Resumo Este artigo trata da venda de rua senegalesa na cidade de Santa Maria (Rio Grande do Sul, Brasil), procurando responder à seguinte questão: “como a produção de espaços de venda pelos senegaleses de Santa Maria contribui para a sua inserção no comércio de rua da cidade?”. Por meio de uma etnografia desenvolvida entre 2016 e 2017, propomos que a produção de espaços de venda por esses imigrantes constitui de uma prática cotidiana que os representa positivamente nas interações com a clientela e os diferencia etnicamente de outros vendedores de rua que ocupam o mesmo espaço social.
Este artigo trata de discursos recentes sobre a venda de rua senegalesa na cidade de Porto Alegre (RS). O objetivo é descrever como tal presença pública e irregular é situada por diferentes atores sociais cotidianos em um ordenamento específico entre classificações de nacionalidade, raça e classe. Para além de uma matéria jornalística representativa, o universo empírico investigado é formado por vivências etnográficas em observação participante e conversas informais com vendedores de rua senegaleses, integrantes da Associação dos Senegaleses de Porto Alegre, e habitués das calçadas em que trabalham os imigrantes informais. Em suma, no contexto analisado, proponho que a presença senegalesa no comércio de rua é comumente narrada como sintoma e causa naturais da ilicitude do ofício na cidade, um epifenômeno da economia informal cuja essência obscura, fechada e irresponsável é comparada a desses imigrantes negros vítimas individualizadas e, paralelamente, agentes de algo que escondem.
Este artigo trata da venda de rua senegalesa em Santa Maria (RS, Brasil), procurando responder à seguinte pergunta: de que forma os vendedores de rua senegaleses estabelecidos em Santa Maria lidam com a constante perspectiva de perda de mercadorias frente às ações da fiscalização municipal?. Partindo de uma pesquisa etnográfica desenvolvida entre agosto de 2016 e dezembro de 2017, procuramos perseguir dois objetivos principais: (i) descrever o aprendizado da investigação empírica na identificação e interpretação social e histórica do fenômeno considerado; (ii) descrever a relação corporal estabelecida por tais senegaleses com a materialidade urbana presente em seus espaços de trabalho irregular. Propomos que a forma prática pela qual os senegaleses concebiam tal materialidade urbana constituía o que chamamos de “saber estar”, um conjunto de conhecimentos políticos de vigilância, antecipação, evasão e precaução dispendidos a fim de evitar a apreensão de mercadorias pelos fiscais públicos.
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