Francisco Bethencourt é historiador bem conhecido do público brasileiro. A publicação, no Brasil, de seu livro História das Inquisições. Portugal, Espanha e Itália, séculos XV-XIX, a circulação de seus artigos e da importante coletânea que organizou com Kirti Chaudhuri -História da Expansão Portuguesa -, além da sua presença frequente em universidades brasileiras, propiciaram-lhe uma grande visibilidade. As conseqüências dessa recepção positiva fez-se sentir pelo número significativo de orientações de doutorandos que acolheu em Portugal, beneficiários de bolsas de pesquisa para teses de doutorado inscritas em universidades brasileiras. Com efeito, tanto a recepção de seu trabalho quanto a co-orientação de doutorandos são sinalizadores importantes do sentido das trocas entre as historiografias brasileira e portuguesa. Foi sobre esta questão, e outras mais específicas à construção do saber histórico, que Francisco Bethencourt falou à revista Topoi.
Como você definiria a sua trajetória intelectual frente aos rumos da historiografia portuguesa? O que trouxe como contribuição o trabalho que desenvolveu em diferentes instituições em Portugal, nos Estados Unidos e na França?A historiografia portuguesa, como todas as outras, está enformada por uma ideologia nacionalista que reflecte a sua utilização como quadro de referências no processo de construção do Estado contemporâneo. Durante a minha licenciatura tive que proceder a duas rupturas: a primeira, com uma identificação ingênua com os portugueses do passado, a segunda, com uma história "umbilical". No primeiro caso, verifiquei o meu desconforto face a frases correntes, que lia nos livros e ouvia nas aulas, sobre "as nossas gran-
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