O objetivo deste artigo é analisar a relação recente entre P&D e produtividade da indústria de saúde humana no mundo. Para isso, utilizou-se uma ampla base de dados com 1.269 empresas de capital aberto de vários países entre 2011 e 2018. Utilizou-se técnicas econométrica de regressões quantílicas e painel dinâmico estimados pelo Método dos Momentos Generalizados (GMM). Em todos os testes estatísticos analisados, os resultados mostraram que a relação entre P&D e produtividade é positiva e estatisticamente significativa. Os resultados mostraram também que a relação entre P&D e produtividade na indústria de saúde humana é ainda maior nas grandes empresas sediadas na Ásia relativamente às pequenas empresas sediadas em outras regiões. Foi possível verificar que o gasto em P&D possui um efeito marginal crescente com relação a produtividade, ou seja, quanto mais produtiva é a empresa, maior é o impacto do gasto em P&D.
Este documento refere-se aos resultados da análise empírica da indústria de celulose e papel no Brasil, que integra um dos setores industriais do projeto de pesquisa intitulado “Acumulação de capacidades tecnológicas e fortalecimento da competitividade industrial no Brasil: análise empírica e recomendações práticas para políticas públicas e estratégias empresariais”, cujo objetivo é examinar como a acumulação de capacidades tecnológicas inovadoras, em nível de empresas e setores industriais, pode contribuir para fortalecer a competitividade industrial do país.A escolha da indústria de celulose e papel justifica-se pela sua importância comercial e tecnológica na indústria brasileira. Do ponto de vista comercial, o Brasil é atualmente um dos maiores produtores de celulose e papel e o maior exportador de celulose do mundo. Do ponto de vista tecnológico, a mesma indústria tem apresentado novas oportunidades de inovação e diversificação, como, por exemplo, em energia renovável, biotecnologia e nanotecnologia.A pesquisa contou com evidências primárias obtidas por meio de entrevistas e aplicação de questionários a diretores e gestores de empresas produtoras de celulose e papel e da realização de um workshop com vários agentes da indústria (empresários, fornecedores, consultores, pesquisadores de institutos de pesquisa e universidades e representantes de órgãos governamentais). Foram analisadas evidências qualitativas e quantitativas mediante testes estatísticos, ao longo de 2003 a 2014. A pesquisa contou com a adesão de 15 empresas de celulose e papel, que representaram, aproximadamente, 76% da produção de celulose e 50% da produção de papel no Brasil em 2014.Foram identificadas pela pesquisa significativas diferenças entre as empresas dessa indústria no Brasil. Mais especificamente, foram encontradas diferenças não só entre as empresas, mas também dentro delas (em relação às suas áreas tecnológicas florestal e industrial). Ainda, as empresas brasileiras do ramo apresentaram níveis e padrões altos de capacidade tecnológica na área florestal, traduzido, principalmente, pelo seu avanço em tecnologias florestais de melhoramento genético e produtividade do eucalipto. No entanto, tal fato ainda não influenciou, de forma mais contundente, uma busca por novas oportunidades tecnológicas industriais e de diversificação para além da venda da commodity celulose e de novos tipos de papel.Os resultados da pesquisa também sugerem que as diferenças entre as empresas pesquisadas em termos de acumulação de capacidades tecnológicas fizeram-se valer a partir de diversas fontes de mecanismos de aprendizagem intra e interorganizacionais. Por exemplo, empresas pertencentes a um padrão mais elevado de capacidades tecnológicas apresentaram mais do que o dobro da incidência de parcerias com universidades e institutos de pesquisa, fornecedores e consultores do que empresas de padrão menos elevado de capacidades tecnológicas. Essas parcerias envolveram interações não apenas de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), como também de menor complexidade tecnológica, como assistência técnica e treinamento técnico com parceiros. Por fim, as evidências revelam que empresas pertencentes a padrões mais elevados de capacidades tecnológicas apresentaram medidas maiores de desempenho competitivo, como produtividade do trabalho e inserção internacional. Esses resultados contribuem para a análise da relação entre inovação e crescimento econômico e inspiram recomendações práticas para os agentes da indústria de celulose e papel e para formulação de políticas públicas destinadas ao fortalecimento da competitividade no Brasil. Destaca-se, sobretudo, a necessidade de formação e fortalecimento de uma perspectiva sistêmica e colaborativa de inovação que apoie a indústria de celulose e papel, em que as empresas estabeleçam vínculos contínuos com os demais agentes do sistema. Esta é uma fonte fundamental para a evolução e sustentação de capacidades tecnológicas e seu consequente desempenho competitivo.
