT, fornecendo material teórico e empírico que contribui para a visão da língua como um SDC.
Neste estudo, investigamos a ocorrência de atrito de L1 entre aprendizes argentinos de inglês (L2) residentes em seu país de origem, o que constitui um ambiente dominante em L1. Analisamos a produção do VOT em plosivas iniciais de palavras em espanhol L1 de participantes monolíngües e bilíngües. Realizamos uma análise inferencial e uma verificação individual da produção de cada participante, que se mostrou complementar. Nossos resultados sugerem que não somente a L2 é afetada pela L1, mas também a L1 pode ser modificada em vista do contato com outros idiomas.
À luz de uma visão de língua como um Sistema Dinâmico Complexo (VERSPOOR; DE BOT; LOWIE, 2011, entre outros), entende-se que mudanças em um subcomponente do sistema linguístico podem acarretar mudanças nos outros elementos e também no sistema como um todo. O presente estudo investiga as mudanças nos padrões de produção de Voice Onset Time do subsistema de Inglês-L2 e suas implicações no subsistema de Francês-L3 de cinco aprendizes brasileiros de Inglês-L2 e Francês-L3 como línguas adicionais. Esse estudo longitudinal foi conduzido no decorrer de 3 meses (12 pontos de coleta) e contou com uma intervenção de seis sessões de instrução fonética em Inglês-L2 entre as semanas 4 e 9. Análises de correlações móveis (moving correlations) (cf. VERSPOOR; VAN DIJK, 2011) em janelas móveis de 7 e 3 pontos trazem insumos empíricos acerca da inter-relação das línguas adicionais num contexto multilíngue.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.