Materialismo dialético, luta de classes e insights filosóficos sobre a educação a partir de Slavoj Žižek Resumo: O artigo aborda a concepção de luta de classes no atual cenário histórico, político e social. O dogma das democracias ocidentais sugere que vivemos numa era pós-ideológica. Isso implica que não há mais espaço para a ideia de luta de classes. Contudo, segundo Žižek, é esse discurso que deve ser enquadrado no campo ideológico. Žižek retoma o conceito de materialismo dialético a fim de demonstrar a contradição interna ao campo ideológico de nossa sociedade dita pós-ideológica. Nesse momento, o conceito de luta de classes retorna à cena. A luta de classes não consiste num antagonismo entre dois polos num espaço comum, mas na fissura inerente ao próprio espaço. Para desenvolver o tema, cabe, antes, abordar o conceito de materialismo teológico de Walter Benjamin, que fundamenta, substancialmente, o conceito de materialismo dialético de Žižek. Importante, igualmente, retomar uma reflexão sobre o conceito de pulsão de morte em Freud, já que tal conceito exprime exatamente a fissura interna à realidade que condiciona a luta de classes. Convém, ademais, compreender como a ideia de educação pode ser pensada a partir da contradição que mobiliza a luta de classes.Palavras-chaves: Materialismo dialético. Luta de classes. Ideologia. Educação. Dialetic materialism, class struggle and philosophical insights on education from Slavoj Žižek Abstract: The article discusses the concept of class struggle in the current historical, political and social scenario. The dogma of Western democracies suggests that we live in a post-ideological era. This implies that there is no longer any room for the idea of class struggle. However, according to Žižek, it is this discourse that must be framed in the ideological domain. Žižek takes up the concept of dialectical materialism in order to demonstrate the internal contradiction to the ideological field of our so-called post-ideological society. At this point, the concept of class struggle returns to the scene. The class struggle does not consist of an antagonism between two poles in a common space, but in the fissure inherent in the space itself. To develop the theme, it is first necessary to approach Walter Benjamin's concept of theological materialism, which substantially supports Žižek's concept of dialectical materialism. It is also important to resume a reflection on the concept of the death instinct in Freud, because this concept expresses exactly the internal fissure in reality which conditions the class struggle. In addition, it is important to understand how the idea of education can be thought of from the contradiction that mobilizes the class struggle.Keywords: Dialectical materialism. Class struggle. Ideology. Education. Matérialisme dialetique, lutte de classe et insights philosophiques sur l'éducation de Slavoj Zižek Résumé: L'article aborde le concept de lutte des classes dans le scénario historique, politique et social actuel. Le dogme des démocraties Occidentales sugère que nous vivons à une époque post-idéologique. Cela implique qu'il n'y a plus de place pour l'idée de lutte de classe. Cependant, selon Žižek, c'est ce discours qui doit être cadré dans le domaine idéologique. Žižek reprend le concept de matérialisme dialectique afin de démontrer la contradiction interne au champ idéologique de notre soi-disant société post-idéologique. À ce moment, le concept de lutte des classes revient sur la scène. La lutte des classes ne consiste pas en un antagonisme entre deux pôles dans un espace commun, mais dans la fissure inhérente à l'espace lui-même. Pour développer le thème, il est d'abord nécessaire d'approcher le concept de matérialisme théologique de Walter Benjamin, qui étaye substantiellement le concept de matérialisme dialectique de Žižek. Il est également important de reprendre une réflexion sur le concept d'instinct de mort chez Freud, car ce concept exprime exactement la fissure interne à la réalité qui conditionne la lutte des classes. En outre, il est important de comprendre comment l'idée de l'éducation peut être pensée à partir de la contradiction qui mobilise la lutte des classes.Mots-clés: Matérialisme dialectique. Lutte des classes. Idéologie. Éducation. Data de registro: 09/02/2020Data de aceite: 28/08/2020
Resumo: O presente texto aborda tema da liberdade no pensamento de Slavoj Zizek. Defende-se que, por trás do mosaico que se apresenta o pensamento do filósofo, tratando dos mais diversos temas sob as mais variadas teorias filosóficas, a preocupação de Zizek é uma só, a saber, como (re)pensar a questão da liberdade humana, conduzindo ao extremo o aspecto da finitude pós-reviravolta copernicana. Em outros termos, a proposta é basicamente radicalizar o tema da liberdade em uma base materialista, levando ao limite o esquema transcendental de Kant. Para isso, propõe-se debater o tema em quatro linhas discursivas: ciência, ontologia, subjetividade e política emancipatória. Palavras-chave: Liberdade. Finitude. Materialismo dialético. Abstract:The present text addresses the theme of freedom in the thought