O desenvolvimento industrial e tecnológico é um dos fatores decisivos para que os países avancem para a categoria de alta renda per capita. Não se trata de uma panaceia, mas a história ensina que nações que se desenvolveram industrialmente, por meio da acumulação de capacidades tecnológicas para inovação, também obtiveram significativo desenvolvimento socioeconômico. Tornaram-se países de alta renda, transformaram-se em líderes no mercado global e em fornecedores de tecnologia para vários tipos de indústria 2 .Nesse sentido, este documento é parte integrante de um projeto de pesquisa mais amplo sobre o tema da acumulação de capacidades tecnológicas e competitividade industrial no Brasil, que examinou alguns setores industriais, entre eles o sucroenergético 3 .
Os resultados da análise empírica da indústria sucroenergética brasileira são apresentados neste documento do projeto de pesquisa intitulado “Acumulação de Capacidades Tecnológicas e Fortalecimento da Competitividade Industrial no Brasil: Análise Empírica e Recomendações Práticas para Políticas Públicas e Estratégias Empresariais”. Neste estudo, o objetivo foi analisar como a acumulação de capacidades tecnológicas em nível de empresas produtoras da indústria sucroenergética contribuiu para o fortalecimento da competitividade industrial do Brasil, no período de 2003 a 2014.A pesquisa contou com evidências primárias obtidas por meio de entrevistas e aplicação de questionários a diretores e gestores de empresas produtoras e da realização de um workshop com vários agentes da indústria (empresários, fornecedores, consultores, pesquisadores de institutos de pesquisa e universidades e representantes de órgãos governamentais). Os questionários enviados classificam-se em três conjuntos de informações/dados que buscaram captar das empresas produtoras, quais sejam: (i) atividades tecnológicas executadas pelas empresas nas áreas de feedstock, processos agrícolas e processos industriais, de modo a mensurar sua acumulação de capacidades tecnológicas na escala de níveis de capacidade inovadora utilizada; (ii) caracterização e desempenho competitivo das empresas, para a mensuração de variáveis de desempenho competitivo, que foi avaliado em termos de produtividade do trabalho e proporção das receitas obtidas com exportação; (iii) questionários de mecanismos de aprendizagem intra e interorganizacionais (internos e externos, respectivamente), os quais buscaram mensurar os tipos de mecanismo utilizados pelas empresas, tipos de parceria e tipos distintos de resultado que pudessem influenciar a acumulação de níveis de capacidade tecnológica. Os procedimentos da pesquisa pautaram-se em uma análise qualitativa e outra estatística, por meio da utilização de inferências estatísticas na busca por correlações e possíveis causalidades entre as variáveis das três etapas de análise.A amostra desta pesquisa contou 15 empresas da indústria sucroenergética, que representam – considerando o ranking da Única com 67 empresas para 2014 – 42% da capacidade de moagem dessa indústria. Quanto aos volumes de produção, essas 15 empresas respondem por 41% da produção de etanol (anidro e hidratado), 36% da produção de açúcar por dia e 47% da cogeração de energia elétrica. Esta pesquisa justifica-se pela posição de destaque do setor na indústria brasileira: o açúcar está entre os dez produtos mais exportados pelo Brasil, tendo representado cerca de 4,5% das exportações brasileiras em 2014; a indústria gera mais de 1,2 milhão de empregos diretos, com criação de renda na casa dos R$ 48 bilhões; e, em 2014, gerou R$ 107,87 bilhões para a economia nacional.Os principais resultados apontam para a variabilidade das empresas produtoras da indústria sucroenergética na acumulação de capacidades tecnológicas. Essa variabilidade foi também observada entre as áreas tecnológicas; por exemplo, na área de processos industriais, todas as empresas produtoras passaram para capacidade inovadora, o que não ocorreu nas áreas de feedstock e processosagrícolas. Os mecanismos interorganizacionais de aprendizagem foram as fontes que melhor explicaram essa variabilidade, isto é, quanto mais capacidades tecnológicas as empresas acumularam, maior foi sua frequência de uso desses mecanismos, bem como a frequência de resultados de maior complexidade tecnológica gerados. Os resultados mostram, ainda, que acumular mais capacidades tecnológicas em processos agrícolas representa maior produtividade no trabalho para as empresas produtoras, assim como maiores proporções de receitas obtidas com exportações.O texto de discussão ora apresentado também objetiva, a partir de suas contribuições metodológicas, servir de base para outras instituições procederem ao exame dos diferentes impactos da acumulação de capacidades tecnológicas na competitividade entre os setores industriais da economia. Diferentes tipos de organização podem aplicar as contribuições metodológicas aqui apresentadas e discutidas para o aprimoramento do processo de gestão da inovação orientado à competitividade.
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