Falar em Educação Ambiental é pensar numa complexidade de temas, objetivos e contextos. No ano de 2011, por ocasião do VI Encontro de Pesquisa em Educação Ambiental (EPEA), ocorrido em Ribeirão Preto, SP, um grupo com representantes de boa parte do Brasil tomou para si a discussão da EA em diferentes contextos. Aqui apresentamos um recorte das reflexões ocorridas no Grupo de Discussão de Pesquisa, o qual inclui a problematização e alguns exemplos de atividades relativas ao processo de Educação Ambiental em contextos não escolares. O texto mostra que vivências com e na natureza podem contribuir afetiva e cognitivamente para que haja maior respeito e cuidado para com o ambiente.
Palavras-chave: Unidades de conservação. Desafios. Gestão. INTRODUÇÃODecretar determinadas porções territoriais nacionais como unidade de conservação não basta para protegê-las, pois é notável que essas áreas continuam sofrendo diversas ameaças à sua biodiversidade, por isso existe a "necessidade de aprimorar a gestão ou manejo dessas unidades para que elas possam cumprir a missão para a qual foram criadas" (ARAUJO, 2012, p.191).Há a necessidade de se estabelecer um suporte adequado para a gestão das unidades de conservação, a qual está vinculada a diversos aspectos técnicos, políticos e econômicos tais como planejamento, capacidade institucional, conhecimentos gerados e disponíveis, aspectos legais, programas de desenvolvimento regional e educação ambiental, entre outros, para que assim os objetivos de uma unidade de conservação de se garantir a preservação da diversidade biologia, promover o desenvolvimento sustentável e proteger as comunidades tradicionais e suas culturas sejam alcançados e que o uso público dessas áreas de forma responsável traga o aumento do fluxo de visitantes, e, consequentemente, as pessoas passem a valorizar as belezas naturais brasileiras, de modo a compreender sua importância para a humanidade.
As Unidades de Conservação são consideradas espaços territoriais que instituídos pelo poder público tem por principal objetivo a proteção dos recursos naturais. Em função da manutenção de suas áreas conservadas, as Unidades de Conservação representam espaços propícios para a pesquisa científica, o uso sustentável e para as diferentes formas de lazer e turismo em contato com a natureza. A partir desse contexto, vislumbra-se a visitação em Unidades de Conservação como um importante instrumento para a conservação da natureza desses espaços, em função do incremento econômico, do investimento em pesquisas, do desenvolvimento de compreensões sobre as formas de vida e seus ciclos vitais, e dos hábitos e costumes das populações tradicionais, além do fomento de atividades turístico-recreativas. Pressupondo que o contato com a natureza possibilita a ampliação da consciência ambiental dos indivíduos sobre a atual situação de degradação dos recursos naturais e de suas potenciais formas de utilização pela sociedade, evidencia-se a importância da realização de atividades de Educação Ambiental atreladas à visitação / uso público de Unidades de Conservação. Assim, essa pesquisa teve por objetivos caracterizar e analisar a técnica do ‘Aprendizado Sequencial’ enquanto uma possível proposta metodológica de Educação Ambiental, a ser implantada e desenvolvida para o uso público em Unidades de Conservação. Para tanto, adotaram-se como procedimentos metodológicos o método indutivo com abordagem qualitativa, as técnicas de pesquisa bibliográfica, documental e de observação assistemática para coleta e análise dos dados. Por fim, a proposta metodológica desenvolvida pela técnica do aprendizado sequencial possibilita ao indivíduo aprender e desenvolver características de transformação interior, baseadas na afetividade e na experiência direta com a natureza, que elucidam os valores necessários para uma efetiva conservação da natureza, auxiliando assim, o planejamento e o manejo do uso público nas Unidades de Conservação.
Tratar de educação ambiental no contexto da visitação em unidades de conservação, especificamente na categoria parques, requer a consideração da existência no plano de manejo de um programa de uso público que atenda a visitação pública, tanto voltada ao lazer, ao turismo ou às atividades educativas não-formais. Considerando a importância de conservação da natureza, prioritariamente no extremo oeste do Estado de São Paulo, aonde se localiza o Parque Estadual do Morro do Diabo, um dos últimos remanescentes de floresta de Mata Atlântica da região, tem-se a possibilidade de reflexão acerca dos diferentes meios para prover o uso público e a conservação deste espaço. Em geral, a visitação em parques compreende o contato/contemplação livre e/ou mediada do visitante com a natureza, oferecendo oportunidades para vislumbrar o potencial educativo e transformador de atividades de educação não-formal e ao ar livre nesse processo de visitação - escolar ou turística. O objetivo desta pesquisa foi analisar junto aos colaboradores do Parque Estadual Morro do Diabo (PEMD) o processo de planejamento e a realização de atividades de educação ambiental no contexto da visitação recreativa ou educativa. Para tanto, adotaram-se como procedimentos metodológicos os métodos dedutivo e monográfico/estudo de caso, primando pela abordagem qualitativa de pesquisa. Para a coleta e tabulação de dados foram utilizadas as técnicas de pesquisa bibliográfica, documental, de observação assistemática e de entrevista, realizada a partir da técnica do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC), por meio da qual foram identificadas as expressões-chaves (ECHs) e selecionadas as idéias centras (ICs) dos discursos provenientes dos colaboradores envolvidos com o programa de uso público do parque. Como resultados de pesquisa indicam-se a existência de subprogramas de educação ambiental e de interpretação da natureza inseridos no programa de uso público do parque. Os discursos provenientes da gestão do parque revelam timidamente o processo pelo qual ocorre o planejamento e a realização da educação ambiental junto aos diferentes públicos visitantes. Os colaboradores que executam e conduzem os grupos de visitantes – turistas ou escolares – revelam que o planejamento da educação ambiental a ser desenvolvida em caminhadas guiadas pelas trilhas existentes, ocorre, principalmente com os grupos escolares, de acordo com o interesse do visitante, sendo que este precisa evidenciar o tema o qual prefere ou necessita que seja abordado, já com o público esporádico - recreação ou turismo - não foi possível constatar um processo de planejamento, muito menos de execução de educação ambiental, apenas a condução dos mesmos pelas trilhas ou ainda com algumas exceções há uma abordagem tradicional ao público, ou seja, a mesma realizada com o público escolar ou ainda o uso habitual de tratar oralmente sobre a importância de se cuidar do meio ambiente. Desse modo, concluiu-se que, assim como em boa parte das unidades de conservação que permitem a visitação, inclusive os parques, as atividades de educação ambiental, mesmo previstas no plano de manejo não decorrem de um processo de educação não-formal sistematicamente definido, o que sugere a dificuldade de alcançar o real potencial educativo e transformador que possui as atividades de educação ambiental.
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