of Slavoj Zizek. It is argued that, behind the mosaic of the philosopher's thought, dealing with the most diverse subjects under the most varied philosophical theories, Zizek's concern is only one, namely how to (re) think the question of human freedom, leading to the extreme the aspect of Copernican post-twisting finitude. In other words, the proposal is basically to radicalize the theme of freedom on a materialistic basis, pushing Kant's transcendental scheme to the limit. For this, it is proposed to discuss the theme in four discursive lines: science, ontology, subjectivity and emancipatory politics. Key words: Freedom. Finitude. Dialectical Materialism. Samba de uma nota só...Tornou-se lugar-comum entre os críticos de Zizek ressaltar -não raro com um toque de sarcasmo -a excessiva prolixidade de seus escritos. Basta ver, por exemplo, a crítica de John Gray (2013) endereçada a ele em As visões violentas de Zizek, onde ele diz: "interpretar Zizek nesta questão ou em qualquer outra tem suas dificuldades.Primeiro existe a sua prolixidade excessiva, a torrente de textos que ninguém poderia ler na sua totalidade, mesmo porque ela nunca para de jorrar...". O fato é que o esloveno provoca uma estupefação geral na comunidade de leitores quando se trata de sua -para utilizar esses termos -incontinência intelectual, manifestada tanto no volume excessivo de sua produção bibliográfica, quanto na vasta e diversificada área temática que ele aborda num só fôlego. Digamos que, numa perspectiva horizontal, Zizek é capaz de articular, numa fusão impressionante, desde assuntos de caráter mais laico, como cultura popular, ciência e política, até o sumo da metafísica e da teologia cristã, saltando de um para o outro com extrema destreza. E para dificultar ainda mais, todos esses tópicos são sempre atravessados verticalmente por duas matrizes teóricas fundamentais: a dialética 1 Doutor em Educação -FACED -na área de filosofia, política e educação. Possui mestrado em Filosofia pelo programa Erasmus Mundus Europhilosophie (2010) nas respectivas Universidades:
O presente texto desenvolve o conceito de materialismo dialético no pensamento de Slavoj Žižek radicalizando o aspecto da finitude humana em finitude ontológica. Para Žižek, isso corresponde à passagem de Kant a Hegel. Se, para Kant, a finitude está restrita à finitude humana mediada pelos limites transcendentais da razão pura, em Hegel essa finitude é transferida para a esfera ontológica. Nesse sentido, é preciso conceber as antinomias kantianas não como uma condição da própria subjetividade finita – no momento em que esta lida com o caráter dialético da razão – mas como uma limitação da própria realidade em si. Por essa razão, Žižek tende a se afastar da leitura idealista de Hegel para trazer à tona seu lado materialista – oculto ao olhar de uma certa tradição. Assim, o propósito da filosofia hegeliana, de acordo com Žižek, não consiste em superar Kant, mas apenas radicalizá-lo por meio de uma torção dialética puramente formal.
Resumo:O preferiria melhor não de Bartleby, essa recusa insistente e compulsiva, faz do personagem um verdadeiro revolucionário. Esta rejeição disciplinar não é uma resistência estetizante que o mantém puro e afastado do jogo burocrático; jogo que contamina o ambiente com transações corruptas etc. Esta rejeição expressa um gesto puro e vazio que, em vez de permanecer imaculado, é ele que contamina o sistema em questão. Bartleby é revolucionário porque sua violência reside, não no espaço interno da ordem estabelecida, mas sim na Lei que determina a coerência interna do sistema. O presente trabalho pretende mostrar como é possível reverter a lógica dominante do mundo pós-ideológico por um gesto similar à rejeição bartleblyniana proposta por Zizek.Palavras chaves: Pós-modernismo, Bartleby, Ato político Abstract:Bartleby's I would prefer not to, an insistent and compulsive refusal, makes the character a true revolutionary. This disciplinary denial is not an aestheticizing resistance that keeps him pure and away from the bureaucratic game that contaminates the environment with corrupted transactions etc. This rejection expresses a pure and empty gesture which instead of remain immaculate contaminates the system in question. Bartleby is revolutionary because his violence lies not in the internal space of the established order, but in the law which determines the internal coherence of the system. The present work aims at showing how it is possible to reverse the dominant logic of the post-ideological world for a gesture which is similar to the bartleblyan rejection proposed by Zizek.Keywords: Postmodernism, Bartleby, Political act. IntroduçãoA década de noventa foi um período extremamente fértil para que pensadores em geral ensaiassem modelos teóricos capazes de não apenas compreender, mas acima de tudo prever as direções de novas formas políticas com as quais o mundo teria de lidar num futuro próximo. A causa óbvia disto era o momento crucial que a história 1 Doutorando em Educação pela Universidade Federal do Ceará (UFC), vinculado ao eixo Filosofia,
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