O espraiamento urbano é um fenômeno comum nas metrópoles brasileiras. A população de alta renda conduz um processo de autossegregação socioespacial que, combinado à periferização de segmentos de baixa renda, tem contribuído para o agravamento da problemática das desigualdades na acessibilidade às atividades urbanas. Esta pesquisa exploratória buscou investigar os efeitos do espraiamento residencial urbano sobre os níveis de acessibilidade às oportunidades de emprego em Fortaleza, e como esses efeitos impactam de forma desigual os distintos grupos socioeconômicos. Para tanto, propôs-se uma representação conceitual dessa problemática e sua caracterização a partir da definição e territorialização de indicadores agregados de uso do solo e de acessibilidade aos postos de trabalho. Os resultados apontam processos de descentralização distintos por grupo de renda, com distribuições desiguais e não equânimes do acesso às oportunidades de empregos, configurando Fortaleza como uma produção de duas cidades díspares e segregadas, a dos ricos e a dos pobres.
A expansão urbana por meio da segregação socioespacial involuntária, quando concomitante a um processo de concentração de empregos, afeta negativamente a acessibilidade ao trabalho de certos grupos populacionais. O segmento mais impactado é a população de baixa renda, pois está sujeita a restrições socioeconômicas que a impedem de residir nas regiões mais acessíveis aos empregos. Fortaleza é exemplo dessa problemática, com a maioria da população de baixa renda residindo nas regiões a oeste da cidade, distantes da maior oferta de postos de trabalho na região Central. Para uma melhor compreensão dessa problemática, este trabalho propõe um método de caracterização e diagnóstico para avaliar a magnitude dos problemas e suas mútuas dependências. Para isto, fez-se uso da modelagem integrada na obtenção de indicadores, aplicando-se então ferramentas de análise espacial exploratória em áreas que permitiram a verificação de evidências das intra e inter-relações nos subsistemas de uso do solo e transportes, corroborando a hipótese de causalidade dos efeitos da periferização da população de baixa renda sobre seus baixos níveis de acessibilidade aos empregos ofertados em Fortaleza.
RESUMOEste ar0go tem como obje0vo principal avaliar a capacidade de modelos operacionais integrados dos transportes e uso do solo (LUTI) em representar o fenômeno urbano, como um passo inicial para ampliar o papel da modelagem no processo de planejamento urbano. Atualmente, o uso dessas ferramentas está focado apenas na fase final do planejamento, na avaliação de alterna0vas, mas podem também ser u0lizadas em suas fases mais estratégicas de compreensão da problemá0ca. Oito modelos LUTI, representantes das categorias dos modelos de interação espacial, econométricos e de microssimulação, foram avaliados quanto à sua capacidade de representar as intra e interrelações entre os subsistemas de transportes, de uso do solo e de a0vidades, considerando suas caracterís0cas de nível de agregação, aleatoriedade e dinamicidade das decisões modeladas. Verificou-se que as bases conceituais desses modelos precisam ser melhor explicitadas para tornar mais claro aos atores, planejadores e modeladores suas premissas e limitações, fazendo com que não só seus resultados, mas também seu processo de construção, com destaque para os esforços de calibração e validação, seja ú0l para uma melhor compreensão da complexa problemá0ca urbana. ABSTRACT This paper's main objec0ve is to evaluate the capability of integrated land-use transport (LUTI) opera0onal models to represent the urban phenomenon, as an ini0al step towards expanding the role of modeling in the urban planning process. Currently, the applica0on of these tools is focused only on the final stage of planning, in the evalua0on of alterna0ves, but they can also be applied in its strategic stages aiming to understand the problems. Eight LUTI models represen0ng the categories of spa0al interac0on, econometric, and microsimula0on models were assessed for their ability to represent the inner and interrela0ons of the transport, land-use and ac0vity sub-systems, considering their level of aggrega0on, randomness, and dynamics of the modeled decisions. It was found that the conceptual bases of the selected models need to be beFer explicit to make their assump0ons and limita0ons clearer to actors, planners, and modelers, turning not only their results, but also their construc0on process, especially the calibra0on and valida0on efforts, into useful tools for a beFer understanding of complex urban problems. Palavras-chaves:Modelagem Integrada, Modelos LUTI, Planejamento Integrado, Agregação, Aleatoriedade, Dinamicidade.
Os problemas oriundos da mobilidade urbana estão relacionados ao crescimento acelerado e não planejado das cidades, à distribuição espacial das atividades, ao crescimento expressivo do uso do automóvel, as deficiências do transporte público e a ocorrência de impactos negativos nos âmbitos sociais e ambientais, tendo como um dos principais impactos a concentração de NO2. Dessa forma, o presente trabalho tem por objetivo avaliar a influência dos fatores (gabarito das edificações, uso do solo e volume de tráfego) nas concentrações de NO2. Para tal, a complexidade do uso do solo urbano foi traduzida por meio do indicador que mede a diversidade do uso do solo urbano, entropia. As concentrações de NO2 foram medidas através de um método de amostragem passiva. Como principais resultados verificou-se que o volume de tráfego veicular aliado a elevada entropia se relacionam diretamente com as concentrações de NO2. O gabarito das edificações se relaciona com estas concentrações mas não de forma tão direta, pois tal fator pode ser suprimido pelo tráfego veicular ou influenciado por fenômenos naturais que facilitam ou não a dispersão de NO2.
Em Fortaleza, tem-se observado um crescimento das desigualdades socioespaciais na acessibilidade às oportunidades de trabalho. Não se sabe, entretanto, o impacto do mercado de trabalho informal nessas desigualdades. Portanto, o objetivo geral deste artigo é caracterizar espacialmente as diferenças nos níveis de acessibilidade ao trabalho formal e informal da população de baixa renda em Fortaleza. Inicialmente, estimou-se a distribuição espacial dos indivíduos de baixa renda e das oportunidades de empregos formais e informais direcionadas a eles. Em seguida, mensurou-se os níveis de acessibilidade a cada tipo de emprego através da seleção de um indicador que buscasse incorporar a competitividade por essas oportunidades de trabalho. Finalmente, comparou-se as diferenças observadas, buscando avaliar como essas variam sobre o território. As análises corroboraram a hipótese de que os níveis de acessibilidade aos empregos informais da população de baixa renda são relativamente melhores que aos empregos formais. Também se verificou que, dentre os empregados informalmente, os trabalhadores domésticos estão sujeitos aos piores níveis de acessibilidade.
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