Resumo: A pesquisa discute as proposições de ensino da oralidade presentes em duas coleções de livros didáticos de língua portuguesa (doravante C1 e C2) destinadas aos anos iniciais de escolarização (1ª ao 5ºanos). Visa compreender de que forma o livro didático, enquanto suporte para o ensino-aprendizagem, contribui para o trato do oral, objeto didático em busca de afirmação nas práticas cotidianas dos professores (MARCUSCHI, 2008; MARTINS; 2012). Subsidiamos a discussão teórica à luz da noção de língua como interação (BAKHTIN, 1992) e da noção de oralidade enquanto prática social interativa para fins comunicativos (MARCUSCHI, 2001; SCHNEUWLY e DOLZ, 2004). No trato metodológico, destacamos um conjunto de atividades recorrentes ao longo do projeto didático das obras, cujo objetivo anunciado encaminhava-se para ensinar a oralidade. Estruturamos a análise a partir de uma dimensão qualitativa de pesquisa (MINAYO, 1994) agrupando os dados nas categorias 1) Ensino do Gênero Oral e 2) Ensino da Relação Fala-Escrita. Os resultados demonstram que as coleções favorecem a reflexão sobre a oralidade através de gêneros textuais pertinentes ao trabalho com o referido eixo; contudo, as atividades se concentram em explorar a oralidade no espaço escolar, sem refletir sobre o seu uso em ambiente real de produção. No âmbito da relação fala-escrita, as coleções apresentam perfis diferenciados de compreensão, enquanto a C1 aborda as modalidades na dimensão do contínuo tipológico dos gêneros textuais, a C2 polariza seu olhar e assume uma perspectiva dicotômica. Essa realidade pode ser caracterizada pela incipiência do cenário teórico-metodológico na exploração do referido objeto de ensino. Palavras-chave: Livros didáticos de língua portuguesa. Gêneros textuais orais. Ensino da oralidade. Relação fala-escrita
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